30 de jan. de 2011

Minhas Mais Terríveis Histórias de Horror

Na vida sempre temos várias opções. Até nas tragédias/dramas pessoais. Uma delas é ficarmos calados. Meio esperando que tudo que aconteceu vá embora, vire lembranças que não buscaremos e que, na maioria das vezes, nos acordará algumas noites em forma de pesadelos terríveis, que nós farão suar e gritar. E ficar andando pela casa, sem conseguir dormir.

Não que falar resolva, mas ajuda. A gente e a outras pessoas que possam, um dia, se depararem com situações similares.

Não, eu não costumo falar da minha vida pessoal no blog. Nem no meu antigo e nesse, até ensaiei algumas vezes, mas normalmente, prefiro escrever sobre personagens, que possam ter ou não haver comigo. Mas, como eu disse, as vezes, é preciso falar.

Tem tempos que freqüento o blog da Lola (Escreva, Lola, Escreva) é ali tem se debatido bastante a questão da violência contra a mulher – em todos os seus tipos. Mas, teve um post dela que me fez ficar entalada. O qual ela intitulou de A Minha Mais Terrível História de Horror. Ali, descobri que todos nós temos histórias de horror para contar, e o pior, que eu tinha muitas! Sabe, essa coisa de deixar para trás e seguir fingindo que não foi com você? Eu fiz tantas vezes isso sem nem perceber. Mas, ao ler aquele post e os relatos que outras mulheres foram deixando nos comentários, percebi que meus horrores pessoais estavam todos bem acordados, só esperando o momento certo para me assombrar. 

Meu primeiro contato com a violência sexual contra mulheres começou cedo. Não sei se por que tinha um aspecto meio andrógeno, ou por morar em uma região de baixa renda, fui quase vítima de predadores sexuais. Uma dessas vezes, minha primeira lembrança, deveria ter no máximo uns cinco anos e numa loja de departamentos, enquanto minha mãe falava com o vendedor, o sujeito chegou e puxou minha mão para dentro da sua calça, que estava aberta. Foi muito rápido, assustador e nojento. Graças aos céus, minha mãe viu e como uma leoa, defendeu sua cria, atacando o homem, que fugiu. 

Numa outra ocasião, em um cinema, um pouco mais velha, oito anos, o sujeito sentou a meu lado e tentou passar a mão em mim. Novamente fui salva pela minha mãe, que bateu muito no sujeito! 

O resultado desses episódios: uma mãe paranóica (com toda razão) e uma criança completamente retraída, que se recusava a falar com pessoas desconhecidas, principalmente do sexo oposto.

Quando eu tinha dez anos, a mulher do meu tio foi estuprada. Pelo dono da papelaria do lado de casa. Ela voltava do mercado por volta das seis da tarde, quando foi agarrada e jogada dentro de uma carro. Eram dez da noite quando chegou em casa. Ensangüentada, com as roupas rasgadas e humilhada de um jeito que, descobri naquela noite, ninguém merecia ser. O pior é que esse crime ficou por isso mesmo, não existiam delegacias de mulheres naquela época e o policial que investigou o caso, “justificou” o sujeito, dizendo que ele tinha tido um dia ruim! 

Com doze anos, fui convidada para viajar com a família da minha melhor amiga. Excursão para uma cidade no interior. Minha mãe não queria deixar, foi depois de muita insistência que aceitou. Fui. Ao meu lado, no banco, um jovem de 22 anos. Fui acordada com um beijo. Poderia ser uma bela história de contos-de-fada, mas não foi. Claro, que no primeiro momento, fiquei toda besta, afinal, tinha doze anos e um homem de 22 se interessava por mim.

A coisa ficou esquisita quando as carícias começaram a ficar mais intimas! Eu me assustei. (Só para constar, eu ainda brincava de pique-esconde com meus primos!, ). Eu comecei a repelir, mas ele insistiu. E insistiu. E dizia, que ele sabia que eu queria aquilo tanto quanto ele. Que eu era uma vadiazinha! Todos no ônibus dormiam. Eu só queria gritar e pedir socorro, mas a voz não saia (durante anos, tive pesadelos com essa cena, e eu nunca consegui gritar). Ele só não terminou o “serviço”, por que eu, de algum jeito, consegui me desvencilhar e fugir para outro banco. Eu não conseguia chorar, nem contar para ninguém o acontecido, por que no fundo, achava que ele tinha razão, que fora eu que permitira tudo aquilo. 

Ele continuou me perseguindo durante a viagem. Fiquei no quarto do hotel, fingindo uma doença qualquer.

O final-de-semana acabou. Eu tinha virado uma sombra. Assustada e chorosa. Mas, ele ainda não havia acabado. Infelizmente, ele descobriu onde eu estudava e passou a me esperar na porta do colégio. Foram duas semanas de terror, me escondendo na biblioteca, pedindo as irmãs para me deixarem ficar lá.

Um dia ele não estava mais lá, não fisicamente, mas eu continuei o vendo por todos os lados. A culpa, o medo, a soma dessa situação resultou num quadro depressivo tão forte que tentei suicídio. Salva por minha mãe, fui encaminhada à terapia, dez anos para me livrar de uma culpa que não me pertencia e entender que eu era a vítima.

Com quinze anos, eu não tinha minha sexualidade bem resolvida (muito fruto da história anterior), era virgem e estudava em um colégio de freiras extremamente repressor. - fui a uma festa na casa de um amigo, e lá me deram um copo de coca-cola, depois, como a festa estava chata, o namorado de uma amiga convidou, eu e essa amiga, mas um outro cara, que não conhecia, para darmos uma volta de carro.

Minha memória fica meio confusa nessa hora, mas lembro de começar a ver tudo dançar, as luzes ficando mais fortes e eu não tendo mais controle sobre minha voz e corpo.

Reconheci vagamente que estávamos indo para o Alto da Boa Vista (um lugar bem deserto).

Eu sabia que tinha algo errado, principalmente, por que o cara que estava ao meu lado, ficava tentando me acariciar, eu lutava com o resto das forças que tinha, mas não conseguia raciocinar, tentava avisar minha amiga, mas a voz saia enrolada...

Então o carro parou em um lugar deserto e minha amiga ia saindo com o namorado, me deixando só com o desconhecido, mas, talvez por que nosso grau de amizade gerasse quase uma telepatia entre a gente, ela parou e perguntou se eu estava bem.

Eu não consegui dizer nada, só grunhi alguma coisa, que ela entendeu como socorro.

Então, ela começou a gritar com o namorado, com o amigo do namorado e exigiu que levasse a gente para casa. Eu apaguei ai.

Acordei no hospital, descobrindo que tinham colocado ácido na minha coca-cola. Naquela noite, escapei de algo terrível, ou melhor, eu e minha amiga escapamos.

Um ano depois, vi essa amiga ser destruída. Estuprada com dezesseis anos pelo sócio da agência de modelos em que trabalhava. Na delegacia teve que descrever a roupa que vestia. Por que entrou no carro do seu chefe, fora do horário de trabalho e como foi para o motel com ele sem querer, (a parte em que ele tinha uma pistola encostada na sua cintura em todo processo, foi ignorada completamente pelos policias) – na época desse estupro, delegacia de mulheres ainda era luta a ser conquistada.

Minha amiga nunca superou esse episódio. O estuprador morava próximo a casa dela, e passava quase diariamente de carro, “pedindo” para retirar a acusação. Ela foi demitida da agência. Teve que se afastar do bairro onde morava há anos, por que não podia sair à rua sem esbarrar com seu algoz.

Éramos duas crianças, e amadurecemos nesse verão. Ela ficou na minha casa, até a coisa se acalmar. Isso é, quando o cidadão percebeu que ela iria até o fim do processo, ele fugiu. Simples assim. Ele foi embora, a policia não fez nada e ela ficou, parte do que um dia fora, sempre amedrontada, perdida. Passou a ser usuária de drogas, cada vez mais pesadas. Um dia, perguntei por que ela estava fazendo isso com ela mesma, e ela me disse que morrera naquele motel. Só queria que o corpo acompanhasse sua alma. 

É isso que o estupro faz com a gente, mesmo quando ele não se concretiza no sentido total do ato. Nem sempre quem sofre essa violência, consegue voltar. Muitos ficam presos, vitimados por um medo que faz gelar a menção de um simples toque.

E tem as outras violências, não físicas, mas tão dolorosas quanto. Gritos, ameaças, humilhações, traições, tudo faz parte do pacote, mesmo quando não percebemos. Mas, a pior violência é ficar em silêncio. Por que ficar em silêncio fortalece o agressor e enfraquece a vitima. É preciso falar, denunciar, questionar... 

12 comentários:

Elaine Gaspareto disse...

Concordo com o Alê, também fiquei com o coração apertado.
Quanta barbaridade, meu Deus!
Sabe o que mais?
Republique este post.
ele precisa mesmo ser lido.
Beijo

Iara disse...

Paty menina linda, isso nos gera raiva, revolta, vontade de fazer algo para que nenhuma mulher mais passe por isso, com certeza é muito difícil a superação, dar a volta por cima, esquecer é impossível (sei disso), mas acomodar o sentimento, a revolta, tritura-la na lembrança até que fiquem somente pedaços tão mínimos que não nos assombrem talvez seja possível. Acredito que o mais importante é realmente falar, divulgar, porque isso tem dois propósitos, o falar alivia nossa alma e ajuda os corações de quem também já passou por isso. O passo que deste é muito importante, espero que tenha deixado tua alma mais leve porque já trouxe ajuda a meu coração.
Um dia Paty, e esse dia chegará, esses fantasmas abandonarão nossa memória, e com nossa força deixarão de fazer parte de nossa história, mas que saibamos o quanto é importante falar às vezes sobre nossos monstros, para que eles não nos amendrontem tanto e mesmo que pareça um milagre, talvez algum dia não existam mais e nenhuma mulher, jovem, ou criança seja novamente assustada por eles.
Doeu ler, escrever e comentar assumindo meus mosntros mesmo sem relata-los, por isso amigo admiro muito tua coragem por ter falado tão abertamente sobre o assunto.
Volta e meia reedite este post sim, sempre há alguém precisando de ajuda para matar este monstro horrivel que se esconde dentro de quem já passou por isso e aparece vez em quando, mesmo quando já o imaginávamos morto.
Meu coração agradece teu coração, minha mão segura na tua e uno minha força a ti para encontrar a superação e tentar que crimes assim não aconteçam mais, com ninguém.
Obrigado querida amiga, muito obrigado.

Iara disse...

Quanto ao reality, não vi, nem sei quem foi, nem como aconteceu, mas assim mesmo após ler o que escreveste sobre o assunto vou opinar sim.
Não acredito que tenha acontecido, que Deus me perdoe se eu estiver errada, mas ninguém conta algo assim desta maneira, numa festa, não é assim que funciona, a revelação de algo assim demora muitos anos na maioria das vezes, e quando temos coragem de contar a alguém são segredos revelados para uma amiga muito intima ou num consultório durante a terapia, e assim mesmo, nunca revelado nas primeiras sessões e nunca num papo qualquer com várias pessoas que antes de amigos estão ali disputando um premio. Posso estar errada, e estar julgando errado, se é isso que me perdoe a pessoa em questão, mas se for para tentar reverter uma eliminação, desculpe é muita baixaria e realmente banalizar a dor e o sofrimento de quem já passou por isso.
Beijos

Clau disse...

Oi Patrícia!

Nooossa, fiquei lendo seu texto de olhos arregalados e quase imóvel aqui em frente ao computador.

Quanta maldade um ser humano é capaz de fazer com outro, né?

Mas no seu caso ainda bem que teve dois anjos da guarda, sua mãe e amiga, que te defenderam.

Trabalhei cinco anos em vara criminal no Fórum, e cada abuso q lia me dava mais nojo. Pais, padrastos, vizinhos... e até uma funcionária de creche que deixou sua marca, literalmente, no corpo de uma criança de 01 ano(menino).

Acho que a mãe nesses casos tem papel fundamental em não deixar esses horrores se contretizarem, mas em muitos casos me pergunto: onde elas estavam qdo tudo acontecia? Muitas tem medo de perder seus "homens", sentem até ciúmes das filhas violentadas por eles, etc, etc etc, e horrores mais, etc etc... não gosto muito de relatar isso porque tem histórias que custei a esquecer e me aterrorizam o sono até hoje, mesmo tendo somente lido e manuseado processos. Alguns acusados eu vi qdo secretariava audiência, e tinha vontade de cuspir, mas na frente do juiz tem uma cara de tão coitadinhos que se não sabemos sentimos até pena.

Um depoimento de um traste desses ele relatava detalhes de como aliciva as meninas, de nove a onze anos, e dizia que de doze e treze já era "coroa". Pode?

Graças a Deus nunca tive o desprazer e o horror de ter um pesadelo desse acontecendo comigo e com alguém próximo, mas violência especialmente contra criança é uma coisa q me incomoda muito. O simples choro de uma criança no apto do lado me faz ter taquicardia de imaginar o q estaria acontecendo, se está sendo violentada, humilhada, etc, mesmo que fosse só uma birra atoa.

Obrigada por ter coragem de relatar uma coisa tão íntima. Quem sabe seu texto não alcance alguém que precise libertar seus fantasmas também ou pelo menos ficar mais atenta ao que ocorre em suas próprias casas?

Grande beijo, admiro muito vc!

Clau Finotti

Fernanda Reali disse...

Não passei por nenhuma dessas situações, mas tu descreves tão dolorasamente bem que me assusta. Tenho horror à violência e acho a pedofilia a pior de todas.

Quando eu falo e reclamo de coisas na escola, muitas maes, inclusive amigas, dizem que eu so louca, que imagina se isso vai acontecer numa escola boa dessas, blablabla. Fico sempre alerta, proibo atitudes, cobro de professores, converso com filhos advertindo-os, afinal em cada cando pode estar um agressor: um professor, um prestador de serviços, homem ou mulher. As crianças não preveem esses perigos, mas nós adultos sim, por isso a gente tem que falar, discutir, cobrar.

Qaundo tu te expões assim num texto, tu estás servindo de voz para muitos leitores. Isso é útil demais!

Lin M Sousa disse...

olá, tb fiquei estática lendo seu texto.. caramba , desde criança ouvia casos de estupro, violencia e sempre tive medo de ser estuprada.. nunca aconteceu nada parecido mas qdo sei de algum caso fico enojada e impotente. tive uma vizinha q nos anos 80 foi procurar emprego e foi encontrada dias depois , vagando pela cidade e desmemoriada .. o q aconteceu? ning soube... acho q dói rever esses fantasmas mas ao mesmo tempo é bom p exorcizar os demonios.. bjs LIN

Lily Luz disse...

Tô arrepiada com seu relato, e até por não te passando por metade do que vc passou, pensei que eu estivesse sendo injusya com a Michelly por ela querer contar isso na TV. Ainda bem que eu não estava errada, acredito também que quem sofre estes tipo de abuso quer sofrer calado. É claro que a ajuda médica é muito bem vinda e necessária, mas daí a espalhar pros quatro ventos é demais, né?
Beijos e te amo cada vez mais. Ainda bem que vc está aqui pra eu poder te dizer isso.
Beijos!

Sandra Peres disse...

Oi Paty, isso realmente é um horror. Não sei bem o que dizer, pq passei por coisas muito parecidas e sei que não resolveu em nada denunciar, só piorou o que já estava ruim.

Passei por várias fases, a depressão, a culpa, o medo, a revolta, o conformismo, até que não sei bem como juntei forças para virar o jogo.

Ainda tenho cicatrizes, sei que muita coisa não vai passar, não vai doer menos daqui a 10 anos.
Tento não pensar, não lembrar, fazer de conta que minha vida começou, quando consegui parar um ciclo, mas não é tão fácil, toda hora algo me faz voltar e machuca mais um pouco.
O pior de tudo é saber que eu sou a vitima, mas sou tratada como culpada e me sentir de mãos atadas.
Não me desespero mais, acredito que um dia eu fique mais leve, e possa perdoar todos os envolvidos.

é muito bom alguém falar sobre isso...

Pequeno Luiz disse...

nooooossa!

Quero lhe convidar a ler minha coluna no blog da Radio SAFIRA:
http://radiowebsafira.blogspot.com

Abraços e tenha uma otima tarde!

Em busca de mim, como realmente sou. disse...

Patricia,

Não sei o que dizer, nunca passei por algo parecido. Obrigada meu Deus. Se tem uma coisa com que me preocupo muuuuito a cada vez que vejo saõ criancinhas brincando do lado de fora de casa, sem a presença da mãe ou um adulto responsável. Meu coração dói, pois para um passar e maltratar de alguma forma essa criança é um minuto, e ngm vê.
Eu, na idade adulta, tenho medo de agressões deste e de outros tipos.

Deixo aqui meus sentimentos por todas essas mulheres que tanto sofrem por culpa de monstros que existem por ai.

Fernanda Maria disse...

O pior é o julgamento das pessoas que nem sempre é justo. Conheço uma garota que foi molestada pelo marido da tia quando era criança. Com 18 anos, ela resolveu colocar a história pra fora e tentar fazer justiça. Mas a família dela foi contra. Imagina só, você dá o difícil passo de contar e ainda tem que receber uma repressão dessas. Eu mesmo tenho minhas histórias, mas é complicado colocar pra fora. Acho que ainda me sinto, como muitas mulheres, culpada. Mesmo incoscientimente, já que racionalmente não temos culpa alguma.

Links disse...

Sei que to respondendo atrasada, cheguei agora ao seu blog pelo "escreva lola escreva". Mas lendo seu texto pensei "que horror, ainda bem que eu nunca passei por isso". E ai, acabei de lembrar que sim, ja passei por isso! To em choque. Tinha completamente esquecido (ou tentado esquecer...nao sei explicar). Tenho 27 anos e quando tinha 12 um amigo dos meu pais veio me perguntar se eu sabia beijar de lingua (to tendo arrepios de nojo de lembrar disso). Eu disse que nao e sai correndo. Ai toda vez que ele vinha vistar meus pais me trazia um chocolate, um doce... um dia eu tava deitada lendo um gibi de bruçose ele começou a passar a mao na minha bunda, eu fiquei em panico e nao mexi, continuei com os olhos colados no gibi, depois começou a beijar meu ombro, o horror total. E isso tudo com a esposa dele na sala do lado. Graças a deus minha irma chegou na hora (reclamando por que ela nao tinha ganho chocolate) e ele parou e disfarçou. Depois desse dia, quando sabia que ele vinha, eu sumia, e so voltava depois de ter certeza que ele nao estava mais la. E olha que venho de uma familia super aberta, CLARO que poderia ter falado com meu pai ou minha mae, que com certeza absoluta me defenderiam, iriam na policia, sei la la... e com certeza nunca mais deixariam esse cara entrar em casa ou se aproximar de mim. Mas eu nunca disse nada pra ninguém. Escondi tanto isso dentro de mim que acabei por esquecer. Lendo você agora que essa memoria nojenta reapareceu. To me sentindo estranha, mas pela primeira vez to pondo isso em palavras. Valeu pelo desabafo.