30 de set. de 2010

Break-Up

Dessa vez não tem jeito. Ou eu termino com você ou me mato! Bem dramático para ver se dessa vez eu tomo vergonha na cara.

Chega! Esse relacionamento da gente é muito doentio. Você me faz mal, entende? Muito mal. Por sua causa, as pessoas me olham estranho. Amigos se afastaram, uns dizem que nem me reconhecem mais!

Você me priva de coisas que sempre foram importantes! É um absurdo não poder mais ir a praia, ou a piscina! Até no shopping, ando meio metro e você já começa a incomodar!

Sinceramente, até nas roupas você interfere! Como não posso usar calça justa? Nem saias curtas, tampouco biquínis? Por você usaria só burca, larga e escura!!!

Mas o pior de tudo é que apesar disso, não consigo terminar com você! E como me odeio por isso! O máximo que consegui me controlar, foram quinze dias! Confesso, que foram os piores da minha vida. Sofri tanto, que chegava a dar dor. Evitava sair com os amigos, eles me faziam lembrar o tempo inteiro de você! Fiquei mal-humorada, triste, até que não resisti mais e cai em tentação, voltei com tudo!

O que as pessoas não entendem é que apesar de tudo, eu sou feliz contigo. Mas, não consigo lidar com os preconceitos, tampouco com as impossibilidades que nosso relacionamento proporciona. E, é por isso, que hoje tomei essa decisão. Acabei de me matricular na academia e já marquei com a nutricionista. E não adianta me olhar com esses olhos açucarados, de hoje em diante, é tudo diet por aqui!

28 de set. de 2010

O Labirinto

Haviam paredes. Altas. Longas e que se estendiam por todos os lados. Cinzas paredes de concreto. Estreitos caminhos que ela começou a percorrer a procura da saída. Encontrou portas que se abriam para outras portas e que sempre a conduziam para os mesmos escuros corredores, ladeados por paredes cinzas. Intermináveis.

Um labirinto. Concluiu. E não adiantava caminhar às cegas. Procurava um coelho branco, mas não havia, nem pílulas vermelhas ou azuis. Nem marcações imaginárias. O labirinto e ela eram os únicos. Paredes altas e cinzas. E portas que a conduzia a lugar nenhum. 

Não havia hora, nem dias, o céu não aparecia, e ela bem que tentou deitar-se no chão e enxergar qualquer coisa além do concreto. Mas não havia céu. Por isso, dias e noites eram nada. Caminhava apenas, buscando a saída imaginária. 

Deixar marcas nas paredes, sinais que indicassem que por lá já havia passado. Uma linha, claro, como na mitologia. Mas roupas de malha não desfiam. Decidiu desnudar-se a cada porta. Blusa, calça, sapatos, calcinha e sutiã, espalhados ao longo do caminho. Não foi suficiente. O labirinto era maior do que ela. 

Feriu os dedos nas paredes, deixando uma linha de sangue. Pontos vermelhos no escuro concreto.  Aos poucos percebeu outra presença. No inicio, passos, achou que era imaginação, loucura causada pelo estresse de estar presa ali. Depois um constante arfar. 

Minotauro. Claro. Todo labirinto tem sua fera presa, prestes a devorar os que ousaram perturbar sua solidão. Seguia seu passos, ela sabia. Sentia o cheiro do sangue que gotejava dos seus dedos. Mais aflita ficou. Precisava achar a saída.

As marcas deixadas tiveram sua função, evitava retornos a pontos já percorridos, desviava de portas que traziam seus dedos estampados em vermelhos. Outros caminhos, paredes, corredores, talvez a saída fosse a próxima porta, ela pensava. Mas nunca era.

A besta agora sussurrava cada vez mais próxima, e já não era a saída que ela buscava, mas fugir do Minotauro que a seguia. Não interessava mais achar suas marcas, nem deixar o sangue como referência. A segurança estava no constante caminhar, indefinidamente. 

O cansaço a fazia tropeçar, raspar paredes... cambaleando abria a próxima porta e suspirava aliviada ao ver apenas um estreito corredor e nada da fera. Até o momento que de tão cansada, não queria mais achar a saída, nem fugir do seu perseguidor implacável. Queria apenas deitar-se sobre o frio chão e esquecer. Esquecer do labirinto, de saídas imagináveis, de minotauros... Queria apenas ficar ali, estirada no piso, deixando o concreto penetrar em suas veias, até virar ela também parte daquilo. 

O minotauro encontrou-a estátua cinza. E num gesto delicado, carregou-a até o centro do labirinto, onde outras, também frias estátuas, contemplavam um céu que não existia. 

Mas não houve tempo para a besta, amaldiçoar, mais uma vez, a própria sorte, ao longe  já  se ouvia a porta que se fechava e outra mulher a caminhar por entre os corredores do labirinto.

26 de set. de 2010

Dudah - Meu Destino é Ser STAR!

Oi Gentem, eu sou a Dudah! Na verdade, Maria Eduarda, mas uma numeróloga amiga minha, disse que só alcançaria meus sonhos se mudasse para Dudah - assim, com H no final pra marcar bem! 

Eu nasci para ser Star! Assim, com S maiúsculo e cheio de glamour! Sério! Diz minha mãe que quando grávida de mim, uma cigana parou ela na rua e na tocando sua barriga,  disse que aquela criança estava destinada a grandes feitos! Ai, que emoção! Aquela criança era eu!

Mamis, inteligente resolveu que não contraria o destino e desde que nasci investiu na minha carreira de Star! Fiz propaganda de pomada contra assadura, fralda, papinha, brinquedos, t-u-d-o! Eu era quase uma bebê Johnson! Fofa e maravilhosa!

Cresci e continuei sendo uma criança adorável! Minha mãe me inscrevia em tudo que era concurso de talentos que você pode imaginar! Eu a-do-ra-va! Com 10 anos já tinha 3 títulos de miss e um certificado de participação no programa de calouros do Raul Gil! Viu? Meu destino está escrito nas estrelas!

Nunca quis fazer curso de teatro. Pra que perder tempo? Quem é bom já nasce feito! Meu negócio é a fama, os holofotes e glamourrrr! Sou gostosa o suficiente para não precisar de diploma de atriz!

Mas, não pense que não invisto na minha carreira. Freqüento academia todos os dias, claro que a academia certa, porque não sou besta! Lá encontro sempre, ex-BBBs, dois ex-Busão e um que quase foi pra Fazenda! Viu que lugar Chique?


Ah, claro, meus peitos e bunda são a obra-prima de um cirurgião plástico ma-ra-vi-lho-so, que fez tudo de graça, em troca de divulgar seus trabalhos! Foi assim que desfilei como destaque no carro da Grande Rio! Você com certeza sabe quem sou, eu era àquela loura de peitos e vulva pintados no 3 carro! Ficava entre aquela ex-BBB e o ex-namorado daquela atriz global! Foi A Gló-Ri-A! Era tanta câmera e flashs! Tive certeza de que estava no caminho certo!

Sabe, eu freqüento os lugares da moda, foi assim que conheci o Ricardo, o primo de 2º grau da moça que faz faxina na casa daquele diretor daquela novela das 8! E ele, olha que fofo! Mexeu os pauzinhos e conseguiu uma ponta na novela! Toda a vizinhança me deu os parabéns! Sabe a moça que entra na padaria logo depois do protagonista, pois é, pois é, sou eu mesma! Diz se não levo jeito pra coisa?

Agora, com as inscrições abertas novamente para o BBB estou nas nuvens! Ano passado eu quase fui! Sério mesmo, estava ficando com o amigo do primo de um dos produtores e se não fosse o fato de ter feito barraco ao pegar ele no banheiro masculino com um outro cara,  eu tenho certeza que estaria no grupo!

Ah, mas quer saber? Que bom não fui, né? Afinal, não dava para competir com ex-BBB! Mas esse ano! Ah, esse ano estou preparada! Já li O Segredo 20 vezes – afinal, não foi com essa filosofia que os dois últimos Brothers se deram bem? Já retoquei silicone na bunda e nos peitos (ah, esse meu cirurgião é maravilhoso mesmo e tão generoso, só preciso falar o nome dele uma vez por semana e ele tá sempre pronto a dar retoques...), fiz aplique nos cabelos e estou a base de alface tem cinco semanas!

E tenho certeza, assim que entrar naquela casa, o destino que a cigana previu vai ser cumprido, eu vou ser STAR! Já me imagino sentada no sofá da Sônia Abrão, ou melhor! Ou melhor, a Luciana Gimenez apoiando um copo na minha bunda! Ai, que GlÓ-RI-A!

23 de set. de 2010

O Desaparecimento da Pequena

Tudo começa com a avó indo pegar um copo d´água pedido pela neta. Nove horas e a menininha sapeca de 3 anos inventando tudo quanto é tipo de desculpas para não dormir.. Quando volta da cozinha, percebe a ausência da mesma na cama. Suspira fundo e procura a menina pelo quarto, não encontra e vai atrás, já disposta a dar uns puxões de orelha. Mas a criança também não está na sala. Nem no banheiro, nem no outro quarto, nem em nenhum outro cômodo da pequena casa.

Sente o coração gelar. Olha a porta, que aparenta estar fechada a chave e a janela aberta, sem grades e as pernas já bambeiam. Grita o nome da pequena, ameaça de surra, promete doces e beijos e apenas o silêncio responde seus apelos.

A filha, mãe da pequena, chega nesse exato instante, a porta se abrindo de repente, faz a avó sair da apatia. Quase chorando, explica o drama a mãe da desaparecida, que joga bolsas e livros pelo chão e junta-se a ela em sua busca.

Batem na porta dos vizinhos, descem as escadas, procuram em cada vão, em cada canto do pequeno prédio.

Logo a vizinhança também está procurando a menina. Alguém, sussurrando, receoso de tal atrevimento, pergunta se já verificaram as janelas. Num silêncio mortal, tremendo e suando frio, é a mãe que segue em direção a janela. Quase desmaia de alivio ao olhar o pátio limpo, sem nenhuma criança estendida.

Este último esforço, faz com que não se agüente mais em pé, agora chora, angustiada, já pensando em seqüestro, ou coisa que o valha...

De repente, um súbito pensamento cruza sua mente e corre em direção ao quarto e é lá que lembra de um último esconderijo, o gabinete da velha máquina de costura. Abre a porta num supetão e é saudada pelo mais belo sorriso e a palavra que ficará guardada em sua mente para toda a eternidade: - Acho!

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Post verídico, mas de lembranças inspiradas num causo da @FernandaReali contado na aula de costura de hoje.

21 de set. de 2010

Pessoas Vampiros

Tem dois tipos de pessoas que me assustam: As pessoas vampiros e as pessoas Sith (segundo definição do marido, fã de Star Wars, são criaturas que são fortes a base de sentimentos negativos, ódio, medo, inveja, etc)

As Pessoas Vampiros às vezes nem sabem que são vampiros, normalmente são pessoas pessimistas, que acreditam piamente que tudo na vida dela dá errado e que felicidade é uma invenção burguesa.

Tudo aquilo que você conquista, incomoda esse tipo de pessoa.  E sua energia negativa é tão grande, que ela suga a sua. Por isso, uso o termo vampiro. Essa pessoa, se alimenta da sua alegria, das suas conquistas, de você!

Quando muito perto desse tipo de pessoa, eu costumo ficar logo com dor de cabeça, sonolência forte, mal estar, etc. Como ela não costuma verbalizar o quão incomoda a sua felicidade, fica difícil identificar se você está sendo ou não vampirizado, a não ser pelos sintomas  físicos.

Ah, é claro, pessoas vampiros tentam afastar os outros de você. Por isso, sempre falam mal de todos que, por ventura, tentem se aproximar. Se você se deixar emaranhar por esse tipo de pessoa, logo estará envolto em uma teia  onde só cabem vocês duas.

Então, quando sua energia não for mais forte o suficiente para ela, te trocam por outra pessoa, sem pensar duas vezes.

As Pessoas Siths são mais visíveis. Odeiam a tudo e a todos, São motivadas pela vingança. Não conversam, proferem discursos inflamados contra algo ou alguém o tempo inteiro. Falam alto demais. Falam mal demais. Julgam e condenam todos. Só ela está certa. É a dona da verdade. E a verdade dela é absoluta.  Te sufocam num mar de ódio e falácias que não permitem contraposição.

Como odeiam a tudo e a todos, nunca estão satisfeitas. Se vão a um show, falam mal do evento do inicio ao fim, se num churrasco na casa de amigos,  reclama e questiona tudo que é feito, desde a temperatura da cerveja, até a qualidade da carne,  e, é claro, sempre faria melhor, embora nunca se ofereça para fazer.

É a namorada, para quem os parentes e amigos do namorado não prestam, , é aquela sogra que odeia todas as noras, ou ainda, a chefe que nunca reconhece o valor dos funcionários.

E, não se engane, se essa pessoa fala mal de tudo e todos para você, tenha certeza de que outro a ouvirá falar mal de você também. Por que é isso que elas sabem fazer, e é isso que as mantém viva.

Embora tenha muito medo dessas pessoas, e as evite no meu dia-a-dia, volta e meia sou obrigada a esse contato, durante um tempo, não sabia o que fazer, mas hoje, ao enxergar essas personalidades, costumo respirar fundo, e as ouço com ouvidos rasos. Como é isso? É ouvir sem deixar que as palavras me atinjam. Após algum tempo monologando, percebem que embora as ouça, não estou ecoando suas energias. Na maior parte das vezes, o plano funciona, elas se calam e me deixam em paz.

20 de set. de 2010

Como enlouquecer em 10 passos:

1)      Acorde e ligue o computador, vá tomar café e faça a conexão com a Internet;
2)      Converse com o marido e arrume o filho e tente conectar de novo.
3)      Perceba que a conexão não foi autorizada, tente mais uma vez;
4)      Arrume a casa, prepare as costuras, e a cada intervalo, tente mais uma vez;
5)      Conectou! Sente-se e tente entrar em suas páginas e e-mail;
6)      Corte tudo o que precisa, prepare o almoço e observe se as páginas foram carregadas nos intervalos;
7)      Deu erro, mande recarregar tudo de novo, agora, uma página por vez;
8)      Comece com os gritos, depois o choro, apele para os santos, TODOS e tente mais uma vez;
9)       Entre no twitter diga OI e perceba que a conexão caiu NOVAMENTE.
10)  Repita todos os passos anteriores, com exceção do 1º.


Peço desculpas a todos que comentam aqui e que me seguem no twitter, pois não estou podendo comentar, conversar, ou seja, interagir de qualquer forma.
A solução de ir algumas horas para lan house está inviabilizada momentaneamente devido a uma encomenda que estou fazendo. 

19 de set. de 2010

Blogagem Coletiva - O Melhor de Mim

O melhor de mim depende de tantas coisas. Depende, principalmente, do ponto de vista. O que acho melhor em mim, não é necessariamente, o que o outro acha. 

Tem aqueles que acharam que o melhor em mim são minhas peças de artesanato. Bolsas, bonecas e bichinhos de pano encantam os olhos e lares e para esses, sem dúvida, o melhor de mim, é o que crio, invento e reinvento com tecido.

Para meu filho e irmã, o melhor de mim é o colo, que sempre está a disposição, noite e dia, mas prontamente oferto quando em lágrimas, alegrias ou apenas cansaço.

Para marido, embora diga, que o melhor em mim é o senso de humor, seus olhos e mãos, me garantem que o que ele acha de verdade é impublicável neste blog de (quase) família.

Para os que me lêem por aqui, o melhor em mim são os textos. Embora se dividam em gostos, uns acham que o melhor em mim são os textos de humor, outros, se reconhecem nas crônicas dolorosas do cotidiano...

E para mim, o melhor em mim são as palavras, as que ponho no papel, ou na tela do micro. E, principalmente, aquelas que calo, e só a mim pertencem...

Update: Depois de um domingo quase inteiro tentando conectar à internet, acho que o melhor de mim é a paciência, pois mesmo sem nenhum tipo de conexão por horas, mantive-me firme e persistente no propósito!

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Esse texto faz parte de uma Blogagem Coletiva em homenagem aos 2 anos do blog da Elaine Gaspareto - Um Pouco de Mim. - Parabéns pelo lindo espaço e pelas palavras sempre encantando a gente!

16 de set. de 2010

Regras de Convivência

Convivência é uma arte. Felizmente não restrita a poucos, mas apenas àqueles que não tem disposição de aprender. Por que conviver, isto é viver com,  parte do princípio que você enxergue o outro como pessoa independente de você, com desejos, temores, gostos semelhantes ou não, aos seus. E, no entanto, e mesmo assim, vivem juntos, respeitando as diferenças.

Não que me considere uma expert no assunto, mas talvez por vir de uma família gigantesca, que nos áureos tempos, vivia quase em bando, fui criando minhas próprias regras de convivência, de maneira a não me violentar nessa convivência, nem invadir o espaço de ninguém. 

Essas regras, ais quais chamo de "Filosofia de Gaveta", por que embora, óbvias, sempre preciso me relembrar e relembrar a outros. 

A primeira delas, meu norte, quase um mantra que recito todas as vezes que sinto que vou perder a linha é:
1) Trate o outro EXATAMENTE como deseja ser tratado. Se você não gosta de ser agredido, xingado, humilhado, ou qualquer coisa similar, não faça isso com o outro. É impressionante, mesmo que a pessoa tenha predisposição de te agredir, se você agir com gentileza, você quebra o outro. Claro, que sempre tem as zebras, mas na grande maioria das vezes, a pessoa, vai te tratar com um mínimo de educação.

A segunda regra, não é a principal, mas faz uma diferença absurda nos relacionamentos:
2) Ponha-se no lugar do outro. Como assim? Primeiro aprenda a ouvir o que o outro tem a dizer. Mas, ouvir de verdade, não com ouvidos rasos. Tenha interesse no que é dito e assimile isso. Ao fazer isso, você poderá entender porque a pessoa está tão alterada, se foi um dia difícil ou uma infância difícil, o importante é compreender que todo aquele comportamento tem uma origem e se pondo no lugar dessa pessoa, poderá enxergar o porquê de tudo aquilo e a partir dai, poderá mudar o rumo da história.

Essa é uma regrinha de ouro. Vital para uma boa convivência, e fácil, fácil de, não seguindo-a, cometermos deslizes.
3) Se alguém fala mal de outra pessoa para você, 90% de chance de falar mal de você para outras pessoas. Usando essa mesma lógica, se você fala mal de alguém para um terceiro, esse terceiro achará que você também fala mal dele para outros e se achará no direito de falar mal de você também! Entendeu a corrente maldosa que se forma? 

E, tem mais, falar mal de alguém significa um "julgar" e, na maioria das vezes, condenar o "acusado", dai, entro na 4ª regra:
4) Quem é você para julgar e condenar alguém? Se eu não sou melhor ou pior do que ninguém, por que cargas d´água me arvoro como supra-sumo da sabedoria e vocifero verdades absolutas sobre o outro? 

E, agora, a regra mais difícil de todas:
5) Se não é com você, se não te atinge de maneira nenhuma, NÃO SE META! Sério, tomar as dores dos outros costuma dar uma dor-de-cabeça enorme, criar indisposições desnecessárias e tudo isso, pra quê? Depois os indispostos voltam as boas e você fica com cara de tacho, chateado com os envolvidos.

Por fim, a regra mais complicada de todas:
6) Você não é obrigado a gostar de ninguém. Nem ninguém é obrigado a gostar de você. Familiares adquiridos por casamento entram nesta regra. Gostar é consequência das relações. Respeito é obrigação! SEMPRE e de AMBAS as partes.

15 de set. de 2010

Um Pouco de Mim para Você - Parabéns Elaine!

Imagem gentilmente feita pela Elis! Obrigada, amiga.

Por que tem pessoas que nos encantam com suas palavras e com a delicadeza de ser. 
Para você, que hoje inicia um novo ciclo, que a vida lhe traga flores, cores e mais palavras encantadoras.
E que a felicidade seja companhia constante nesses seus novos 365 dias.

12 de set. de 2010

Bodas de Cerâmica - 9 Anos

Ilustração: Marcelo Daltro

Você me oferece arco-íris. Hoje eu aceito e saboreio algodão-doce que contém o gosto das lembranças. O frio chega pela janela, mas não fechamos. O ar gelado nós faz perceber que estamos vivos e juntos. Por mais que tantos tenham dito que não conseguiríamos.

Ainda é noite lá fora e a escuridão cobre tudo como breu. Mas sabemos que logo setembro estará de volta, trazendo girassóis e violetas. A primavera expulsando o cinza de nossos olhos.

Sei que não sou afeita a sorrisos, mas ando cansada desses olhos no espelho e hoje ando preferindo apostar todas as cartas, a desistir no meio da partida. E de tudo isso, o que sei, é que à noite, ainda procuro sua mão e me fortalece saber que ela está lá.

Nos dias estranhos, sua aquarela colore em tons pastéis a tristeza que insiste em se fazer presente. E se hoje ainda continuo, é porque seus olhos são estrelas que me guiam no meio da tempestade.

(O texto você conhece, porque esse texto foi escrito para você, por você e sempre está em mim, quando penso em você.)
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Velha Infância
Tribalistas
Composição: Arnaldo Antunes/ Carlinhos Brown/ Marisa Monte

Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito...

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor...

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância...

Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só...

Você é assim
Um sonho pra mim
Quero te encher de beijos
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito...

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor...

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância...

Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só...

Você é assim
Um sonho pra mim
Você é assim...
Você é assim...
Você é assim...

Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Penso em você
Desde o amanhecer
Até quando me deito

Eu gosto de você
Eu gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor
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Além de tudo, Marcelo também é um excelente ilustrador, aproveita e vai lá no flickr para ver se não tenho razão.

8 de set. de 2010

Eu uso óculos!

Eu uso lente, e ela anda defasada. Preciso urgente de um exame de vista e óculos ou lentes novas. Tenho um grau considerável, tipo, se estiver sem óculos eu posso até confundir um manequim com uma pessoa de verdade. Do ponto de parar em uma loja e perguntar para a manequim, onde é a seção de cds.

Um dia passava por uma rua e precisava ir para a paralela, quando olhei para uma galeria e percebi que ela dava acesso para a rua em questão, afinal tinham carros passando no final dela. Segui reto só parando quando dei de cara com um espelho gigante, e é claro todo mundo rindo de mim.

Sou danada para confundir ônibus, pior ainda se forem da mesma empresa, e com números próximos como 350, 351, etc. Já fui parar em outros destinos que não queria ir por causa disso.

Na adolescência, quando as lentes ainda eram um matéria de pouco acesso à maioria, usava óculos do tipo fundo-de-garrafa, os apelidos eram os mais “criativos” possíveis: quatro-olhos, olho de vidro, etc. Claro, que quando saia em grupo, morria de vergonha dos meus assessórios imprescindíveis,  e na maioria das vezes, optava por tira-los e ser guiada pelos amigos. O problema era quando eles se perdiam de mim e eu ficava, tateando, tentando me localizar. Para eles era fácil saber como me encontrar: era só ouvir o som de vidro quebrando, era eu esbarrando em uma mesa cheia de garrafas e copos.

Lembro de uma ocasião em que fiquei com um menino sem óculos e no dia seguinte não sabia com quem tinha ficado, ou melhor, não podia reconhecer o borrão que me beijara no dia anterior.

Atualmente, minha falta de visão, tem me pregado peças, algumas engraçadas, outras constrangedoras, como ler preço errado em lojas e supermercados, fico eu, tentando convencer o/a atendente de que o preço era esse e a pessoa me olhando com cara de “essa mulher é doida”.

Frases em carros e caminhões tem sido um divertimento a parte, leio “Amanda e Amante”,  pensando na coragem da mulher de colocar o adesivo, até perceber que era “Amanda e Amélia”, ou  “O Corno me protege”, no lugar de Coração.

Mas, o pior, definitivamente é a dificuldade de reconhecer rostos amigos! Canso de passar por eles e depois receber e-mails ou telefonemas desaforados perguntando porque que não falei, então, aqui fica o aviso, se você passar por mim e eu não te reconhecer, não ligue, é apenas uma questão de vista, ou melhor, da falte de.

6 de set. de 2010

Eu Acredito na Primavera!

É inevitável. Setembro chega e com ele, espectativas do possível. Não sei se são as flores ou as cores que explodem obedecendo a um ritual anual, ou se é apenas a certeza de que, em setembro as boas novas chegam, como na canção.

O que sei é que quando setembro começa, meu coração aquieta a sua eterna angústia, todo o impossível se desanuvia perante meus olhos e passo a crer em milagres.

Não, os problemas não desaparecem em setembro, mas se transformam, ou transforma-se em mim a forma de encará-lo.

A dor diminui em Setembro e mesmo a minha visitante, sempre a espreita, aguardando o momento certo para o bote, exigindo janelas e portas fechadas, desaparece neste mês.

É época de janelas, portas e corações abertos. É tempo de risos, de tardes arejadas à base de conversas e planos de futuro.

Eu, que há muito, deixei de sonhar, pego-me desejando o horizonte. Ansiando por nuvens e girassóis. E querendo mais que nunca, o doce recomeçar que surge em mim. Sim, eu acredito na Primavera!

5 de set. de 2010

A Ditadura das Frutas.

O corpo tem que ser da mulher-morango(embora a maior vendagem da revista, tenha sido da mulher-melancia), os peitos da mulher-melão; a pele, hidratada com cacau. No cabelo, escova de maracujá. A dieta é a do abacaxi... E, mesmo com tudo isso, continuo me achando uma jaca, (bem, pelo menos também é uma fruta)!

2 de set. de 2010

Quando as Fadas Surgem

Buquê de Tulipas da Bichos de Pano

Por Patricia Daltro

Elas vieram ontem. Pontos brilhantes em volta da velha laranjeira. No início achei que eram vaga-lumes. Tantos, que transformavam a árvore. Parecia natal.
Estava sozinha, mais uma briga com Roberto. E, não fui até elas. Fiquei olhando pela janela, a profusão de luzes coloridas cobrindo meu quintal.
Nesse dia, deixaram aos pés da laranjeira, uma cesta contendo o mais delicioso mel que já havia provado.
Pode ser só impressão, mas percebi nos olhos do meu tempestuoso marido, uma certa calmaria após servir para ele, no café da manhã, um pouco do mel na torrada.
***
Elas vieram novamente ontem. Dessa vez inundando de luz toda a minha varanda. Quis ir até elas, mas mal conseguia andar. A última briga com Roberto deixará mais que seqüelas emocionais.
Deixei-me ficar apenas ali, sentada no sofá, observando pela janela, o seu delicado balé.
Surpreendeu-me a ousadia de algumas delas, aproximaram-se tanto, que cheguei mesmo a ver suas minúsculas formas, através da transparência do vidro.
No dia seguinte, encontrei sob a entrada, geléia de flores e frutas, cujo aroma invadiu todos os aposentos. A casa inteira exalando um perfume suave e delicioso de primavera.
De novo percebi uma ligeira mudança em meu marido. Que dessa vez perguntou como eu estava e olhou os hematomas em minhas pernas e braços, quase que com um indiscutível horror.
***
As espero com angústia. A geléia acabou e Roberto voltou a ser o que era. Ontem derrubou toda a comida no chão, por achar que eu queimara o feijão. Depois saiu e até agora não voltou. Temo pelo seu retorno. Certa de que a bebida fará com que ele termine o que não começou ontem.
Adormeço de olhar fixo no quintal e, no entanto, não vejo nenhum daquele tranqüilizante brilho.
***
Meu corpo dói. Voltei hoje do hospital. Um braço e uma costela fraturados. A assistente social oferecendo ajuda. Como se eu pudesse...
Neguei que tivesse sido Roberto. Cai da escada, afirmei. Ninguém acreditou. E como poderiam? Nem que eu fosse a pessoa mais estúpida do mundo, conseguiria cair tanto da escada, como afirmo para os médicos, todas as vezes que dou entrada no hospital.
No quintal elas dançam e em volta da janela, piscam, como se me chamassem. Roberto ronca ao meu lado. Fico imóvel, apenas olhando-as. Não quero acordá-lo. Tenho medo do que ele irá fazer caso as veja. Talvez corte as árvores do quintal.
Devagar e silenciosamente levanto da cama. Prendo a respiração, prestando atenção nele. Mas está tão alcoolizado que dificilmente acordará.
Meio capengando, caminho até a sala, e dessa vez abro as janelas. Em segundos, tudo está coberto de luz. Elas rodopiam a minha volta, roçando suas delicadas asas em minha face.
Uma delas para a minha frente e eu consigo enxergar seus olhos. Percebo surpresa que ela chora, lágrimas miúdas escorrendo em sua delicada tez.
Ela toca em meu gesso, acaricia meus hematomas. A delicadeza de seu gesto me emociona. Choro silenciosamente enquanto elas valsam ao meu redor.
Já está amanhecendo quando partem. Adormeço no sofá da sala. E quando acordo com o sacudir bruto de meu marido, percebo assustada que dessa vez não houve presentes.
***
Perdi a esperança de vê-las novamente. A última vez que as vi, onde bailei com elas na sala soa hoje como uma despedida.
Espero ansiosa a noite chegar, sentada na varanda. Mas nada acontece. Apenas a vida com Roberto piorou. Desconfio de que ele está com uma amante. Suas roupas exalam um desagradável odor de álcool e perfume barato. Mas o que poderia significar uma trégua, na verdade, só complicou mais minha vida. As noites em que a tal o aborrece ou não está disponível, se transforma no meu inferno na terra. Estupros e surras quase que semanais.
A assistente social andou por aqui também. Deu-me um monte de panfletos com depoimentos de outras vitima. Vítimas? Será que sou uma também? Estou confusa. Quis destruir os panfletos depois que ela se foi, mas não tive coragem. Apenas escondi bem. Deus sabe o que Roberto faria se os encontrasse...
Sinto muita a falta delas...
***
Elas voltaram! Estava terminando de colocar o jantar para Roberto, quando percebo um suave brilho ao lado da laranjeira. Tento disfarçar a minha ansiedade, enquanto jantamos. Evito até mesmo olhar para a janela, pois sei que ele me observa atentamente.
Torço para que ele termine logo e saia, deixando-me a sós com minhas companheiras luminosas.
Ele as viu! Achei que tinha disfarçado, mas ele percebeu quando olhei em direção a janela.
Acompanho seus passos firmes em direção a porta, com o coração batendo feito louco. Digo que são apenas vaga-lumes, mas ele não me ouve.
Abre a porta da frente e não consegue reprimir uma exclamação de horror.
É tão lindo! Um espetáculo de luz e cores. Nunca foram tantas. São milhares, é como se de repente todo o horizonte fosse composto de pequenos pontos luminosos.
Elas estão por toda parte. Sobre as árvores, a grama e o carro. Em todos os pontos da varanda.
Estou tão extasiada com a beleza disso tudo que só percebo a ira de Roberto tarde demais. Ele as pisa, bate-lhes com o casaco. Vejo-as tombando inertes no chão.  Grito-lhe que pare. Mas ele me ignora. Seguro suas mãos, tentando imobilizá-lo, sou empurrada bruscamente e caio, tropeçando nos degraus da escada. Minha cabeça batendo no chão de cimento.
Sinto a dor me preenchendo a alma. A vista turva ainda o percebe em seu ensandecido massacre.
Então um silêncio aterrador brota de todos os lados. Até mesmo Roberto silencia. As criaturas de luz, que antes estavam dispersas, desordenadas, agora se unem em uma estranha massa compacta.
Tento me erguer e percebo o quão ferida estou ao escorregar em um líquido viscoso, que aterrorizada, sinto ser meu próprio sangue.
Ele ainda pisa com fúria nos corpos sob o chão e não percebe a nuvem de luz que se forma. Vejo que ela avança sobre ele, tento avisá-lo, mas a voz morre em minha garganta. Estupidamente silenciosa, vejo-o desaparecer envolto em luz. Desmaio.
***
Termino de colocar o último presente no jardim. Preparei doce e bolos, espelhos, perfumes e maquiagens. Tudo que minhas pequenas amigas adoram.
Agora elas vêem todos as noites, mas essa é especial. Roberto foi dado oficialmente como desaparecido e embora o delegado local acredite que eu o matei, não tem como provar.
Sem Roberto, faço doces e tortas para vender na cidade, todas incrementadas com ingredientes trazidos pelas pequeninas. Vendem tanto, que já tentaram me convencer a expandir. Para quê? Sou feliz com o que tenho e anseio apenas pela noite, que é quando as fadas surgem.