29 de out. de 2012

Bom Dia!


Lembro de uma vizinha, que sempre que a via, desejava-me bom dia, boa tarde, boa noite, de acordo com o horário que nos esbarrávamos. Eu, bicho do mato, totalmente introspectiva, estranhei no inicio, mas aos poucos, tornou-se um hábito também meu, desejar o mesmo para ela. Aos poucos, para todos com quem de alguma forma me relacionava. Fosse a atendente do metro, o trocador do ônibus, ou as pessoas do elevador. Podia não falar mais nada com ninguém, mas bom dia, boa tarde ou boa noite eram indispensáveis.

Outro dia,  me peguei pensando nisso. Por que desejar bom dia para pessoas desconhecidas? Por que não seguir sem me preocupar com esses detalhes - até porque, muitas vezes, não ouvia uma reposta ao meu cumprimento.

Esse pensamento não me veio do nada, depois de um dia exaustivo, ao lado de pessoas, que só sabiam falar mal de outras, e de uma em particular cuja raiva e mágoa eram tão presentes em sua fala, fiquei imaginando o quanto sua fala tinha poder. Em quanto mal ela involuntariamente desejava àquelas outras pessoas, as quais agredia verbalmente. 

E, no fundo, tive certeza, de que se no momento, eu era a ouvinte daquela falácia toda, dia seguinte, seria eu o alvo. É inevitável, se falam mal de alguém para você, falam mal de você para outros.

Inconscientemente, havia tanto energia negativa destinada a outros, e ao olhar a vida da mesma, sempre com as portas fechadas, cheias de obstáculos, de conquistas interrompidas. Pensei logo na lei do retorno, onde o que desejamos para o outro, recebemos de volta...

A vida daquelas pessoas, das quais ela falava, também não andava bem: problemas, doenças. vícios... A minha própria era um exemplo disso. Até que ponto fruto de tanta energia ruim que outras pessoas emanavam para a gente?

Dai lembrei daquela vizinha, a do bom dia, boa tarde e boa noite, sempre acompanhado de um sorriso. Sei lá se ela fazia no automático, o que sei, é que ao cumprimentar alguém, desejando-lhe algo de bom, a sua palavra tem força. Tudo que existe pro mal, existe pro bem também! Então, quando desejamos alguém um bom dia,  queremos que aquele seja um dia especial, que aconteçam coisas boas na vida daquela pessoa, naquele dia. 

Quando falar mal de alguém, pense no peso de suas palavras, no que você está desejando para ela e ao mesmo tempo para você. Troque! Deseje Bons Dias, Boas Tardes e Boas Noites, de verdade, com o coração,  e quem sabe, os seus dias, os nossos dias, passarão a ser bons também?

26 de out. de 2012

Pintura Real


Não é que ela esperasse grandes coisas do destino. Embora trouxesse da infância, sonhos de uma vida, que definitivamente, não era a que vivia agora.

Às vezes, se via repleta de uma angustia sufocante, desejosa demais de ter/ser diferente e nessas horas precisava respirar, repassar mentalmente todos os caminhos percorridos até ali, para perceber que foram seus próprios pés que trilharam aquela estrada.

Dessa forma, antes que se visse imersa em pena de si mesma, enxergava-se como uma pintura real.

Ela era o que fora se construindo diariamente nesse tanto de anos que definiam sua idade e nada, nada poderia mudar isso.

O que ela podia fazer era decretar que era a hora de ser feliz. E esquecer tudo aquilo que não fora, e se concentrar apenas naquela que ela poderia ainda ser.

23 de out. de 2012

Geração Espontânea?


Eles surgem de repente. No inicio tímidos, apenas figuram em algumas páginas na internet. Se agradam, começam a se proliferar e logo atingem o status de spam, percorrem então o espaço virtual na velocidade da luz. Grupos de discussão, blogs, sites, e-mails, etc. No meio do processo, na maioria das vezes, perdem a autoria. Circulam então, cão sem dono, renegados ao anonimato do autor desconhecido.

Mas, tem sempre os que se apiedem dos pobres e resolvam levá-los a adoção; E ai, segundo critérios que só Deus para explicar, os textos começam a ser vinculados à Cecília Meireles, Machado de Assis e a globais variados. 

Com algum esforço podemos identificar os métodos que indiquem o porquê das escolhas dos autores, Machado de Assis – crônicas comportamentais, Cecília Meireles ou Clarice Lispector – poesias,Heloisa Perrisé e afins – comédia sobre o universo feminino, Luiz Fernando Veríssimo – comédia sobre o universo masculino, auto-ajuda em geral – Pedro Bial. E ainda tem os que preferem personalidades atuais(seja de qualquer área), para atribuir autoria.

O problema é que não dá para atribuir a Machado de Assis um texto que verse sobre absorventes femininos, tampouco rimas que unam leu com céu como de autoria de Cecília ou Clarice, Fernando Pessoa falando sobre tvs? Definitivamente, não dá!

Isso estou falando de textos ruins, mas tem os textos, muito bons, de vários anônimos que percorrem a rede sendo creditados a outros. O que me faz pensar: Será que quem altera a autoria dos textos, ache que o Inagaki do Pensar Enlouquece ou a Karina do Mafalda Crescida não sejam bons o suficiente para seus escritos? E outros, tantos, que tiveram seus textos arrancados de si e distribuídos como de outrem, (eu mesma me enquadro nessa categoria com o texto "Querido Diário", que me foi roubado, distribuído sem a minha autoria e publicado em vários lugares, incluindo sites estrangeiros e jornais).

O que faz um texto virar spam? A qualidade do mesmo? A identificação do que está escrito com quem lê? Acredito que isso é um mistério, quase indecifrável, tipo “Tostines vende mais por que é fresquinho ou é fresquinho por que vende mais?” – mas, não importa o mistério, o principal é criarmos um hábito nesta terra de liberdade que é a web, o de pesquisar autoria antes de publicarmos um texto recebido. É rápido, fácil e o Google não morde ninguém.

Caso queira saber sobre outros casos de apropriação indébita de autoria, leia o Autor Desconhecido – de Van Lampert. É um blog de utilidade pública que mesmo desativado, ainda ajuda não só o autor a resgatar seus textos, mas támbem a tirar dúvida sobre textos que por ventura tenhamos recebidos.

Além dos textos que viram spam, outro mal tem assolado o terreno virtual recentemente, são os textos copiados e publicados, algumas vezes como se fosse da pessoa que copiou, outras, até põe o link, mas sem avisar a fonte original e com modificações. Isso é sério, é ilegal e tem nome, se chama PLÁGIO!  A Elaine Gaspareto - do blog Um Pouco de Mim,  tem sido alvo disso com uma frequência absurda!

Então, fique atento, pegar algo que não te pertence - seja foto, texto, música, etc - publicar ou distribuir sem a autorização prévia do autor NÃO PODE! 

Dizer que você escreveu algo que pertence a outra pessoa, obviamente, também NÃO PODE! E não adianta, acrescentar ou retirar nada, o texto/imagem /post continua NÃO SENDO SEU!

No mais, use na net a mesma fórmula de sucesso que deveria ser usado na nossa vida: "Não faça com os outros, o que você não quer que façam com você."  Funciona e muito!


P.S – se esse texto for parar na sua caixa de correios sem autoria, lembre-se de quem escreveu. ;o) 

17 de out. de 2012

Irritando


As semelhanças e diferenças entre homens e animais são a reação de ambos quando irritados. Os seres humanos normalmente avançam e os animais mordem. Ou o contrário. Mas, não importa. Ando numa fase terrível, quase protagonista do programa da GNT. Não que eu seja uma pessoa facilmente irritável. Sou quase uma monja budista, relax total, mais quer saber, ultimamente, tem sido terrível. Primeiro, porque estou de dieta e sou a favor de confinar pessoas que façam dietas. Tenho certeza de que a terceira guerra mundial irá acontecer quando um dos governantes estiver sem consumir açúcar há uma semana: - Eu já falei, ou me dá um pedaço da torta ou explodo um míssel em vocês!

Segundo, porque o dinheiro resolveu terminar comigo. É impressionante, uso a filosofia do segredo e mentalizo: eu amo o dinheiro, eu tenho muito dinheiro... Mas não adianta, as notinhas se recusam a entrar na minha carteira! 

Como podem ver, motivos não faltam para estar irritada, e soma-se isso a uma quantidade insuportável de pessoas que, eu tenho certeza, nasceram para me irritar. Devo ser o Karma delas, só pode! 

Quer ver? Detesto pessoas que falam alisando. Normalmente, disfarço e chego um pouco para trás. Outro dia, teve uma que, eu chegava para trás, ela chegava junto. Daí tinha uma parede e fiquei presa, lá pelas tantas, tive que interromper a conversa e perguntar se iria rolar beijo na boca, porque me alisando daquele jeito, eu já estava ficando apaixonada.

E tem aquelas que falam gozando, sabe aquela coisa de: - Ahhhh, vocêimmm nãumm podiammm fazerrr isso pra mimmm. E tem a segunda opção, tão odiosa quanto, dos que falam mijando: - vocêixxx nauxxx podia fazerrrr ixxxo pra mimmm? Pois é, e eu só tenho esbarrado com pessoas que falam assim. Tive que resolver um problema e tinha uma atendente adepta da primeira opção. Juro, tive que me conter para não mandar tirar o vibrador dentre as pernas, só isso para justificar a maneira dela falar.

E tem os miguxos. Engraçado, eles não me irritam tanto, só acho que tinham que vir com legenda. Principalmente quando escrevem. 

Finalizando meus fatores irritantes atuais, de 0 a dez, a nota máxima vai para os “incompletadores” de frase. Os que terminam tudo com etc, como assim etc? O que significa etc? Eu estava andando pela rua e etc... ora, eu posso deduzir qualquer coisa de uma frase assim: desde encontrei a mulher da minha vida até fui abduzido por um OVNI.

E a variante de etc, que é o ó. Alias, o ser humano que termina a frase com ó, normalmente começa com tipo assim. Você está lá na maior atenção e a pessoa manda: - tipo assim ó! 

Na verdade, eu estou errada, não posso me irritar com uma pessoa que fale: tipo assim ó. Esse ser é um iluminado. Capaz de resumir todo um inicio, meio e fim em apenas três palavras, se é que ó possa ser considerada uma palavra.  

E, é claro o “incompletador” mor a pessoa que responde tudo iniciando com então. – Você foi na padaria? – Então, eu fui. Ou – Você fez exame de próstata? – Então, eu fiz. Qual o problema do sim? A nova reforma ortográfica matou ele junto com o trema? Cadê os outros advérbios e conjunções? Morreram também, só pode.

Então, tipo assim ó, eu não sei como terminar esse texto e etc.

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Post Repúblicado

11 de out. de 2012

Todo Dia é o das Crianças

Teve um tempo que não sabia quem era. Dai me disfarçava de tantas e fantasiada de outras, seguia. 

Teve um tempo que eu esqueci a criança que fui e dai um dia, achei que nem a tinha sido uma vez. 

Teve um tempo que eu olhava adiante e me perdia em caminhos buscando nada, querendo tudo, mas nem percebia que a cada passo que dava, distanciava mais daquilo que eu não sabia querer.

Dai veio você. Primeiro com suas mãos. ativas, altivas, querendo segurar o mundo, e quando segurou a minha, vi que não havia saída, alias, nem queria sair. Quis que seus dedos me prendessem e descobri teu olhar. Longo, entremeados de cílios compridos, que me traziam lembranças que sequer estavam lá antes de você me olhar.

O seu riso, que não foi dedicado a mim em primeiro lugar, mas que importa? Veio a mim numa sonoridade hipnótica e eu soube, ali, naquele instante, que tudo que eu não sabia, que os caminhos que me perdia, que as buscas que insistia em procurar... Ah, foi no teu riso que achei a chave perdida e libertei a criança que sufocava em mim.

E um dia eu era a princesa, noutras rainha, vez em quando, era a bruxa, o terrível monstro que aprisionava o herói e que era derrotada com golpes precisos de espada, ou de beijos... 

De noite, nossos sonhos se interligam em histórias diversas, em melódias que insisto em cantar, porque me descobri cantora na primeira vez que te tive em meus braços.

E, hoje, dizem por ai que é o seu dia - Dia das Crianças! Ah, tolos esses que rotulam datas! Eles nem sabem que seu dia é todo! 

Que hoje é mais um dia de me encontrar no seu riso, de me infiltrar nos seus sonhos e de viver a felicidade que é ter você ao meu lado!

10 de out. de 2012

Uma Outra História de Chapeuzinho


A verdade era que a vovó gastava todo o dinheiro da aposentadoria nas mesas de bingo e em licor de jabuticaba. Uma garrafa por dia e pelo menos R$ 100,00 perdidos nas cartelas em que sempre faltavam um único número para ganhar.

Assim, volta e meia, quem tinha que mandar auxílio para a velha, era a Dona Chapéu, filha da avó viciada e mãe da Chapeuzinho vermelho.

E era por isso, que naquela tarde, uma Chapeuzinho emburrada, ouvia da mãe, milhares de recomendações:

- Olha, você não vai pela floresta! Dizem que aqueles anõezinhos tarados seqüestraram a enteada da Madrasta Má! Sabe Deus o que aqueles sete vão fazer com aquela garota! Nem quero você de papo com a Bela Adormecida, na última overdose dela, ficou de coma quase 100 anos! E pelamordedeus, Chapeuzinho, nada de encontrar o Lobo mal! Você está noiva do Caçador e se ele te pega de agarramento por ai, não quero nem pensar...

- Ai, mãe, posso ir logo? Que saco, já não basta ter que ficar alimentando àquela velha folgada, ainda tenho que ficar ouvindo sermão?!

E lá se ia a menina, de mini-saia e fone no ouvido. A história do capuz, que virou lenda eternizada pelos irmãos Grimms, teve origem numa certa festa na casa do Príncipe Encantado, onde Chapeuzinho foi vestida apenas e somente com o tal capuz...

Na primeira curva longe dos olhos da mãe, a menina mais que depressa entrou na tal floresta proibida. O Lobo é claro, já estava esperando por ela.

- E ai, mina, ta rolando uma festinha lá na casa dos anões, a Branca já ta por lá, que tal?

- Ai, não vai dar, preciso entregar essas coisas pra minha vó, você sabe, né? A velha perdeu tudo no jogo de novo! Humpft!

- A gatinha, só uma paradinha do lado da macieira...

- Olha só, Lobo, você ta achando que eu sou burra? Conheço bem os efeitos dos frutos dessa macieira, além do mais, o Caçador ta por ai, e se ele ver a gente junto, pode até te matar...

Falou e saiu andando, deixando o Lobo muito puto!

O resto da história vocês já sabem, pelo menos a versão oficial, que o Lobo chegou antes na casa da vovó e a trancou no armário, na verdade, a velha tava chapada de licor e babava na cadeira, ele só a escondeu, Chapeuzinho chegou, viu aquela cena medonha do Lobo disfarçado da Vovó e resolveu entrar na brincadeira:
- Por que esses olhos tão grandes?
- É para te olhar melhor.
- Por que esse nariz tão grande?
- É para te cheirar melhor.

E olha, não foi bem a boca que a Chapeuzinho perguntou por que tão grande, mas a resposta do Lobo foi aquela tradicional mesmo: - É para te comer melhor, minha menina. E nessa versão, o lobo comeu mesmo. Sem caçador ou vovó para salvar a pobre jovem, que alias, nem queria ser salva.
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Post republicado

5 de out. de 2012

Pessoas Vampiros


Tem dois tipos de pessoas que me assustam: As pessoas vampiros e as pessoas Sith (segundo definição do marido, fã de Star Wars, são criaturas que são fortes a base de sentimentos negativos, ódio, medo, inveja, etc)

As Pessoas Vampiros às vezes nem sabem que são vampiros, normalmente são pessoas pessimistas, que acreditam piamente que tudo na vida dela dá errado e que felicidade é uma invenção burguesa.

Tudo aquilo que você conquista, incomoda esse tipo de pessoa.  E sua energia negativa é tão grande, que ela suga a sua. Por isso, uso o termo vampiro. Essa pessoa, se alimenta da sua alegria, das suas conquistas, de você!

Quando muito perto desse tipo de pessoa, eu costumo ficar logo com dor de cabeça, sonolência forte, mal estar, etc. Como ela não costuma verbalizar o quão incomoda a sua felicidade, fica difícil identificar se você está sendo ou não vampirizado, a não ser pelos sintomas  físicos.

Ah, é claro, pessoas vampiros tentam afastar os outros de você. Por isso, sempre falam mal de todos que, por ventura, tentem se aproximar. Se você se deixar emaranhar por esse tipo de pessoa, logo estará envolto em uma teia  onde só cabem vocês duas.

Então, quando sua energia não for mais forte o suficiente para ela, te trocam por outra pessoa, sem pensar duas vezes.

As Pessoas Siths são mais visíveis. Odeiam a tudo e a todos, São motivadas pela vingança. Não conversam, proferem discursos inflamados contra algo ou alguém o tempo inteiro. Falam alto demais. Falam mal demais. Julgam e condenam todos. Só ela está certa. É a dona da verdade. E a verdade dela é absoluta.  Te sufocam num mar de ódio e falácias que não permitem contraposição.

Como odeiam a tudo e a todos, nunca estão satisfeitas. Se vão a um show, falam mal do evento do inicio ao fim, se num churrasco na casa de amigos,  reclama e questiona tudo que é feito, desde a temperatura da cerveja, até a qualidade da carne,  e, é claro, sempre faria melhor, embora nunca se ofereça para fazer.

É a namorada, para quem os parentes e amigos do namorado não prestam, , é aquela sogra que odeia todas as noras, ou ainda, a chefe que nunca reconhece o valor dos funcionários.

E, não se engane, se essa pessoa fala mal de tudo e todos para você, tenha certeza de que outro a ouvirá falar mal de você também. Por que é isso que elas sabem fazer, e é isso que as mantém viva.

Embora tenha muito medo dessas pessoas, e as evite no meu dia-a-dia, volta e meia sou obrigada a esse contato, durante um tempo, não sabia o que fazer, mas hoje, ao enxergar essas personalidades, costumo respirar fundo, e as ouço com ouvidos rasos. Como é isso? É ouvir sem deixar que as palavras me atinjam. Após algum tempo monologando, percebem que embora as ouça, não estou ecoando suas energias. Na maior parte das vezes, o plano funciona, elas se calam e me deixam em paz.

(post republicado)

3 de out. de 2012

A Flor da Pele

Tudo começa num sobressalto. De repente, os corpos já estão colados um no outro. O movimento é suave, porém contínuo, vez em quando, fica mais rápido e brusco. O ar fica mais denso a cada minuto, o calor emana da pele e umedece sobre lábios e  frontes. 

A cada segundo ficamos mais juntos, nossas peles se colam, sinto meu corpo tocado em lugares que desconhecia existir. Nós gememos e sussurramos, o movimento dos corpos ficando mais frenético a cada momento, até que...

As portas se abrem e finalmente saltamos, chegou a nossa estação.

(Em homenagem ao metro do Rio na hora do rush)


1 de out. de 2012

Segunda-Feira


Segunda-feira é dia de nostalgia. Mesmo com sol, reveste-se de melancolias. Dia de recomeçar. É na segunda que a gente se percebe mais velho. Que rugas antes nunca vistas parecem saltar diante de nossas retinas. Que fios brancos cansados do anonimato da henna, mesclam-se a cor de nossos cabelos.

É na segunda que a saudade da infância bate mais forte. Que as escolhas não feitas, no passado, tornam-se mais dolorosas. A gente amanhece com gosto de lembranças, a alma mais frágil. O abismo mais perto.

Segunda é dia de decisão! É o dia de começar dietas, de parar de fumar, de procurar um novo emprego. De voltar a estudar. De recomeçar aquele projeto, tantas vezes abandonado. De tentar mais uma vez. Sempre. Por que sempre tentamos mais uma vez, às segundas.

Dia de sentir um vazio no peito. Prenúncio de uma depressão que, talvez morra ao cair da noite, quando percebemos que a segunda já se foi, e que tudo que nos resta é continuar. Apostando que na próxima segunda, tudo irá ser diferente.