28 de fev. de 2011

Apenas Cansada...

Não sei se é comum a todos, essa sensação de estranheza que a mim pertence. De não pertencer a nenhum lugar... Volta e meia penso se a Nave Mãe ainda demora muito pro resgate, ou se já passou e nem percebi. Seguir em frente num mundo que definitvamente não é o seu às vezes fica mais complicado.

Coisas que são ditas ou feitas em outros, ferem em mim, como se a mim fosse dirigidas as ofensas e preconceitos.

E, é tão cansativo explicar que chamar alguém de puta gorda, ou vaca gorda, ou gorda nojenta, sendo ou não através de um monitor, me atinge, por que sabe, eu sou gorda...

Cansativo também fazer-me entender que justificar agressor, questinando comportamento da mulher agredida doi em mim, mais do que chicotada, por ter vivido de tão perto cenas tão iguais, com pessoas queridas, e ter assistido sem poder fazer nada, a destruição psicológica das mesmas.

De repente, esse mundinho virtual anda me fazendo mais mal do que imaginei. Acabo ficando mais calada, com uma certa vontade de me retirar e criar minha alienação perfeita, como fiz anos atrás.

Hoje enxergo que quando deletei o outro blog e simplesmente sumi por quatro anos, foi por motivo similar. Quando o que via no virtual começou a embrulhar meu estômago de maneira definitiva, simplesmente decidi que era hora de sair.

Não sei se é esse legado que quero deixar pro meu filho, um mundo onde as pessoas são pré-julgadas pela sua aparência. Onde beleza é sinônimo de caráter e o seu peso define sua indole...

Ontem meu filho teve o desprazer de conhecer a maldade e um bulli (pessoa que comete bulliyng), um garoto mais velho se aproximou dele e da amiguinha e por nada, apenas para fazê-los chorar, pegou o brinquedo predileto do meu pequeno e tacou no telhado.

Obviamente, eu e marido intercedemos de maneira imediata, afastando o garoto, indo pegar o brinquedo no telhado, mas nada apaga o choro indignado do meu filho e a sua expressão de por que, mãe? no seu rostinho.

E, sabe, os pais do garoto maior, que estavam próximos, não fizeram nada! ABSOLUTAMENTE NADA a respeito. Sequer chamaram a atenção do garoto!

E será esse menino, que quando crescer, estará xingando pela internet mulheres gordas de vacas nojentas, putas gordas e etc.

Se bobear, atirará latas em empregadas domésticas em pontos de ônibus ou numa tarde mais tediosa, colocará fogo em mendigos ou espancará homossexuais.

E com tudo isso, eu só pergunto, Nave Mãe, cadê você?

25 de fev. de 2011

Quando o Silêncio te Responde

- De certa maneira, acho que já sei a resposta.

- Sério? como é? pressentimento, sexto-sentido, uruca ou macumba da boa?

- Tudo pra você é piada, não é? não é nada disso. Mas, uma coisa tão simples. Nem sempre a resposta precisa ser sim ou não, tampouco precisa ser dada. Tem outras maneiras de se responder uma pergunta.

- Ihhhh, muito complexo para mim. Eu sou feita de sim ou não. Nem talvez, eu uso muito.

- Ai amiga, imagina se eu chego para você e peço, sei lá, mil reais.

- Eu caia na gargalhada, minha conta bancária não sai dos dois digitos tem mais de meses!

- Não, eu sei, é uma hi-pó-te-se! Dai eu te peço mil reais e você não diz nem sim ou não, do nada engata uma conversa sobre outro assunto e no meio do caminho, diz que, sei lá, o pc tá com defeito e você precisa levar para a assistência e isso vai sair uma baba...

- sim, e dai?

- Você não viu? Você disse com outras palavras que não poderia me emprestar o dinheiro!

- Eu disse isso? Aonde?

- Ao falar sobre o conserto do PC, deixa claro que não poderá me emprestar o dinheiro. É isso que quero dizer que nem sempre é preciso dar a resposta diretamente. Se a gente for, um pouquinho só, perspicaz, sacamos, no meio de uma conversa a resposta daquilo que perguntamos.

- Continuo achando tudo muito complexo. Por que não responder? Por que ter que "ler" a resposta do outro?

- Deixa explicar de outro jeito. Você tá saindo com o carinha há meses. Tudo tá lindo e maravilhoso, etc etc etc dai um dia você vira e fala que o ama, e ele responde, tá.

- Tá?! Se eu digo pra alguém que o amo e a pessoa fala "tá", ah, eu acho que mato ou me mato...

- Viu?! É disso que estou falando! Uma pessoa que responde "tá" em uma declaração de amor, não ama! E, não é preciso dizer que não ama. Na verdade, é meio uma covardia, a pessoa não se compromete. "Tá". Então eu posso ler isso de duas maneiras, a que eu quero, ah, ele me ama. Ou a realidade, acabei de levar um pé-na-bunda! 

- Agora entendi o que você quer dizer com nem sem sempre a resposta ser dada de maneira clara... É tem muitas maneiras de dizer sim ou não...

- É por isso que estou dizendo, de certa maneira eu já sei a resposta. A ausência de resposta é uma resposta. O silêncio grita muito mais que qualquer sim ou não!
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E a RIFA continua rolando. Faltam poucos números. Corre lá e reserve os seus!

16 de fev. de 2011

Rifa + Sorteio da Bichos de Pano

Eu podia tá robano, tá matando, ou até mesmo mostrando minhas gordurinhas sexies no BBB, mas estou aqui te fazendo um convite imperdível, vem fazer parte da minha rifa, vem!

Com apenas R$ 5,00 você tem a chance de ganhar:
Primeiro Prêmio: 
Kit Bolsa: 
 1 bolsa Laçarote
 1 Organizador de Bolsas:
1 necessaire Patchwork


Segundo Prêmio:
Kit Cozinha:


 Avental dupla-face:
Luva e pegador de panela bordados.












Terceiro Prêmio:
Kit Gatinho:

Veja como é fácil participar:

1º Escolha um número de 01 a 100 - confirme antes na listagem para ver se o número escolhido está disponivel.
2º Deixe seu Nome, E-mail e o(s) Número(s) Escolhido(s). AQUI.
3º Faça o pagamento
4º Envie e-mail confirmando o pagamento
5º Torça muito para ganhar um dos 3 prêmios


O sorteio será pela Loteria Federal -  dia 12/03

Forma de pagamento:
Depósito em conta
Banco Itau
Agência: 0380
C/C: 54910-5
Titular: Marcelo Daltro Delgado


Quer participar, mas não tem Itau na sua região? Manda e-mail pra patricia.daltro@gmail.com que a gente resolve.

A situação tá feia por ai também e não dá para participar da rifa? Então me ajude a divulgar e concorra a um Organizador de Maquiagens / Unhas!

É só deixar nos comentários o link de onde divulgou e já está concorrendo!

13 de fev. de 2011

My Reality 3

Dai que My Reality mudou de temporada, começou prometendo mudanças de enredo, premiações e etc. Mas, acho que não devia estar rolando muita audiência, porque a linha dura voltou com tudo e ultimamente, a roteirista (já falei que deve ser mulher, estar de TPM e certeza AB-SO-LU-TA, está fazendo dieta) resolveu botar para quebrar.

O bom disso tudo, que descobri que o problema não foi 2010, afinal, 2011 já está ai e a vida continua com suas pegadinhas. Com isso desconfio, o problema sou eu, que com certeza, além de fazer striptease na Santa Ceia, colocado pimenta no Hóstia e pó de mico no Santo Sudário, comi a pipoca de despacho e apedrejei o urubu que cagou na minha cabeça, por que, nê? Só isso para justificar...

9 de fev. de 2011

Batendo na mesma Tecla

Antes de mais nada, queria dizer que o post anterior não foi escrito em defesa da participante X ou Y do reality em questão, mas tinha por objetivo principal, mostrar que violência feminina se mascara de várias formas e é existente em diversos locais, independente de classe social, educacional ou regional. Sendo possível de ser encontrada, inclusive, dentro de um programa de tevê.

Outra mitica que temos é que a violência só se dá na forma física, mas as estatísticas provam que o homem que agride verbalmente a mulher, tem grandes possibilidades de um dia, mudar sua forma e também agredi-la fisicamente.

Um dos maiores problemas no combate a violência feminina é o silêncio. A vítima, ao não se perceber, como tal, costuma se calar e aceitar as agressões, como se fosse "merecedora" do fato. Uma das caracteristicas do agressor é ser um sedutor tal, que promove a agressão como forma de "reeducação" da mulher e, a convence do fato.

A verdade, é que falamos sobre o assunto, sem dimensionar o quadro real. Nesse exato momento em que lê isso, pelo menos, 3 mulheres estão sofrendo algum tipo de agressão. Em 1 hora, uma mulher é morta no mundo, de forma violenta. De cada 10 mulheres, 3 são violentadas Di-a-ri-a-men-te. Só esse ano, e ainda estamos no inicio de fevereiro, 110 mulheres morreram (somente no Brasil) fruto da violência, incluindo ai, a violência doméstica - isto é, a cometida por um dos seus familiares ou maridos.

"Segundo uma teoria desenvolvida pela psiquiatra americana Lenore Walker, que estuda a cumplicidade da mulher espancada com seu agressor, a violência doméstica segue três ciclos distintos. A primeira fase é a escalada da tensão, uma tensão insuportável, que costuma moer emocionalmente a mulher, e durante a qual ela se anulará ao extremo para tentar apaziguar o parceiro. Como Julia Roberts, no filme Dormindo com o Inimigo. Jamais dá certo. Segue-se a brutalidade anunciada, que dura, em média, de duas a 24 horas. Durante a sessão de violência, a mulher não tem mais o que temer — o pior já está ocorrendo. É a catarse, para os dois. Passada a explosão, começa a fase da tranqüilidade doentia, em que a vitimização da mulher se completa: o parceiro faz juras e promessas, e ela, por não ter condições psicológicas de não acreditar, finge que acredita. Não é raro que uma mulher submetida a anos de abuso acelere a fase da pancadaria para chegar logo à fase da lua-de-mel. Somente quando a agredida se sente completamente sem saída, pode ocorrer-lhe matar o companheiro agressor. Nesse momento, com medo de si mesmas, muitas procuram ajuda." 

 O que assistimos no BBB, não foi um barraco de jogo, mas a violência contra a mulher na sua mais crua e daninha realidade. Volto a falar, a participante foi agredida, humilhada, destruida a sua auto-estima e - fruto da solidão que estava, vide a indiferença dos demais participantes, terminou a noite ao lado do seu agressor.

E o pior, é enxergar em vários sites, incluindo ai a edição aberta da emissora, que transformou a vítima em participante da agressão. Minimizando o que realmente acontecera. O que lembra a piada infame sobre mulheres estupradas: "- com que roupa você estava quando o fato aconteceu?" 

Por que no final, é essa a mensagem que passa, a mulher agredida tem culpa e só é a vítima quando sai do quadro de violência e entra para o de óbito. 

No mais, qual o problema de vermos um homem vociferando contra uma mulher, chamando de puta, gorda nojenta, puta gorda, etc? É apenas um jogo e a participante é chata. Eles se merecem. 

A esses, só deixo aqui um toque, como disse inicialmente, a violência contra a mulher não é exclusividade de nenhuma classe social, nem educacional, nem regional, tampouco está presa entre as quatro paredes do reality. Infelizmente, às vezes ela bate também a nossa porta...

8 de fev. de 2011

Carta Aberta às Mulheres

 Este post foi copiado de um comentário que deixei hoje em um grande blog que fala sobre BBB, o qual acompanhava há anos, mas que hoje estou me despedindo. Não citarei nomes, nem links, para não dar publicidade a esse respectivo blog, que sinceramente, hoje vi que não merece figurar entre os grandes.

" X, sempre gostei desse espaço por ver nele um mais do que uma simples arena para dissecar os participantes, mas também por permitir enxergar o ser humano dentro da casa.
Hoje, estou me despedindo daqui, pelo menos nesse BBB, não vou ser definitiva e dizer que nunca mais volto, pq a vida segue e tudo pode mudar.

Mas, a chamada desse post me ofende profundamente, não como telespectadora, mas como mulher. Independente de qualquer coisa, o que Diogo fez e falou ontem para Paula, ultrapassa qualquer outro barraco de jogo. Foi bulliyng - considerado crime no nosso código.

Foi um agressor que humilhou sua vitima de forma cruel e pior, ao perceber que sua vitima, pois foi isso que Paula foi, estava sozinha, dado que nenhum dos participantes saiu em sua defesa, fez o qua a maioria dos agressores verbais faz, também se aproveitou da fragilidade da sua  vitima para fins sexuais.

Sim, Paula permitiu. Será? Ou estava acuada demais dentro de uma casa onde ninguém parece aceitá-la e tratam todos, Diogo como seu Deus.

Peço que nunca você tenha que lidar com violência de nenhum tipo, principalmente aquela que te faz sentir vergonha de ser você mesma - como acontece nas agressões as mulheres, porque é duro, X. Poucas, muito poucas mesmo, vide as estátisticas conseguem dar um basta no seu opressor, a maioria, como Paula, continuam enredadas nas teias de sedução desse bárbaros.

BBB, é um jogo, mas antes de tudo, existem seres humanos ali, que sabe, mesmo na luta por 1,5 milhão, são frágeis e as vezes não sabem lidar com o acontecido.

Se UM, apenas UM dos participantes, tivesse apoiado a Paula nessa briga, ela não deitaria na mesma cama que o seu agressor. Mas, infelizmente, tanto lá, quanto cá, o julgamento pelo corpo que ela traz, pesa muito mais contra ela.

O pior da violência feminina é que primeiro nós temos que provar que somos as vítimas, enquanto as agressores só precisam dizer que nós somos putas!

7 de fev. de 2011

Irritando Patricia Daltro

As semelhanças e diferenças entre homens e animais são a reação de ambos quando irritados. Os seres humanos normalmente avançam e os animais mordem. Ou o contrário. Mas, não importa. Ando numa fase terrível, quase protagonista do programa da GNT. Não que eu seja uma pessoa facilmente irritável. Sou quase uma monja budista, relax total, mais quer saber, ultimamente, tem sido terrível. Primeiro, porque estou de dieta e sou a favor de confinar pessoas que façam dietas. Tenho certeza de que a terceira guerra mundial irá acontecer quando um dos governantes estiver sem consumir açúcar há uma semana: - Eu já falei, ou me dá um pedaço da torta ou explodo um míssel em vocês!

Segundo, porque o dinheiro resolveu terminar comigo. É impressionante, uso a filosofia do segredo e mentalizo: eu amo o dinheiro, eu tenho muito dinheiro... Mas não adianta, as notinhas se recusam a entrar na minha carteira! 

Terceiro, por que estou a 4 meses de completar quarenta. Como quarenta?! Eu até ontem estava em crise por que fiz trinta anos!?

Como podem ver, motivos não faltam para estar irritada, e soma-se isso a uma quantidade insuportável de pessoas que, eu tenho certeza, nasceram para me irritar. Devo ser o Karma delas, só pode! 

Quer ver? Detesto pessoas que falam alisando. Normalmente, disfarço e chego um pouco para trás. Outro dia, teve uma que, eu chegava para trás, ela chegava junto. Daí tinha uma parede e fiquei presa, lá pelas tantas, tive que interromper a conversa e perguntar se iria rolar beijo na boca, porque me alisando daquele jeito, eu já estava ficando apaixonada.

E tem aquelas que falam gozando, sabe aquela coisa de: - Ahhhh, vocêimmm nãumm podiammm fazerrr isso pra mimmm. E tem a segunda opção, tão odiosa quanto, dos que falam mijando: - vocêixxx nauxxx podia fazerrrr ixxxo pra mimmm? Pois é, e eu só tenho esbarrado com pessoas que falam assim. Tive que resolver um problema e tinha uma atendente adepta da primeira opção. Juro, tive que me conter para não mandar tirar o vibrador dentre as pernas, só isso para justificar a maneira dela falar.

E tem os miguxos. Engraçado, eles não me irritam tanto, só acho que tinham que vir com legenda. Principalmente quando escrevem. 

Finalizando meus fatores irritantes atuais, de 0 a dez, a nota máxima vai para os “incompletadores” de frase. Os que terminam tudo com etc, como assim etc? O que significa etc? Eu estava andando pela rua e etc... ora, eu posso deduzir qualquer coisa de uma frase assim: desde encontrei a mulher da minha vida até fui abduzido por um OVNI.

E a variante de etc, que é o ó. Alias, o ser humano que termina a frase com ó, normalmente começa com tipo assim. Você está lá na maior atenção e a pessoa manda: - tipo assim ó

Na verdade, eu estou errada, não posso me irritar com uma pessoa que fale: tipo assim ó. Esse ser é um iluminado. Capaz de resumir todo um inicio, meio e fim em apenas três palavras, se é que ó possa ser considerada uma palavra.  

E, é claro o “incompletador” mor a pessoa que responde tudo iniciando com então. – Você foi na padaria? – Então, eu fui. Ou – Você fez exame de próstata? – Então, eu fiz. Qual o problema do sim? A nova reforma ortográfica matou ele junto com o trema? Cadê os outros advérbios e conjunções? Morreram também, só pode.

Então, tipo assim ó, eu não sei como terminar esse texto e etc.

3 de fev. de 2011

Para a Irmã Postiça que a Net me Trouxe: Felicidades!

Créditos: www.brides.com

Por que hoje é aniversário Dela, a irmã que descobri na net. Semelhanças, afinidades, dores tão parecidas. Separadas por quilometros, mas com o coração tão perto um do outro.

Mana Amélia, xará Paty, que hoje seu dia seja mais que especial. Sei que o melhor presente veio de longe, via telefone e que trouxe alegrias e sorrisos bobos em todos os familiares.

Mas, que este post sirva também para te trazer felicidade e que meus votos de que tudo dê certo em sua vida, sejam abrençoados pelos anjos!

Parabéns amiga e que este aniversário seja o inicio de uma nova fase repleta de felicidades e desejos atendidos!

E que bom que tive o prazer de te conhecer. Ainda não pessoalmente, mas é só questão de dias. Deixa só eu ganhar na mega sena! rs

1 de fev. de 2011

Ninguém segura!


Passeio de domingo após o pagamento era a quinta da Boa Vista. A família toda ia, incluindo ai, filhos, netos, parentes próximos e vizinhos. Íamos de Kombi ou furgão verde, o transporte oficial. 

Os preparativos começavam no dia anterior, assar o frango, fazer a farofa, cozinhar os legumes, para acrescentar a maionese no dia seguinte para não estragar. Além dos sanduíches, refrescos e águas colocados no congelador para que estivessem no ponto no dia seguinte.

Isso eram os adultos, nós, as crianças, ficávamos rondando pernas e mesas, excitadas demais para dormir, ainda muito pequenos para ajudar. A festa se encerrava com a bronca do avô ou de uma das mães e lá íamos nós, para um sono forçado, antecipando o passeio tão aguardado todos os meses.

Ainda sonolentos éramos encaminhados para o carro da família, e era o som do motor que nós despertava e trazia de volta a excitação do dia anterior. Cantávamos, brigávamos, brincávamos até chegar a Quinta.
Lá éramos libertos e toda energia contida era destinada a subir e descer montes rolando, brincar de pique tá, pique alto e tudo que envolvesse pernas para que te quero.

Até os gritos de: Crianças, venham almoçar! E lá íamos nós, atrás da comida, já disposta na toalha sobre o gramado.

Num desses dias de farra ao extremo, no corre-corre daqui e acolá, alguém, foge completamente a memória o autor do feito, tropeçou na toalha estendida sobre a grama e num puxão involuntário, fez o frango, mal equilibrado na travessa, rolar.

Daí, foi jogo de futebol, o povo correndo atrás do frango, que se desvencilhava de pernas e braços e rolava disparado, barranco abaixo.

E era uma confusão de vozes gritando: Segura o frango! E a danada da ave, que parecia estar viva, seguia quicando sobre toalhas de outras famílias que no impulso do jogo, juntavam-se à perseguição.

O destino do frango, que por uns momentos ansiou pela liberdade, foi cruel. Embora não deixasse que mãos ou pés desesperados interrompessem sua inusitada trajetória, encerrou sua triste sina debaixo das rodas da bicicleta, de um ciclista distraído, que não ouviu os apelos familiares que gritavam a plenos pulmões: - Segura esse frango!