30 de dez. de 2008

É a última vez que falo sobre isso... (esse ano)

De tudo que sei nesse final-de-ano é que não faço retrospectiva. Desde a grande crise (a minha, não a mundial) aprendi a viver um dia de cada vez. Sem muito planos e projetos futuros, tampouco arrependimentos passados. Apenas seguir em frente, tropeçando aqui e ali, mas seguindo sempre.

Então 2008 está acabando. Sem grandes sensações de vitórias, nem a tristeza das derrotas. Mais um ano começa. Ponto. Embora não acredite em nada dessa mitologia/simbologia que envolve a data, é quase impossível não pensar que é um ano todinho novo! Como uma folha em branco, poderei ir preenchendo-a do jeito que quiser. Se vai ser bom ou ruim, só depende de mim!

A única desvantagem é que não dá para apagar a escrita errada. Não tem liquid paper, delete, borracha que dê jeito, o erro vai junto, indefectivelmente te acompanhará para o resto dos anos que se sucederão.

Bem, como disse, nada de retrospectiva, promessas ou resoluções de ano novo, apenas desejos, não só para mim, mas para todos os que acompanham esse blog:

1) Menos spam e mais e-mails amigos na correspondência eletrônica;

2) Mais comunidades eu amo qualquer coisa e menos eu odeio a tudo e a todos!

3) Que os comentários abundem (sem trocadilhos, please, rs) nos seus blogs;

4) Que os IPs dos chatos e patrulhadores de blogs sejam auto-bloqueados;

5) Que a nova novela da Gloria Perez não detone com o universo dos blogueiros;

6) Que a nova revisão ortográfica apodreça e morra antes mesmo de se consolidar;

7) Que o Barack Obama se preocupe em governar apenas os EUA e não o restante do universo;

8) Que os cientistas descubram uma maneira de emagrecer comendo chocolate;

9) Que ganhemos R$ 1,00 para cada pessoa que diga : Você engordou, heim? 

10) E só para terminar, um nada original FELIZ 2009 para todos nós!

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A ilustração é da Criatura Marcelo Daltro feita para o meu antigo blog - A Criatura e a Moça

29 de dez. de 2008

Homem não chora

Homem não chora. Isso ele aprendeu cedo. A marca no rosto, formigando, depois que o pai dera o tapa. Forte. Enquanto dizia, baixinho, quase sussurrando: Homem não chora. E ele não chorou mais.

Nem mesmo no dia que viu o amigo morto. Caixão cheio de flores branquinhas. Escondendo o corpo atropelado do adolescente, que nem ele. Mas, morto. O pai, segurando firme nos seus ombros, avisou: Homem não sente dor.

E ele que tinha um tique-taque no peito. Uma coisa qualquer que machucava tanto. Engoliu aquela dor que o invadia e aprendeu mais uma lição.

E assim cresceu, sem lágrimas ou dores. Levava porrada e revidava do mesmo jeito. Assim como o pai ensinara. E a vida se desenrolava solitariamente ao seu lado.

Casou jovem. Embora não soubesse bem porque. Uma transa imprudente e a namoradinha grávida impuseram a situação. A mão do pai, dura, quente, forte, mais uma vez encontrou seu rosto. Na frente do outro pai. Da menina. Vai casar, eu estou falando! E ele casou.

Acompanhava o crescimento da filha. De longe. Embora tão perto. Sem afagos, sem carinhos, sem a alegria das pequenas descobertas. Um dia, longe, quando o pai já havia partido para outros paradeiros. A mulher também se foi. Sem aviso, mala na porta, tô indo. E foi.

Ele ficou, sozinho na casa grande. Sem muitos confortos. Nem tv, nem música, tampouco livros, como antes fora a casa do seu pai. Numa noite, o peito explodiu. Foi parar no hospital.

Os médicos dizendo: Infarto fulminante, mas ele, ali, carregado de tubos, sabia que não fora o coração, fora o sentimento represado dentro dele, que achara finalmente a saída.

26 de dez. de 2008

Correspondência Secreta


Eu tinha que escrever para você. Tinha que te dizer que esse Natal foi quase tão mágico como aqueles que tínhamos quando crianças. Sabe, quando terminava a ceia e tínhamos a autorização para rodar nas casas da vizinhança, ganhando presente aqui, comendo uma rabanada ali... 

Fazia tempo em que eu não me sentia tão feliz nessa época. Você sabe, depois que os avôs morreram, todos os natais começaram a ficar meio cinzas. Você me conhece, o que me incomoda nessas datas é toda a hipocrisia da coisa, pessoas que se odeiam nessa data se abraçam, dizem palavras lindas umas para as outras, mas amanhã, continuarão se odiando da mesma forma! Tudo falso e tão triste. Um mar de comida à mesa e toda uma geração de famintos rondando nossas janelas. 

Foi por isso que aboli o Natal da minha vida já faz tempo. Gosto de ficar só. Rodeada apenas por aqueles que amo e que sei que me amam. Poucas pessoas, quase só eu e ele, e você, se estivesse aqui... uma comida simples, filmes na tv e uma boa sensação de paz. 

Mas esse ano, tivemos um outro participante, o que você ainda não conhece. Na verdade, já tem dois natais que ele passa conosco, mas agora, ele efetivamente começou a fazer parte. 
Com ele,  o Natal começou antes, ainda no meado de novembro, na aventura de montar a árvore e botar enfeite na porta e ensinar canções natalinas (que ele aprendeu rápido e canta no seu balbuciar, às vezes quase inteligível, quando está brincando ou na hora de dormir).

Posso dizer que desde então, todos os dias têm sido Natal. Principalmente por que ele conversa com Papai Noel quase todos os dias e passou a ficar muito preocupado em ser um bom rapaz para ganhar o presente desejado. 

A história do presente daria um outro e-mail, mas vou tentar resumir! Ele pediu um carro do Super-Homem. O problema é que os fabricantes de brinquedos não inventaram isso ainda. E olha que rodei foi loja antes de descobrir esse detalhe.

A solução escolhida por mim e marido foi usar a imaginação: compramos um carro grande, um boneco do herói e adesivos impressos e na noite de Natal o pequeno ganhou seu carro do Super-Homem. Nunca vou me esquecer da expressão de seus olhos quando ganhou o presente!

E, sabe, naquele momento tudo, tudo o que estamos passando, as dificuldades, os problemas que se amontoam aos nossos pés, tudo isso desapareceu como por encanto. 

Ele sorriu e agradeceu ao Papai Noel e nós, que há muito deixamos de acreditar em magia, quase podemos ouvir o som das renas sobre nosso telhado.

beijos,

PD

24 de dez. de 2008

HoHoHo e o Final da Promoção:

Queridos, 

A promoção foi um sucesso total, muita gente participando, torcidas organizadas, discursos emocionados, rs.  Mas, como tudo na vida, um dia se acaba e hoje é o dia de anunciar o Blog vencedor! Então, que rufem os tambores...

Primeiro, um pouco de estátistica: foram 151 votos ( 2 votos ficaram nos comentários do post anterior, mas contabilizei mesmo assim; 2 foram postos após o encerramento da votação, mas um deles foi dado simultâneamente com o encerramento - pude ver pela hora - por isso, também foi incluido; o último não, pois já tinha encerrado a promoção fazia mais de uma hora) - a propósito, alguém sabe como mudar a hora dos comentários? Pois o meu está maluco, era meia-noite e dois quando encerrei, mas nos comentários aparece nove horas! 

Então, com:

1 voto - minha querida Paola do Voto de Filha;
27 votos - A delicada Ciça (filha da Chris)  do Chris Frenzel;
55 votos - A insone Bel do Deixo Ler;
e em primeiro lugar com 61 votos - a fadinha Gigi do Arteiro Dilermando.

A notícia boa, é que  como é Natal, Papai Noel conversou comigo e decidiu que TODOS os blogs participantes irão ganhar seus objetos de desejo! Paola vai ter seu móbile de Joaninha, Ciça vai poder se divertir com o seu Leão, Bel finalmente vai dormir bem com sua máscara de dormir e a Gigi vai ganhar sua fada espiritual e como vencedora, pode escolher mais dois presentes lá no Flick!

Agradeço de coração, aos blogs participantes e aos votantes,  toda a festa que foi feita por aqui! :o))

Peço aos participantes que me enviem um e-mail: patricia.daltro@gmail.com passando informações sobre endereço de envio (não coloquem esses dados aqui, por favor!).

E para todos, FELIZ NATAL!

19 de dez. de 2008

Promoção HoHoHo - Votação:


Ajudem o Papai Noel (no caso, a ajudante dele, rs) escolher para quem vai o Kit Bicho de Pano (Três objetos do desejo (a) vencedor(a)).

Listo abaixo os blogs participantes e você vai lá, lê a cartinha deles (post Promoção HoHoHo) e volta aqui e vota no blog escolhido.
Blogs participantes (por ordem de inscrição):


1) Quer Ler, Eu Deixo;



Então, agora é com vocês, conheçam os blogs, 
leiam as cartas para Papai Noel e votem AQUI, é só deixar uma mensagem nos comentários,
 dizendo: Eu voto em ________________. 

A promoção se encerra a meia-noite do dia 23/12, quando o blog com mais votos será anunciado o vencedor.

17 de dez. de 2008

Promoção HoHoHo

Quer ganhar um kit exclusivo Bicho de Pano de Natal? Então faz assim: avisa aqui nos comentários que quer participar da promoção; amanhã listarei todos os blogs concorrentes, que deverão fazer a seguinte coisa: 

1) Entrar no meu Flick e escolher um objeto de desejo;

2) Na sexta-feira, postar (no seu blog) uma carta para o Papai Noel pedindo esse objeto; 

3) Vou fazer um post na própria sexta, listando todos os blogs participantes (que escreveram os posts);

4) Os leitores do seu blog devem vir até o A Vida sem Manual e escrever nos comentários: li o post de __________ e acho que ela/e  deve ganhar esse presente de Papai Noel.

5)  O prazo se encerra a meia-noite do dia 23/12;

6) Ganha quem tiver mais votos.

7) O prêmio é o objeto de desejo do vencedor, mais dois outros (que estejam no flick) a sua escolha.




12 de dez. de 2008

Alguém me diz?

Como é que faz para tirar da gente uma coisa tola, que parece intrinsecamente ligado aquilo que a gente é? Arrancar o que finca raízes e partir? Deixar de acreditar naquilo que sempre sonhou? 

Como é que faz para deixar de ser aquilo que só se sabe ser? Vestir-se de normal e caminhar na mesma calçada que todos. Abandonar as nuvens e começar a pensar no feijão com arroz que te dizem é isso que tem que ser.

Eu sempre fui o sonho e quer saber? É uma merda perceber que não dá para ser sonho! Ou melhor, que talvez você não seja boa o suficiente para ser sonho!

Mais uma vez o não. Mais uma vez a frustração de saber-se algo, mas que tudo em volta diz não ser!

E eu não consigo deixar de querer escrever! Eu não consigo parar de acreditar em mim como escritora. Mas, a cada vez que um grupo que se auto-intitula especialistas em literatura diz “você não é o que procuramos“ alguma coisa em mim se parte e silencia. 

E eu no fundo insisto, por que talvez, quem sabe, um dia a coisa se silencie totalmente e eu consiga finalmente calar as palavras que insistem em mim.

Um Minuto para o Comercial:

A Rossana fez uma promoção muito legal. Alias, ela é toda legal. Tem um blog com um nome que achei muito bom (tudoporumenoventaenove); Faz coisas lindas (carteiras imperdíveis e flores para colocar no cabelo tudo di bom); Recentemente lançou um outro blog com as coisas que faz, o Sweet Cherry (outro nome que gosto, rs) e como se não bastasse fez uma promoção, como eu já disse muito legal! Vou deixar que ela mesmo explique como funciona:

Meninas,
Para adoçar a vida de vocês e divulgar um pouquinho o blog, resolvi fazer uma promoção.
Funciona da seguinte forma:

Você faz um post (com foto), da Sweet Cherry no seu blog.
As pessoas que lêem o seu blog, devem vir ao blog da Sweet Cherry e deixar um recadinho informando quando e onde leu sobre a marca.
Ex: "oi, meu nome é..., eu li sobre o blog da Sweet Cherry no blog da ..., adorei blá, blá, blá.
Meu e-mail é:......."
Enviarei um e-mail de confirmação de leitura do recado para a pessoa que escreveu.
Após receber retorno, esse recado estará contando para o blog que o indicou.
Se essa pessoa que escreveu, quiser falar da Sweet Cherry no seu blog, deve seguir as mesmas regras válidas para o blog onde ela viu a postagem.
Os três blogs que trouxerem mais pessoas ao blog da Sweet Cherry ganharão um kit com vários produtos da marca.

Prêmios:

1 Lugar:
01 - Carteira de mão com flor de fuxico
01 - Bolsa xadrez
01- Arco de flor
01 - Tic Tac de flor
01 - Broche de Fuxico
01- Blusa com broche de flor de fuxico

2 Lugar:
01 - Carteira de mão com flor de fuxico
01 - Carteira pequena de mão
01 - Arco de flor
01 - Broche de fuxico

3- Lugar
01- Carteira pequena de mão
01 - Arco de flor
01 - Broche de fuxico

E ai, gostaram?

A promoção rola durante as duas primeiras semanas de Dezembro.
Ou seja, você tem tempo de sobra pra divulgar o blog.

Qualquer dúvida, é só mandar e-mail que eu respondo..
Os prêmios serão enviados pelo correio para as respectivas ganhadoras.

Rossana

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Então é o seguinte, eu poderia estar roubando no congresso, matando tempo na praça, mas estou aqui, pedindo aos leitores do blog que entrem - Sweet Cherry e digam que vieram pelo A Vida Sem Manual. ;o)

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Quer fazer uma coisa legal? 

Li no Casa da Gabi que os correios  recebem as cartas que são destinadas a Papai Noel e as disponibilizam para que algum papai noel de plantão escolha uma ou mais e dê um presente a uma criança que com certeza não teria nenhum.

Já descobri uma agência perto de casa e amanhã estou lá indo ler as cartas. Vai ser muito bom ser o Papai Noel dessa vez. ;o)

Aqui você confere que agências estão partipando.

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Ganhei um selinho da querida Lara do Pintando as Unhas, agradeço e aviso, segunda publico o selo e respondo o memê.

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E, só mais um comercial - semana que vem tem promoção HoHoHo por aqui. 

6 de dez. de 2008

Instantâneos

O cheiro da chuva anestesia vontades. A tarde se arrastando numa preguiça lagarta. O frio invadindo ânimos, insinua chocolates e conhaques.

Lábios e abraços, risos e o contorno do seu corpo na penumbra da acizentada tarde, lembram-me de que a felicidade se faz em pequenos instantes.

3 de dez. de 2008

Sugestões para um Natal Feliz!

Momento Jabá:
Ainda não sabe o que dar de Natal? Abaixo algumas sugestões, lançamentos exclusivos a preços baixinhos.
Porta-celular e chaveiro : encantam e facilitam achar o celular na bolsa, forrado com espuma, protege contra atritos.
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Carteirinhas coloridas com apliques: flores, gatinhos e borboletas para deixar sua vida mais leve. Tecido de algodão forrada com espuma - ideal para colocar cartões e documentos. 
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Chaveiros coloridos e fofos para enfeitarem bolsas e/ou não deixarem perder chaves.

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E, é claro, não podiam faltar eles, os reis da festa. Os Bicho-maçanetas, espertos e cheios de charme, não deixam sua porta fechar e alegram o dia.
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Se quiser ver mais, tem umas bolsas lindíssimas da d.Mamãe e outras coisitas mais, é só ir no Patch e Outras Coisas.

1 de dez. de 2008

Desventuras Amorosas.

m algum momento a poesia se perdeu. Podia ser nas palavras, que agora desciam em sua pele como lâminas afiadas. Podia ser nos olhares, que antes ternos, soavam agora como uma sutil ironia, eterna desconfiança nas retinas.

Ela fingia não perceber a ausência do lirismo e escondia dores no detergente. Seguia passo-a-passo na direção do abismo infinito do não-amor. Estradas alteradas, ela sabia, mas insistia na contra-mão.

E, o pior de tudo, era perceber-se cada dia mais tênue. Desaparecia. E ninguém a sua volta parecia ao menos notar. Fazia-se silêncios, mesclava-se à rotinas de marido e filhos. Engolindo em seco e tentando não olhar no espelho, pois sabia, que em algum momento, quando não houvessem mais fugas, ela olharia em busca de reflexos e veria o nada, ausência final dela mesma.

Dia Mundial do Combate a AIDS

Experiências no flash - em Homenagem ao DIA MUNDIAL DO COMBATE A AIDS, uma animação curtinha para lembrar a importância do uso da camisinha. 

E lembre-se, AIDS não vê sexo, idade, etnia, etc. É uma doença séria, hoje em dia, pode ser até controlada, mas NÃO TEM CURA! Sem camisinha? pule fora.



Update: a briga tá feia, eu X animação. Confesso que até agora ela estava vencendo, mas vamos ver se agora vai. Obrigada a galera que avisou. ;o)

27 de nov. de 2008

A Casa dos Sonhos

Se pudesse desejar algo seria uma casa,  grande o suficiente para abrigar  sonhos, que os quartos se adequessem a quantidade de amigos que precisassem de abrigo, com  janelas voltadas para o infinito e que em todos os cômodos circulasse a risada feliz do meu filho. Ah, e as  varandas, essas teriam que ser amplas suficientes, para abraçar o horizonte.

17 de nov. de 2008

Dias

Existem dias que eram melhores não terem existido. Dias que não importa se chove ou faz sol. Dias que a gente só quer o silêncio, mas não o silêncio das coisas, e sim o silêncio da alma.

Nesses dias, tudo que a gente espera é que ele passe bem rápido, para não deixar lembranças, já que seqüelas serão inevitáveis.

Existem dias que tudo que a gente queria era uma voz amiga, mesmo de um desconhecido, dias em que palavras como bom dia, boa tarde, como vai, já serviriam de acalanto. Dias que a calmaria não chega e a tempestade não se finda. Dias que o melhor seria não ter se levantado da cama, melhor ainda, não ter nascido.

Nesses dias, buscam-se certezas, mas as dúvidas se espalharam pelo chão. Dias em que a saída nunca é a mais próxima, ou a mais fácil. Dias de não, quando tudo que queríamos era um simples sim. E um simples passo é o mais pesado fardo que se tem que carregar.

Dias para serem riscados do calendário, apagado da memória... Embora a gente saiba, lá no íntimo, que dias assim, nunca serão esquecidos.

14 de nov. de 2008

Estréia "A Vigilante, Uma Comédia de Peso"



Confesso que estava com medo, muito medo (sai de mim, Regina!) da peça. Nervoso de autora iniciante, com traumas de adaptações, seja ela qual for.  Embora conhecesse os textos (Querido Diário - Patricia Daltro e Por um Mundo Diet e Uma Vida sem Dieta - Rosana Hermann)  no qual a peça foi baseada, não sabia como Raphael teria feito essa fusão, e ele fez primorosamente bem! O texto ficou leve, engraçado, gostoso de ouvir e particularmente, a atuação do Raphael como a gordinha Glorinha ficou um arraso! Figurino perfeito, integração midia (o ator interage com um telão) fantástica! Em suma, a equipe d´A Vigilante, fez um trabalho muito, muito bom!  

Adoro me sentir assim, esperando sei lá, uma máquina de lavar minimamente boa e me deparar com um Brastemp! *risos* e foi exatamente assim que me senti. Eu, e todos os presentes, que saímos da peça, alguns quilos mais leves (uê, rir emagrece, não sabia?) 

Então, se você é do Rio ou está de passagem, coloque na agenda: toda quinta - até dia 12/02/09 tem "A Vigilante, Uma Comédia de Peso" no Teatro Cândido Mendes - (+ informações no box ao lado).

E, só um pedido, se você tem blog e gostaria de divulgar a peça, agradeceria e muuuuuuito o favor.  Raphael e equipe montaram essa peça, quase na cara e na coragem (como a grande maioria das pessoas que acreditam em cultura nesse pais), por isso, se quiser ajudar, sinta-se a vontade, afinal, essa é uma peça que vale a pena ser vista!

Abaixo, fotos da querida Glorinha - o tipo da personagem que entra no coração da gente sem pedir licença.

1 de nov. de 2008

A Vigilante, Uma Comédia de Peso

Essa era a novidade que eu queria trazer para vocês. O texto "Querido Diário" foi utilizado como argumento para a peça, junto temos texto da Rosana Hermann (Querido Leitor) e do, também protagonista da peça, Raphael Miguel. A peça, que já começa engraçada no título, promete boas gargalhadas.  

A estréia é no dia 13 de novembro para convidados, e a venda de ingressos começa a partir do dia 14.

Aos amigos leitores desse blog que gostariam de ajudar a divulgar (todos sabem como é dificil trabalhar com cultura nesse país) , coloco abaixo a ficha técnica. Antecipadamente agradeço,

FICHA TÉCNICA


COM: RAPHAEL MIGUEL

DIREÇÃO:CARLOS ALEXANDRE

TEXTO:PATRICIA DALTRO, RAPHAEL MIGUEL E ROSANA HERMANN

DIREÇÃODE MOVIMENTOS E COREOGRAFIAS: SILVIA XAVIER

FIGURINO:VÂNIA MOURÃO

ASSISTENTESDE FIGURINOS: ALEXANDRA RIBEIRO E PRISCILA EMIGDIO

VISAGISMO:RITA PELLEGRINO

MODELISTA:MACOLLO DE PAIVA

ADERECISTA:ELPIDIO MARADONA

PROGRAMAÇÃOVISUAL:  MIRELLA MENDONÇA

FOTOGRAFIA:BRUNO DE LIMA

ASSESSORIADE IMPRENSA: LEANDRO BERTHOLINI

PRODUÇÃO:LUIZ PRADO

IMAGENS:JORGE BRIZZI

EDIÇÃODE IMAGENS: NATHÁLIA NOGUEIRA


27 de out. de 2008

Segunda-feira

Segunda-feira é dia de nostalgia. Mesmo com sol, reveste-se de melancolias. Dia de recomeçar. É na segunda que a gente se percebe mais velho. Que rugas antes nunca vistas parecem saltar diante de nossas retinas. Que fios brancos cansados do anonimato da henna, mesclam-se a cor de nossos cabelos.

É na segunda que a saudade da infância bate mais forte. Que as escolhas não feitas, no passado, tornam-se mais dolorosas. A gente amanhece com gosto de lembranças, a alma mais frágil. O abismo mais perto.

Segunda é dia de decisão! É o dia de começar dietas, de parar de fumar, de procurar um novo emprego. De voltar a estudar. De recomeçar aquele projeto, tantas vezes abandonado. De tentar mais uma vez. Sempre. Por que sempre tentamos mais uma vez, às segundas.

Dia de sentir um vazio no peito. Prenúncio de uma depressão que, talvez morra ao cair da noite, quando percebemos que a segunda já se foi, e que tudo que nos resta é continuar. Apostando que na próxima segunda, tudo irá ser diferente.

18 de out. de 2008

Gripe
por Patricia Daltro

A gripe chega sem aviso. Dores, cansaço e um eterno arfar. Por uns momentos me sinto heroína de épico antigo. A nuvem quente da febre quebra ânimos e destrói a criatividade. 

Vejo folhas em branco, mas não me atrevo a preenchê-las. Rolo em edredons e travesseiros. A voz me falta e sinto a ausência da infância nesta hora, onde sopas ferventes e leite queimado com canela eram melhores e mais eficazes que antigripais, cheios de cores e poderes, mas que só me trazem sonolência.

15 de out. de 2008

Band-Aid
por Patricia Daltro

 Desde criança gostava de flertar com o impossível. Desafiava os limites, pulando dos muros mais altos, das maiores árvores, nadando em águas proibidas.

Braços, pernas, cabeças, era sempre uma confusão de hematomas e fraturas. A mãe se desesperava e murmurava num vã convencimento: - Quando crescer passa..

Mas não passou. Dentro dela o impossível ainda palpita. Mas, os muros são outros, são feitas de barreiras repletas de não.

As águas mais profundas onde mergulha é o lago dos planos desfeitos. E as dores, essas são internas e não se curam com beijos e promessas de que cessam quando crescer.

Para as fraturas da alma, não há gesso que de jeito.

13 de out. de 2008

Sonho Idiotas
por Patricia Daltro

Um sonho idiota deve ficar escondido. Sempre. Sótão, porão, não importa o buraco, desde que seja um escuro, úmido e de preferência, sem ventilação. Sonhos idiotas não devem ser alimentados, nem hidratados, muito menos acarinhados ou estimulados afetivamente. Ignorar, este deve ser o tratamento dado aos sonhos idiotas.

Por sonhos idiotas, entenda-se, ideais que a gente estipula para nossa vida, normalmente nos primeiros anos de entendimento, quando começamos a perceber que somos mais que extensão da mãe ou pai. É ali, quando adultos começam a perguntar o que iremos ser quando crescer, é exatamente ali, que os sonhos idiotas começam a ganhar vida.

Pintora, astronauta, ganhadora da loteria (já ouvi isso de uma criança!), escritora, não importa! Se a resposta não for: advogada, psicóloga, professora, atualmente, aceitam-se atrizes e modelos, até estrela de reality show, é permitido, diferente disso, estará sendo criado, nesse momento, um sonho idiota.

Que irá te atormentar para o resto da vida. Você o manterá trancafiado, mas sempre que puder, ele irá fugir e destruirá estofados, bagunçará seus cds, derrubará seus livros e enfiará suas garras em seu peito até você quase sufocar. E irá te fazer chorar, muito, porque por mais que o prendamos, é dos sonhos idiotas que mais gostamos. 

Matamos muitos sonhos idiotas durante nossa vida. A maioria por inanição, é muito difícil alimentar um sonho idiota, quase impossível. Seu alimento é a realização daquilo que um dia se idealizou. 

E, em algumas madrugadas acordamos sufocados na lembrança desses que se foram. E corremos para resgatar àquele que sobreviveu, sempre tem um mais resistente, e durante algumas horas, brincamos de acreditar que conseguiremos transformá-lo em real.

Mas, invariavelmente, a manhã chega com o sol cegando nossa retina, e percebemos que o dia já surge, com contas, rotinas e responsabilidades, não há espaço para sonhos idiotas. E arrancamos suas garras do peito e o trancafiamos novamente, implorando para que ele se vá de vez.

Eu tenho um sonho idiota, que anda tão trancafiado, que me envergonho de falar dele em público, mesmo sendo aqui, um espaço meu. Talvez algumas das pessoas que me acompanham, quando ainda escrevia no outro blog, saibam qual é, talvez não... 

E você? Também tem o seu?

10 de out. de 2008

Infância
por Patricia Daltro



De vez em quando o cheiro da infância me invade. Sempre de repente, sem explicações ou avisos. 

E tudo que antes era cinza ou furta-cor, é invadido por nuances coloridas dessas lembranças. 

Você lembra do cheiro do algodão-doce vendido na rua? Comia-se com as mãos, cabelos e onde mais aquela nuvem colorida tocasse. E a pipoca quentinha, encharcada de leite moça? O pique-esconde nas tardes de domingo? 

Ou apenas o prazer de sentar ao lado do grande amigo, a tarde desfazendo-se lentamente diante dos nossos olhos, ainda tão repleto de esperanças e certezas
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observação: A imagem que ilustra o micro-conto era do meu antigo blog "A Criatura e a Moça" - desenhado por Marcelo Daltro (minha querida e amada Criatura)

8 de out. de 2008

O que não deveria ser

A pessoa não deveria ser a bruxa má. No entanto, desde que me entendo por gente, foi esse o papel que escolheu para si. Carinho? afeto? Poucos, as lembranças mais fortes são sempre de frases que insinuam culpas, mesclam-se de agressividade contida, frustrações despejadas...

E em momentos em que peço apenas socorro, não ajuda fisica, financeira ou similares, mas apenas afetivas, recebo de volta acusações e frases que me fazem engolir em seco, e me prometer que nunca, nunca mais, vou querer olhar no olho dela.

Mas, sei que sou idiota o suficiente, para amanhecer perdões e mais uma vez, justificar o injustificável.

Votações Encerradas!

Rapaz, esse concurso bombou! *risos* No total foram 904 votos, 1184 visualizações da enquete,  mas a grande vencedora foi Nilda Neves com um total de 544 votos (60,18%).  Em segundo lugar,  a Suzana, com 318 (35,18%) e em terceiro Cinthia com 10 votos (1,10%).


Parabéns a todos os participantes e particularmente a Nilda! (a quem estarei enviando ainda hoje o prêmio - um bicho-maçaneta e um jogo da velha em tecido!)

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E só para avisar, no Natal tem novo concurso!
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Lançamento: 
Tem compromisso para amanhã?  É aqui do Rio? Então pode colocar na agenda um programa imperdível:

Fal no Rio! Você sabe como isso é bom? Não? então entra aqui e descubra a maravilha que é essa mulher.
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E hoje é aniversário dela. A mulher mais doce, mas amiga e mais doida que já conheci (virtualmente), mas um dia, ainda conheço pessoalmente. 
 Jady, para você, hoje e sempre, um Feliz Aniversário maravilhoso!

5 de out. de 2008

A votação começou

A ordem das frases  e a numeração correspondente, foi por ordem de chegada. Só é computado um voto por computador, (computadores que compartilham o mesmo IP, só têm direito a um único voto).
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Frases concorrentes
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 Pergunta: O QUE UMA CRIANÇA PODE ENSINAR A VOCÊ?

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Frase número 01 ( Solange):
"Uma criança pode nos ensinar a viver, amar as coisas mais simples da vida e ser feliz com pequenos atos, repleto de amor e carinho."
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Frase número 02 ( Marcelo):
"Muito além de ensinar, o nascimento de uma criança é uma troca mais que generosa entre pais e filhos: incondicional e imensurável, é um amor onde não há barreiras que impeçam o compartilhar de sentimentos e confiança."
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Frase número 03 ( Marilene Macedo):
"Uma criança pode nos ensinar a acreditar que o mundo ainda é um lugar para se viver com paz e harmonia."
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Frase número 04 ( Tânia):
"O que aprendemos com uma criança é a sinceridade e simplicidade.No mundo infantil,bem diferente do nosso cheio de valores trocados,tudo é simples.
As crianças dizem o que pensam, aceitam todos no coração,retribuem o carinho com um sorriso verdadeiro.A medida que crescemos,perdemos essa capacidade,bom seria sermos tão puros como as crianças."
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Frase número 05 ( Nilda Neves):

"Uma criança pode me ensinar a sempre praticar a sinceridade, a ser feliz com intensidade, a enxergar nos semelhantes uma nova amizade, a brincar sem me preocupar com a vaidade e que eu só encontrarei a felicidade se viver cada dia como se eu ainda tivesse a sua idade."
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Frase número 06 ( Suzana):
"É noite, deitada no escuro com minhas filhas, perguntei a elas o que gostariam de ter se pudessem desejar qualquer coisa. "Uma estrela", disse uma. "Um unicôrnio", completou a outra. "E você, mamãe?" Eu só conseguia pensar em dinheiro, casa própria, emprego fixo. E percebi então que a vida nos ensina, duramente, a só desejar coisas reais. Cabe às crianças nos devolver a capacidade de ter fé e almejar o impossí vel - mesmo que seja uma estrela ou um unicôrnio."
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Frase número 07 ( Marina Spacek):
"O que uma criança me ensina???
Principalmente que a autenticidade é mil vezes melhor que a perfeição."
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Frase número 08 ( Cinthia):
"Eu q tenho uma criança de 3 anos , aprendo muito com ele, pois naqueles dias de tpm em q estou nervosa ele pega na minha mão e fala mamãe vamos assistir comigo......nao tem como ficar nervosa .......aprendo muito com meu pequeno ..................amo demas........."
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Frase número 09 ( Lara):
"Uma criança pode nos ensinar a sorrir com a coisa mais simples, a termos esperanças no futuro e a não ter vergonhas dos nossos medos."
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Frase número 10 ( Rosangela):
"Criança me ensina que comer nesta fase é pra crescer, não para engordar... perder os dentes é provisório, não definitivo e gastar é ótimo porque não se paga a conta!"

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Boa sorte a todos os participantes e lembrem-se: as votações se encerram no dia 07/10 - meia-noite.
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1 de out. de 2008

Concurso "Faça sua criança feliz"

Em homenagem ao dia das crianças (12 de outubro), vou fazer um concurso quase cultural por aqui.

Como participar:
1) Todos tem direito de participar, respondendo nos comentários a seguinte pergunta em no máximo CINCO linhas: "O que uma criança pode ensinar a você?" (uma resposta por pessoa)

Prazo:
2) O prazo para participar é até meia-noite de domingo (5 de outubro). Irei colocar todas as respostas para votação a partir de segunda-feira.

Votação:
3) Todos poderão votar - em sistema de enquete na lateral do blog, onde somente será válido UM voto por computador.

Ganhador:
4) Na próxima terça-feira (8 de outubro), meia-noite, as votações serão encerradas e o ganhador será a frase que tiver obtido mais votos.

Prêmio:
5) O/a autor(a) da frase vencedora irá receber em casa (com todas as despesas de frete pagas, desde que seja dentro do território brasileiro), um bicho-maçaneta e um jogo-da-velha em tecido, para presentear uma criança (filho, primo, sobrinho, criança interior etc)

Dúvidas:
Qualquer dúvida, mande um e-mail ou deixe um recado no orkut (endereços na lateral do blog) e quem quiser divulgar, esteja a vontade.

Abaixo, fotos dos prêmios:



Update: Coloquem as respostas nos comentários deste post.

Update2: Algumas pessoas me avisaram que não estão conseguindo escrever no comentário, motivos que escapam a minha pouca sabedoria "computadorística", por isso, quem não conseguir aqui, escreve um scrap no meu orkut (rapaz, isso fica parecendo pornografia! rs), que eu transponho para cá. Deixe nome, blog/site/flick (o que tiver), e-mail etc.

29 de set. de 2008

Ausências

Não foi crise, não foi têdio, nem falta de tempo. Ganhei um brinquedinho novo do marido e estou amando aprender a mexer nele, ou melhor nela!!!!

E com minha mais nova amiga, já fiz coisas lindas para vender, espia um pouco aqui e se quiser vai lá e veja minhas mais novas criações (e, as antigas também).








São almofadas/sachê - vêm com cheirinhos que estimulam uma boa noite de sono - a infantil, vem com macela (a flor macerada).


E só para lembrar, aceito encomenda e entrego em qualquer lugar do país.

21 de set. de 2008

Pequenos Defeitos: (in)Felicidade

Ela sabia que poderia ser feliz se enxergasse a vida com olhares menos carregados de nãos, se pudesse, pelo menos por alguns instantes, acreditar em livros de auto-ajuda.

Ela seria feliz com certeza, se fosse capaz de acreditar em fadas, duendes, fantasia e príncipe encantado. Se carregasse menos incertezas na face e menos impossibilidades nas mãos. Se ela se ativesse mais nos sonhos e menos no despertar. Ah,sim! Ela seria muito feliz.

Se o coração batesse menos descompassado, se a cabeça não girasse tanto repleta de ansiedades, se fosse capaz de enxergar o fim do arco-íris, se tivesse uma flor amarela na janela... A felicidade faria parte da sua vida, ela sabia.

Sabia também, que se não soubesse tanto, se intuísse mais, se cantarolasse àquela canção romântica, se não se preocupasse tanto com as calorias consumidas, e não se importasse com o sumo da fruta escorrendo no queixo, a felicidade seria a companheira de todas as horas.

Mas o que ela sabia de verdade, era que talvez se não falassem tanto que ela deveria ser feliz, se a felicidade não ficasse tão exposta em banca de revista, se não a transformassem em produto obrigatório, talvez, ela até pudesse ser feliz. No entanto, com tudo isso que sabia, ela não sabia ser.

17 de set. de 2008

Pequenos Defeitos: Impaciência

A impaciência nela existia como um verme que corroia sua paz. Ela não sabia esperar. Muitas vezes, não sabia o quê esperar. E no entanto, a agonia, a vontade de ter as respostas, para perguntas que, muita vezes, nem formuladas foram...

Dentro dela, um vulcão em estado de perpétua erupção. Queimando etapas, destruindo planos, atropelando falas, calando atos... E tudo que ela queria era saber esperar. Calmamente, num banco de praça. As mãos sobre o colo, sem pressa, esperaria que ele se declarasse, que a vida melhorasse, que as oportunidades acontecessem...

Mas nada era assim, no segundo seguinte do que poderia ter sido, ela já queria ter ou ser, não importa. Ela queria o amanhã, quando o ontem ainda desfilava em suas retinas. Queria o futuro preso em cadeias de planos intermináveis e nem percebia que era areia da praia e escorria por entre os dedos.

Arrastava-se em meio a tempestade, porque não conseguia aguardar a calmaria. Perdia-se em brumas do impossível, eternamente desejando o impalpável. Sedenta demais, mas incapaz de ver o rio.

Talvez um dia ela aprenda a arte da paciência, mas enquanto isso, ela tambolira nervosamente os dedos na mesa e fuma cigarros intermináveis, esperando o que não deveria ser esperado.

8 de set. de 2008

A Carta

Estranho receber uma carta. Na era de e-mails, mensagens e torpedos em celular, eis que ela surge na minha caixa de correspondência. Quando vi seu nome no remetente, mas surpresa fiquei, você que desapareceu na neblina em uma tarde qualquer de setembro, surge assim, inesperadamente em um envelope branco.

Na carta você me pergunta como estou. O que mudou depois de tantos anos. Penso em o que dizer. Que mudei. O cabelo. As rugas, agora mais fundas. O olhar. Ainda traz o brilho que te encantava, mas ando percebendo traços duros neles. Amadurecer causa essas coisas. A alma carrega cicatrizes que só o tempo para fazê-las desaparecer.
E os sonhos? - Você quer saber. Por onde andam? Não sei se essa é a melhor resposta, mas ainda ando tentando tocar nas estrelas, caminhando em direção ao arco-íris. E por maior que sejam as escadas, insisto em galgar os degraus.

Na primavera ainda me visto de flores, mas ultimamente, está sendo difícil colher margaridas, e caminho por bosques transbordando verdes e aromas silvestres. Quando o sol rebenta no céu. Inundando de amarelo, humores e estradas, parto para o mar, onde cavalgo ondas e naufrago em ilhas dispersas.

No outono, aquieto-me embrulhada em secas folhas. E tinjo o horizonte de marrom, retirando aos poucos as cores da retina. E nos dias cinzas. Quando toda a cidade se dilui em frases curtas e aeradas, abro as cortinas da casa e tomo banhos de chuva. Embriago-me de silêncios. Longos, assim como o seu.

Talvez acredite que enlouqueci quando ler essa carta. E é bem provável que seja isso mesmo. Mas, acredito que nos dois enlouquecemos. Afinal, quem em tempos de internet e modernidade ainda manda cartas? Se tivesses escrito um e-mail, diria que a vida ainda é a mesma coisa, muitas contas e problemas. Não falaria de sonhos e nem de estrelas. O teclado não permite arco-íris, tampouco banhos de chuva em tardes tempestuosas de verão.

4 de set. de 2008

Cotidiano

- Mãe, qué seu colinho.
- Vem filhote.
- Blarghhhhh – é, isso foi um jato de vômito

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Entrar num metrô tão cheio, mais tão cheio, que quem levantava o braço para se segurar, não tinha espaço para descer, e, claaaaro, fiquei debaixo de uma axila mal-cheirosa a viagem inteira – leia-se nove estações!!!! (não, não havia como me mexer, que dirá mudar de lugar).

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Se algum político prometer aumentar o dia em mais duas horas, pelo menos, eu voto nele!

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Na tv o homem esbravejava falando mal de tudo e de todos, prometendo fazer tudo diferente. Filhote brinca tranqüilo no chão da sala, de repente, olha sério para a tv, parecendo prestar atenção no vozerio do homem e brada: - Fica quieto, cachorro levado!

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De todos os meus defeitos, a timidez é o pior, metade das pessoas me acham arrogante, a outra metade, esquisita...

1 de set. de 2008

Sobre heróis e outros insetos

Heróis podem ser vilões. Tudo depende do ponto de vista de quem está contando sua história. Para os vencedores, o herói merece louvores e comemorações, para os que sofreram a derrota, o cara é um "cretino, miserável e insensível".

Aos olhos da barata, por exemplo, você é um assassino cruel e implacável. Dotado de uma superioridade física, ainda assim, é incapaz de um gesto magnânimo, preferindo condenar à morte o pobre inseto. Que na maioria absoluta das vezes, só estava passando por ali por acaso.

Mas, para sua esposa... Ah, para sua esposa, você com sua arma mágica em forma de sandálias havaianas. Para essa, você atinge o status de Alexandre, O Grande.

Depois do grande combate, você pode usufruir de todas as benesses que os heróis merecem. É a comida predileta, a cerveja na temperatura certa e é claro, você poderá assistir todo o primeiro tempo do jogo sem ouvir um único esporro, dependendo do tamanho da barata, sua esposa nem irá reclamar dos pés no sofá.

Por isso, você não titubeia, quando ouve o apavorante grito que vem da cozinha e parte, cavalheiro galante, havaianas em punho, pronto a resgatar a gentil princesa das garras do terrível e monstruoso dragão!

E, quando você está lá, já ante-saboreando todas as vantagens que irá usufruir após o heróico assassinato, eis que surge sua filha de onze anos, àquela que acaba de entrar naquela fase em que você começa a renegar a paternidade.

Pois é, ela mesma, com uma latinha de spray na mão e com um único e certeiro jato, põe por terra todo o alicerce da supremacia masculina, é o fim da era dos heróis.


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Jabá du bom
Uia, tem coisa nova lá no meu outro blog. Essas duas ai, são só o aperitivo. E, só para lembrar, aceitamos encomendas.


24 de ago. de 2008

Justiça Animal

Não acredito em leis.
Regras são rídiculas e absurdas.
Falar em leis, em um lugar sem justiça,
é uma ironia que não me permito usar.

As raposas e as galinhas não convivem,
harmonicamente,
nem com um porco para intermediar.

21 de ago. de 2008

Dosagem Homeopática:

- Hoje eu sonhei com rosas.
- Sabe que detesto rosas.
- E daí? O sonho era meu.
- Verdade, ou isso de sonho era só indireta para ganhar flores?
- Acho que você é um escroto!
- Mas, ainda me ama, não ama?
- ...

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Falta de vontade, falta de juízo, falta de costumes, falta de afeto, falta de amores, falta de tesão, falta de sexo, falta de conversas, falta de cumplicidade...
No final, tudo se resume a ausências.

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E a palavra ainda está lá. Presa. Tensa. Tênue. E eu queria fazer poesia, mas acabo envolta em malabarismos fonéticos.

20 de ago. de 2008

A Descoberta

- Eu já sei de tudo. – ele afirma, olhando fixo para a esposa. Que quase engasga com o cafezinho.
- Sabe de tudo, o quê, Homem de Deus!?
- Não adianta ficar ai disfarçando. Eu sei que vocês estão juntos! – enquanto fala, caminha nervosamente até o outro lado da sala, aonde pega um pesado vaso de cerâmica.
- Claudionor, larga essa vaso! E me explica o que está acontecendo. – Por via das dúvidas, ela resolve se levantar e tentar chegar perto do telefone, por que fora esquecer o celular no quarto?
- Eu, junto, com quem?
- Você sabe bem do que tou falando! Você e todos os outros estão mancomunados!
- Eles? Amorzinho, você quer uma maracujina? Um chá de camomila? Olha, eu faço rapidinho!
- Vocês se achavam muito espertos, mas ontem... ontem eu descobri tudo!

A esposa nessa hora, já não tem mais dúvida, era caso de internação. O pior é que de maluco não aliviam dívidas, e eles estavam bem encrencados financeiramente. Ela desempregada, ai, ai...

- Claudionor, meu amor, você está muito nervoso, é alguma coisa na empresa?

Ele agora examina o vaso meticulosamente, de repente, brande o vaso no ar, apontando para a esposa, que se encolhe perto da porta.

- Aqui está a câmera! Pelo menos uma delas, eu sabia! Era por isso que você não queria que eu me desfizesse do vaso, não era?
- Clau, esse vaso foi a tia Adelaide que deu, sabe que ela sempre pergunta por ele, quando vem aqui. PelamordeDeus não me quebra isso, senão aquela velha vai me encher o saco!
- Tia Adelaide! tia Adelaide é o escambau! Eu sei bem que isso é coisa da emissora!
- Emissora, Claudionor? – não restava a menor dúvida, era caso de internação.

A esposa choraminga, pensando em como explicar pros filhos a loucura do pai... Ele não poderia ter morrido, no lugar de enlouquecer? Ser viúva de marido vivo é pior do que ter enterrado um!

- Agora eu sei que nada disso é real, Que eu sou um personagem de ficção, de um seriado qualquer...

Larga o vaso sobre a mesa, e cambaleia até o sofá, onde desaba.

- Todas as coisas que aconteceram... Tudo obra da cabeça de um roteiristazinho qualquer de uma série cômica, Lindalva! – Gesticula nervoso – se fosse pelo menos uma série dramática! Um documentário... Melhor seria que fosse um filme, super-produção hollywoodiana, mas não! Tinha que ser de uma série cômica, e ainda por cima, nacional!
- Olha só, algumas séries cômicas nacionais são boas... – ela começa, mas é interrompida pelo choro agudo do marido.
- Eu devia ter desconfiado, devia... Ninguém ganha um microondas cheio de baratas francesinhas de presente de casamento! Você lembra disso?!
- E como eu iria esquecer?! Foram necessárias três detetizações para aquelas malditas sumirem daqui de casa! Mas, o que isso tem a ver?
- Teve também aquele dia que perdi o cartão no banco?! Eu tinha ido buscar o cartão e a gerente perdeu ele na hora em que ia me entregar! Nãaaao, isso não é coisa de realidade, nada! É coisa de seriado... e eu vou lhe falar uma coisa, Lindalva, coisa de seriado ruim!
- Mas... mas
- E o assalto?! Como você explica o assalto!
- Muita gente é assaltada...
- Por travestis?! Lindalva, você já leu em algum jornal sobre uma gang de travecos que assaltam transeuntes?
- Na verdade, não né?
- Eu tô lhe falando mulher! É tudo ficção! E você? Não adianta ficar ai, com essa cara! Eu sei bem que você faz parte do esquema! Sua... sua... sua atriz! Foram tantos os sinais, e eu burro, não via... Que mulher que chora por que queimou um assado? Fala a verdade, agora mulher, você fingia, não é? Todas as vezes, Linda? Nesses anos todos de casamento, teve alguma vez que você não fingiu?
- Claudionor, pelamodedeus, eu vou lhe pedir, para parar, se for alguma brincadeira. Você está me assustando!
- E nossos filhos?! – ele levanta bruscamente, caminhando até a estante, onde pega uma foto onde estão os três filhos! - Todos eles são atores?! Nenhum deles é meu filho de verdade? ! O Junim não! O Junim tem que ser meu filho! Ele é igualzinho ao meu pai. – ele cai no chão de joelhos, as mãos melodramaticamente erguidas, em súplica, em direção a esposa – meus pais?! Eles... eles também são atores? A empresa! Adalberto, meu chefe! Dona Josefa, da faxina... tudo uma farsa....
- A gente já ganhou um prêmio...
- Heim?! – ele para de chorar e a olha. Lindalva sai de perto da parede, senta na poltrona.
- Pode pegar um cigarro para mim? Terceira gaveta a esquerda.
- Você fuma?
- Só nos intervalos das gravações.
- Então... então?! – Claudionor abre a gaveta e é visível o susto ao se deparar com o maço. Meio em transe, entrega para a esposa, que pega um cigarro, acende e numa cruzada de pernas, continua:
- É, você descobriu tudo. Você é um personagem de ficção, eu sou atriz, todos ao seu redor são atores, até o Junim...
- Até o Junim?! Quem diria...
- Pois é, mas a série é boa, já ganhou prêmios, como eu ia dizendo...
- Prêmios? Mais de um?
- Quatro, para ser mais especifica. Direção, Roteiro adaptado, melhor ator e melhor atriz coadjuvante. Foi o único prêmio que ganhei até hoje, mas já fui indicada várias vezes.
- Melhor ator? Eu ganhei um prêmio?!
- É, foi por aquele episódio do médico... Que você tentou matar o cara!

Claudionor senta no braço da poltrona, pega um cigarro do maço, acende, dá uma tragada e uma tossida, sacode a cabeça... Não sabe como alguém pode gostar daquilo, mas naquele momento, parece ser o que precisa.

- É, realmente merecia um prêmio... Fiquei mais de doze horas na fila do hospital público, e o filadaputa do médico, sem me examinar, me mandou para casa, dizendo que não era caso de emergência...
- Você tava com o dedão do pé quebrado, não era?
- Tava. Quebrei, quando a privada caiu em cima do meu pé. Eu tava tentando desentupir, tive que tirar o vaso do lugar e foi merda pra tudo quanto era lado, eu escorreguei e privada caiu em cima do meu pé...

A mulher suspira, enquanto apaga o cigarro.

- Grande episódio, grande episódio... Um dos melhores...

14 de ago. de 2008

Tristezas

Então ela volta. Com força. Dias, quase meses ausente, e ela retorna, indomável. Como sempre atrevida, sentindo-se dona da casa, tomando posse de mim...

Ao redor, tudo igual. Casa, filhos, marido, por dentro, ausências. E uma solidão, grande, engolfante, necessidade de uma voz amiga dizendo que tudo vai ficar bem.

Mas nesses anos anteriores, e isso ela percebeu agora, foi se disfarçando em forte que deixou para trás, uma a uma, pessoas que hoje poderiam dar-lhe a mão.

Aprendeu a se transformar em silêncios, e hoje o preço da escolha são lágrimas que disfarça em meio a um riso triste.

No mais, é esperar que ela vá embora ou ao menos, que se aquiete dentro dela.