1 de dez. de 2008

Desventuras Amorosas.

m algum momento a poesia se perdeu. Podia ser nas palavras, que agora desciam em sua pele como lâminas afiadas. Podia ser nos olhares, que antes ternos, soavam agora como uma sutil ironia, eterna desconfiança nas retinas.

Ela fingia não perceber a ausência do lirismo e escondia dores no detergente. Seguia passo-a-passo na direção do abismo infinito do não-amor. Estradas alteradas, ela sabia, mas insistia na contra-mão.

E, o pior de tudo, era perceber-se cada dia mais tênue. Desaparecia. E ninguém a sua volta parecia ao menos notar. Fazia-se silêncios, mesclava-se à rotinas de marido e filhos. Engolindo em seco e tentando não olhar no espelho, pois sabia, que em algum momento, quando não houvessem mais fugas, ela olharia em busca de reflexos e veria o nada, ausência final dela mesma.

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