30 de dez. de 2008
É a última vez que falo sobre isso... (esse ano)
29 de dez. de 2008
Homem não chora
26 de dez. de 2008
Correspondência Secreta
24 de dez. de 2008
HoHoHo e o Final da Promoção:
19 de dez. de 2008
Promoção HoHoHo - Votação:
1) Quer Ler, Eu Deixo;
17 de dez. de 2008
Promoção HoHoHo
12 de dez. de 2008
Alguém me diz?
Um Minuto para o Comercial:
6 de dez. de 2008
Instantâneos
3 de dez. de 2008
Sugestões para um Natal Feliz!
1 de dez. de 2008
Desventuras Amorosas.
Ela fingia não perceber a ausência do lirismo e escondia dores no detergente. Seguia passo-a-passo na direção do abismo infinito do não-amor. Estradas alteradas, ela sabia, mas insistia na contra-mão.
E, o pior de tudo, era perceber-se cada dia mais tênue. Desaparecia. E ninguém a sua volta parecia ao menos notar. Fazia-se silêncios, mesclava-se à rotinas de marido e filhos. Engolindo em seco e tentando não olhar no espelho, pois sabia, que em algum momento, quando não houvessem mais fugas, ela olharia em busca de reflexos e veria o nada, ausência final dela mesma.
Dia Mundial do Combate a AIDS
Update: a briga tá feia, eu X animação. Confesso que até agora ela estava vencendo, mas vamos ver se agora vai. Obrigada a galera que avisou. ;o)
27 de nov. de 2008
A Casa dos Sonhos
17 de nov. de 2008
Dias
14 de nov. de 2008
Estréia "A Vigilante, Uma Comédia de Peso"
1 de nov. de 2008
A Vigilante, Uma Comédia de Peso
FICHA TÉCNICA
COM: RAPHAEL MIGUEL
DIREÇÃO:CARLOS ALEXANDRE
TEXTO:PATRICIA DALTRO, RAPHAEL MIGUEL E ROSANA HERMANN
DIREÇÃODE MOVIMENTOS E COREOGRAFIAS: SILVIA XAVIER
FIGURINO:VÂNIA MOURÃO
ASSISTENTESDE FIGURINOS: ALEXANDRA RIBEIRO E PRISCILA EMIGDIO
VISAGISMO:RITA PELLEGRINO
MODELISTA:MACOLLO DE PAIVA
ADERECISTA:ELPIDIO MARADONA
PROGRAMAÇÃOVISUAL: MIRELLA MENDONÇA
FOTOGRAFIA:BRUNO DE LIMA
ASSESSORIADE IMPRENSA: LEANDRO BERTHOLINI
PRODUÇÃO:LUIZ PRADO
IMAGENS:JORGE BRIZZI
EDIÇÃODE IMAGENS: NATHÁLIA NOGUEIRA
27 de out. de 2008
Segunda-feira
É na segunda que a saudade da infância bate mais forte. Que as escolhas não feitas, no passado, tornam-se mais dolorosas. A gente amanhece com gosto de lembranças, a alma mais frágil. O abismo mais perto.
Segunda é dia de decisão! É o dia de começar dietas, de parar de fumar, de procurar um novo emprego. De voltar a estudar. De recomeçar aquele projeto, tantas vezes abandonado. De tentar mais uma vez. Sempre. Por que sempre tentamos mais uma vez, às segundas.
Dia de sentir um vazio no peito. Prenúncio de uma depressão que, talvez morra ao cair da noite, quando percebemos que a segunda já se foi, e que tudo que nos resta é continuar. Apostando que na próxima segunda, tudo irá ser diferente.
18 de out. de 2008
Gripe
por Patricia Daltro
15 de out. de 2008
Band-Aid
por Patricia Daltro
Braços, pernas, cabeças, era sempre uma confusão de hematomas e fraturas. A mãe se desesperava e murmurava num vã convencimento: - Quando crescer passa..
Mas não passou. Dentro dela o impossível ainda palpita. Mas, os muros são outros, são feitas de barreiras repletas de não.
As águas mais profundas onde mergulha é o lago dos planos desfeitos. E as dores, essas são internas e não se curam com beijos e promessas de que cessam quando crescer.
Para as fraturas da alma, não há gesso que de jeito.
13 de out. de 2008
Sonho Idiotas
por Patricia Daltro
Por sonhos idiotas, entenda-se, ideais que a gente estipula para nossa vida, normalmente nos primeiros anos de entendimento, quando começamos a perceber que somos mais que extensão da mãe ou pai. É ali, quando adultos começam a perguntar o que iremos ser quando crescer, é exatamente ali, que os sonhos idiotas começam a ganhar vida.
Pintora, astronauta, ganhadora da loteria (já ouvi isso de uma criança!), escritora, não importa! Se a resposta não for: advogada, psicóloga, professora, atualmente, aceitam-se atrizes e modelos, até estrela de reality show, é permitido, diferente disso, estará sendo criado, nesse momento, um sonho idiota.
Que irá te atormentar para o resto da vida. Você o manterá trancafiado, mas sempre que puder, ele irá fugir e destruirá estofados, bagunçará seus cds, derrubará seus livros e enfiará suas garras em seu peito até você quase sufocar. E irá te fazer chorar, muito, porque por mais que o prendamos, é dos sonhos idiotas que mais gostamos.
Matamos muitos sonhos idiotas durante nossa vida. A maioria por inanição, é muito difícil alimentar um sonho idiota, quase impossível. Seu alimento é a realização daquilo que um dia se idealizou.
E, em algumas madrugadas acordamos sufocados na lembrança desses que se foram. E corremos para resgatar àquele que sobreviveu, sempre tem um mais resistente, e durante algumas horas, brincamos de acreditar que conseguiremos transformá-lo em real.
Mas, invariavelmente, a manhã chega com o sol cegando nossa retina, e percebemos que o dia já surge, com contas, rotinas e responsabilidades, não há espaço para sonhos idiotas. E arrancamos suas garras do peito e o trancafiamos novamente, implorando para que ele se vá de vez.
Eu tenho um sonho idiota, que anda tão trancafiado, que me envergonho de falar dele em público, mesmo sendo aqui, um espaço meu. Talvez algumas das pessoas que me acompanham, quando ainda escrevia no outro blog, saibam qual é, talvez não...
E você? Também tem o seu?
10 de out. de 2008
Infância
por Patricia Daltro
E tudo que antes era cinza ou furta-cor, é invadido por nuances coloridas dessas lembranças.
Você lembra do cheiro do algodão-doce vendido na rua? Comia-se com as mãos, cabelos e onde mais aquela nuvem colorida tocasse. E a pipoca quentinha, encharcada de leite moça? O pique-esconde nas tardes de domingo?
Ou apenas o prazer de sentar ao lado do grande amigo, a tarde desfazendo-se lentamente diante dos nossos olhos, ainda tão repleto de esperanças e certezas
8 de out. de 2008
O que não deveria ser
E em momentos em que peço apenas socorro, não ajuda fisica, financeira ou similares, mas apenas afetivas, recebo de volta acusações e frases que me fazem engolir em seco, e me prometer que nunca, nunca mais, vou querer olhar no olho dela.
Mas, sei que sou idiota o suficiente, para amanhecer perdões e mais uma vez, justificar o injustificável.
Votações Encerradas!
5 de out. de 2008
A votação começou
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Frase número 01 ( Solange):
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1 de out. de 2008
Concurso "Faça sua criança feliz"
Como participar:
1) Todos tem direito de participar, respondendo nos comentários a seguinte pergunta em no máximo CINCO linhas: "O que uma criança pode ensinar a você?" (uma resposta por pessoa)
Prazo:
2) O prazo para participar é até meia-noite de domingo (5 de outubro). Irei colocar todas as respostas para votação a partir de segunda-feira.
Votação:
3) Todos poderão votar - em sistema de enquete na lateral do blog, onde somente será válido UM voto por computador.
Ganhador:
4) Na próxima terça-feira (8 de outubro), meia-noite, as votações serão encerradas e o ganhador será a frase que tiver obtido mais votos.
Prêmio:
5) O/a autor(a) da frase vencedora irá receber em casa (com todas as despesas de frete pagas, desde que seja dentro do território brasileiro), um bicho-maçaneta e um jogo-da-velha em tecido, para presentear uma criança (filho, primo, sobrinho, criança interior etc)
Dúvidas:
Qualquer dúvida, mande um e-mail ou deixe um recado no orkut (endereços na lateral do blog) e quem quiser divulgar, esteja a vontade.
Abaixo, fotos dos prêmios:
Update: Coloquem as respostas nos comentários deste post.
Update2: Algumas pessoas me avisaram que não estão conseguindo escrever no comentário, motivos que escapam a minha pouca sabedoria "computadorística", por isso, quem não conseguir aqui, escreve um scrap no meu orkut (rapaz, isso fica parecendo pornografia! rs), que eu transponho para cá. Deixe nome, blog/site/flick (o que tiver), e-mail etc.
29 de set. de 2008
Ausências
E com minha mais nova amiga, já fiz coisas lindas para vender, espia um pouco aqui e se quiser vai lá e veja minhas mais novas criações (e, as antigas também).
São almofadas/sachê - vêm com cheirinhos que estimulam uma boa noite de sono - a infantil, vem com macela (a flor macerada).
E só para lembrar, aceito encomenda e entrego em qualquer lugar do país.
21 de set. de 2008
Pequenos Defeitos: (in)Felicidade
Ela seria feliz com certeza, se fosse capaz de acreditar em fadas, duendes, fantasia e príncipe encantado. Se carregasse menos incertezas na face e menos impossibilidades nas mãos. Se ela se ativesse mais nos sonhos e menos no despertar. Ah,sim! Ela seria muito feliz.
Se o coração batesse menos descompassado, se a cabeça não girasse tanto repleta de ansiedades, se fosse capaz de enxergar o fim do arco-íris, se tivesse uma flor amarela na janela... A felicidade faria parte da sua vida, ela sabia.
Sabia também, que se não soubesse tanto, se intuísse mais, se cantarolasse àquela canção romântica, se não se preocupasse tanto com as calorias consumidas, e não se importasse com o sumo da fruta escorrendo no queixo, a felicidade seria a companheira de todas as horas.
Mas o que ela sabia de verdade, era que talvez se não falassem tanto que ela deveria ser feliz, se a felicidade não ficasse tão exposta em banca de revista, se não a transformassem em produto obrigatório, talvez, ela até pudesse ser feliz. No entanto, com tudo isso que sabia, ela não sabia ser.
17 de set. de 2008
Pequenos Defeitos: Impaciência
Dentro dela, um vulcão em estado de perpétua erupção. Queimando etapas, destruindo planos, atropelando falas, calando atos... E tudo que ela queria era saber esperar. Calmamente, num banco de praça. As mãos sobre o colo, sem pressa, esperaria que ele se declarasse, que a vida melhorasse, que as oportunidades acontecessem...
Mas nada era assim, no segundo seguinte do que poderia ter sido, ela já queria ter ou ser, não importa. Ela queria o amanhã, quando o ontem ainda desfilava em suas retinas. Queria o futuro preso em cadeias de planos intermináveis e nem percebia que era areia da praia e escorria por entre os dedos.
Arrastava-se em meio a tempestade, porque não conseguia aguardar a calmaria. Perdia-se em brumas do impossível, eternamente desejando o impalpável. Sedenta demais, mas incapaz de ver o rio.
Talvez um dia ela aprenda a arte da paciência, mas enquanto isso, ela tambolira nervosamente os dedos na mesa e fuma cigarros intermináveis, esperando o que não deveria ser esperado.
8 de set. de 2008
A Carta
Na carta você me pergunta como estou. O que mudou depois de tantos anos. Penso em o que dizer. Que mudei. O cabelo. As rugas, agora mais fundas. O olhar. Ainda traz o brilho que te encantava, mas ando percebendo traços duros neles. Amadurecer causa essas coisas. A alma carrega cicatrizes que só o tempo para fazê-las desaparecer.
E os sonhos? - Você quer saber. Por onde andam? Não sei se essa é a melhor resposta, mas ainda ando tentando tocar nas estrelas, caminhando em direção ao arco-íris. E por maior que sejam as escadas, insisto em galgar os degraus.
Na primavera ainda me visto de flores, mas ultimamente, está sendo difícil colher margaridas, e caminho por bosques transbordando verdes e aromas silvestres. Quando o sol rebenta no céu. Inundando de amarelo, humores e estradas, parto para o mar, onde cavalgo ondas e naufrago em ilhas dispersas.
No outono, aquieto-me embrulhada em secas folhas. E tinjo o horizonte de marrom, retirando aos poucos as cores da retina. E nos dias cinzas. Quando toda a cidade se dilui em frases curtas e aeradas, abro as cortinas da casa e tomo banhos de chuva. Embriago-me de silêncios. Longos, assim como o seu.
Talvez acredite que enlouqueci quando ler essa carta. E é bem provável que seja isso mesmo. Mas, acredito que nos dois enlouquecemos. Afinal, quem em tempos de internet e modernidade ainda manda cartas? Se tivesses escrito um e-mail, diria que a vida ainda é a mesma coisa, muitas contas e problemas. Não falaria de sonhos e nem de estrelas. O teclado não permite arco-íris, tampouco banhos de chuva em tardes tempestuosas de verão.
4 de set. de 2008
Cotidiano
- Vem filhote.
- Blarghhhhh – é, isso foi um jato de vômito
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Se algum político prometer aumentar o dia em mais duas horas, pelo menos, eu voto nele!
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Na tv o homem esbravejava falando mal de tudo e de todos, prometendo fazer tudo diferente. Filhote brinca tranqüilo no chão da sala, de repente, olha sério para a tv, parecendo prestar atenção no vozerio do homem e brada: - Fica quieto, cachorro levado!
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De todos os meus defeitos, a timidez é o pior, metade das pessoas me acham arrogante, a outra metade, esquisita...
1 de set. de 2008
Sobre heróis e outros insetos
Aos olhos da barata, por exemplo, você é um assassino cruel e implacável. Dotado de uma superioridade física, ainda assim, é incapaz de um gesto magnânimo, preferindo condenar à morte o pobre inseto. Que na maioria absoluta das vezes, só estava passando por ali por acaso.
Mas, para sua esposa... Ah, para sua esposa, você com sua arma mágica em forma de sandálias havaianas. Para essa, você atinge o status de Alexandre, O Grande.
Depois do grande combate, você pode usufruir de todas as benesses que os heróis merecem. É a comida predileta, a cerveja na temperatura certa e é claro, você poderá assistir todo o primeiro tempo do jogo sem ouvir um único esporro, dependendo do tamanho da barata, sua esposa nem irá reclamar dos pés no sofá.
Por isso, você não titubeia, quando ouve o apavorante grito que vem da cozinha e parte, cavalheiro galante, havaianas em punho, pronto a resgatar a gentil princesa das garras do terrível e monstruoso dragão!
E, quando você está lá, já ante-saboreando todas as vantagens que irá usufruir após o heróico assassinato, eis que surge sua filha de onze anos, àquela que acaba de entrar naquela fase em que você começa a renegar a paternidade.
Pois é, ela mesma, com uma latinha de spray na mão e com um único e certeiro jato, põe por terra todo o alicerce da supremacia masculina, é o fim da era dos heróis.
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24 de ago. de 2008
Justiça Animal
Regras são rídiculas e absurdas.
Falar em leis, em um lugar sem justiça,
é uma ironia que não me permito usar.
As raposas e as galinhas não convivem,
harmonicamente,
nem com um porco para intermediar.
21 de ago. de 2008
Dosagem Homeopática:
- Sabe que detesto rosas.
- E daí? O sonho era meu.
- Verdade, ou isso de sonho era só indireta para ganhar flores?
- Acho que você é um escroto!
- Mas, ainda me ama, não ama?
- ...
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Falta de vontade, falta de juízo, falta de costumes, falta de afeto, falta de amores, falta de tesão, falta de sexo, falta de conversas, falta de cumplicidade...
No final, tudo se resume a ausências.
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E a palavra ainda está lá. Presa. Tensa. Tênue. E eu queria fazer poesia, mas acabo envolta em malabarismos fonéticos.
20 de ago. de 2008
A Descoberta
- Sabe de tudo, o quê, Homem de Deus!?
- Não adianta ficar ai disfarçando. Eu sei que vocês estão juntos! – enquanto fala, caminha nervosamente até o outro lado da sala, aonde pega um pesado vaso de cerâmica.
- Claudionor, larga essa vaso! E me explica o que está acontecendo. – Por via das dúvidas, ela resolve se levantar e tentar chegar perto do telefone, por que fora esquecer o celular no quarto?
- Eu, junto, com quem?
- Você sabe bem do que tou falando! Você e todos os outros estão mancomunados!
- Eles? Amorzinho, você quer uma maracujina? Um chá de camomila? Olha, eu faço rapidinho!
- Vocês se achavam muito espertos, mas ontem... ontem eu descobri tudo!
A esposa nessa hora, já não tem mais dúvida, era caso de internação. O pior é que de maluco não aliviam dívidas, e eles estavam bem encrencados financeiramente. Ela desempregada, ai, ai...
- Claudionor, meu amor, você está muito nervoso, é alguma coisa na empresa?
Ele agora examina o vaso meticulosamente, de repente, brande o vaso no ar, apontando para a esposa, que se encolhe perto da porta.
- Aqui está a câmera! Pelo menos uma delas, eu sabia! Era por isso que você não queria que eu me desfizesse do vaso, não era?
- Clau, esse vaso foi a tia Adelaide que deu, sabe que ela sempre pergunta por ele, quando vem aqui. PelamordeDeus não me quebra isso, senão aquela velha vai me encher o saco!
- Tia Adelaide! tia Adelaide é o escambau! Eu sei bem que isso é coisa da emissora!
- Emissora, Claudionor? – não restava a menor dúvida, era caso de internação.
A esposa choraminga, pensando em como explicar pros filhos a loucura do pai... Ele não poderia ter morrido, no lugar de enlouquecer? Ser viúva de marido vivo é pior do que ter enterrado um!
- Agora eu sei que nada disso é real, Que eu sou um personagem de ficção, de um seriado qualquer...
Larga o vaso sobre a mesa, e cambaleia até o sofá, onde desaba.
- Todas as coisas que aconteceram... Tudo obra da cabeça de um roteiristazinho qualquer de uma série cômica, Lindalva! – Gesticula nervoso – se fosse pelo menos uma série dramática! Um documentário... Melhor seria que fosse um filme, super-produção hollywoodiana, mas não! Tinha que ser de uma série cômica, e ainda por cima, nacional!
- Olha só, algumas séries cômicas nacionais são boas... – ela começa, mas é interrompida pelo choro agudo do marido.
- Eu devia ter desconfiado, devia... Ninguém ganha um microondas cheio de baratas francesinhas de presente de casamento! Você lembra disso?!
- E como eu iria esquecer?! Foram necessárias três detetizações para aquelas malditas sumirem daqui de casa! Mas, o que isso tem a ver?
- Teve também aquele dia que perdi o cartão no banco?! Eu tinha ido buscar o cartão e a gerente perdeu ele na hora em que ia me entregar! Nãaaao, isso não é coisa de realidade, nada! É coisa de seriado... e eu vou lhe falar uma coisa, Lindalva, coisa de seriado ruim!
- Mas... mas
- E o assalto?! Como você explica o assalto!
- Muita gente é assaltada...
- Por travestis?! Lindalva, você já leu em algum jornal sobre uma gang de travecos que assaltam transeuntes?
- Na verdade, não né?
- Eu tô lhe falando mulher! É tudo ficção! E você? Não adianta ficar ai, com essa cara! Eu sei bem que você faz parte do esquema! Sua... sua... sua atriz! Foram tantos os sinais, e eu burro, não via... Que mulher que chora por que queimou um assado? Fala a verdade, agora mulher, você fingia, não é? Todas as vezes, Linda? Nesses anos todos de casamento, teve alguma vez que você não fingiu?
- Claudionor, pelamodedeus, eu vou lhe pedir, para parar, se for alguma brincadeira. Você está me assustando!
- E nossos filhos?! – ele levanta bruscamente, caminhando até a estante, onde pega uma foto onde estão os três filhos! - Todos eles são atores?! Nenhum deles é meu filho de verdade? ! O Junim não! O Junim tem que ser meu filho! Ele é igualzinho ao meu pai. – ele cai no chão de joelhos, as mãos melodramaticamente erguidas, em súplica, em direção a esposa – meus pais?! Eles... eles também são atores? A empresa! Adalberto, meu chefe! Dona Josefa, da faxina... tudo uma farsa....
- A gente já ganhou um prêmio...
- Heim?! – ele para de chorar e a olha. Lindalva sai de perto da parede, senta na poltrona.
- Pode pegar um cigarro para mim? Terceira gaveta a esquerda.
- Você fuma?
- Só nos intervalos das gravações.
- Então... então?! – Claudionor abre a gaveta e é visível o susto ao se deparar com o maço. Meio em transe, entrega para a esposa, que pega um cigarro, acende e numa cruzada de pernas, continua:
- É, você descobriu tudo. Você é um personagem de ficção, eu sou atriz, todos ao seu redor são atores, até o Junim...
- Até o Junim?! Quem diria...
- Pois é, mas a série é boa, já ganhou prêmios, como eu ia dizendo...
- Prêmios? Mais de um?
- Quatro, para ser mais especifica. Direção, Roteiro adaptado, melhor ator e melhor atriz coadjuvante. Foi o único prêmio que ganhei até hoje, mas já fui indicada várias vezes.
- Melhor ator? Eu ganhei um prêmio?!
- É, foi por aquele episódio do médico... Que você tentou matar o cara!
Claudionor senta no braço da poltrona, pega um cigarro do maço, acende, dá uma tragada e uma tossida, sacode a cabeça... Não sabe como alguém pode gostar daquilo, mas naquele momento, parece ser o que precisa.
- É, realmente merecia um prêmio... Fiquei mais de doze horas na fila do hospital público, e o filadaputa do médico, sem me examinar, me mandou para casa, dizendo que não era caso de emergência...
- Você tava com o dedão do pé quebrado, não era?
- Tava. Quebrei, quando a privada caiu em cima do meu pé. Eu tava tentando desentupir, tive que tirar o vaso do lugar e foi merda pra tudo quanto era lado, eu escorreguei e privada caiu em cima do meu pé...
A mulher suspira, enquanto apaga o cigarro.
- Grande episódio, grande episódio... Um dos melhores...
14 de ago. de 2008
Tristezas
Ao redor, tudo igual. Casa, filhos, marido, por dentro, ausências. E uma solidão, grande, engolfante, necessidade de uma voz amiga dizendo que tudo vai ficar bem.
Mas nesses anos anteriores, e isso ela percebeu agora, foi se disfarçando em forte que deixou para trás, uma a uma, pessoas que hoje poderiam dar-lhe a mão.
Aprendeu a se transformar em silêncios, e hoje o preço da escolha são lágrimas que disfarça em meio a um riso triste.
No mais, é esperar que ela vá embora ou ao menos, que se aquiete dentro dela.