31 de ago. de 2011

A Arte de Não Saber Ter


É preciso tempo. Tempo para pensar, tempo para fazer, pelo menos a metade do que é preciso. Tempo para ser mãe, esposa, dona de casa, artesã, escritora, boa vizinha, internauta e mais tantas coisas que gostaria de ser. Tempo para viver. Tempo para descansar. Tempo para sonhar, tempo para brigar, tempo para arrumar, caixas, passados, casas, tudo e ao mesmo tempo, nada.

Tempo para ficar deitado na grama, olhar fixo nas nuvens, vendo desenhos e formas. Tempo para olhar a chuva que escorre no vidro da janela. Tempo para admirar a paisagem enquadrada na janela da condução.

Tempo para sentir. Tempo para permitir. Se permitir. Tempo para rolar no tapete e pular numa perna só ao som do ritmo infantil. Tempo para dançar com o filho. Tempo para beijar. Beijos ardentes ou selinhos inocentes, mas é preciso ter tempo!

Tempo para criar. Escritas, artes, modelos e cores. Tempo para inventar. Jogos, fantasias, histórias, pratos e costuras. Tempo para abraçar. Tempo para tocar. Rosto, cabelos, mãos, corpos.

Tempo para se desnudar. Preconceitos, roupas, baixa-estima. Alma. Tempo para não precisar de nada. E ansiar por tudo. Tempo para falar. Palavras, silêncios, olhares.

Tempo para agradecer. Aos amigos, aos parentes. Aos que chegam, aos que partem. Aos que de te desejam boas manhãs e aos que não te desejam nada. Tempo para sorrisos. Tempo para as lágrimas.

É preciso ter tempo. E essa, é a arte que ainda não aprendi ter.

29 de ago. de 2011

A Minha Versão de Pôneis Malditos

Dias dificeis, dias dificeis, fazem seu estresse aumentarrrrr
Gente cobrando, contas chegando (que saquinho!)
E não tenho como pagarrrr...
snac Te Quiero
(cantar ao som  de Pôneis Malditos)

22 de ago. de 2011

Pedido de Ajuda:

Amigos, peço ajuda para gêmeos recém nascidos, um casal e que estão precisando de tudo. Se alguém puder ajudar, principalmente com roupas e fraldas, por favor entrar em contato comigo. Estão no Rio de Janeiro e um dos bebes ainda está na UTI.


A família vive numa comunidade da maré, aqui no RJ. Um lugar de absoluta miséria. A mãe foi abandonada pelo pai das crianças e está desempregada.



Você pode falar comigo via:
Twitter @PatriciaDaltro ou e-mail: patricia.daltro@gmail.com 

Quem quiser ajudar em dinheiro, a Luci Cardinelli disponibilizou o PagSeguro.  via BLOG SOLIDÁRIO.

Na 5ª feira, eu e Luci iremos ao Saara comprar algumas coisas para as crianças. 

Agradeço de coração! 

20 de ago. de 2011

Sonhos Perdidos

Quando completou a idade que a vó achava que era suficiente para entender o mundo, ouviu: mantenha os sonhos sob controle. Não deixe que eles dominem sua vida, por que não dá para caminhar em nuvens. Nem os abandone em armários gris, por que sem eles, impossível enxergar as cores. 

E ela, que tinha a idade onde se acha certeza de todas as respostas, deu um muxoxo e seguiu em frente. 

Lembrou disso hoje, ao abrir os armários e achar, encolhidos, amassados, quase transparentes de tão antigos, os sonhos perdidos ao longo dos anos.

14 de ago. de 2011

Meu Amigo Chamado Papai

Por Marcelo Daltro - o papai do dia

Eu e meu filho temos uma relação muito especial. Infelizmente, neste momento eu não posso dar para ele todos os brinquedos que gostaria de dar, mas amor, carinho e atenção, isso ele tem bastante. E o maior barato é quando este carinho é retribuído de forma tão espontânea.

Um dia destes estávamos brincando no parquinho e ele estava brincando de bola com uma menina, e a tia da menina começou a puxar papo com ele.

Supercomunicativo como ele é, não precisa de muito para ele começar a conversar, começou a bater papo com a senhora. E dá-lhe conversa, a maioria das perguntas que se faz a uma criança, qual o nome, quantos anos tem, quando ela perguntou quem eu era (é difícil não dizer que eu sou pai dele) e ele prontamente respondeu: meu amigo chamado papai. Cara foi demais, lágrimas vieram aos meus olhos na hora, como agora enquanto escrevo, o maior barato é que ele com cinco anos me reconhece como seu amigo, antes mesmo de pai. E isso é especial demais, não só pelo que ele falou, mas pelo que aconteceu quando a Pat estava grávida, e que até hoje só eu e ela sabíamos.

A gravidez dele aconteceu em um momento bem complicado para gente, estávamos morando com a minha sogra, e eu estava em licença médica devido ao hipertireodismo, com isso o dinheiro ficou muito curto, meu organismo acerelado devido a doença, estresse ao máximo pela situação. Foi quando eu tive um sonho, sonhei com ele (eu sabia que era ele) e ele me dizia que era meu amigo e tudo ficaria bem. Então imagina a minha emoção, quando ele falou isso para uma estranha, alguém que tinha conhecido na hora. Sim, nós somos grandes amigos! Com ele eu sou um jedi ou sith (brincando de "Istar Uóssi"), lutamos contra múmias do Egito, somos piratas, jogadores de futebol, heróis e vilões. Hoje é o dia dos pais, mas o meu maior presente eu já ganhei. Filho, eu te amo, embora ainda vai demorar um pouco para você ler/compreender o que o seu amigo chamado papai escreveu!
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Neste post - Sobre Pais e Escolhas - falo também sobre esse pai tão especial para meu filho.

10 de ago. de 2011

LIVRO, NÃO PODE!

Sentada à mesa, termina um relatório, enquanto toma conta do sobrinho de pouco mais de um ano. Uma criança adorável de cabelos e olhos amendoados, que nesse momento, parece meio confusa, pela ausência repentina da mãe, e a casa nova, cheia de recantos inexplorados.

No chão, espalhado sobre um acolchoado, brinquedos diversos, prontos para encantar o pequeno. E ela o leva até eles, apresentando-os, buscando desviar o fato da mãe não estar. A criança distrai-se com um chocalho, desses que fazem um barulho infernal.

Pensando seriamente se fora uma boa idéia deixar aquele brinquedo a mão, ela volta aos seus afazeres, ao som de um choc-choc constante. E é exatamente a ausência deste som, que a faz desligar-se dos números e gráficos que se espalham a sua frente.

Procura a criança e a encontra, ainda a tempo de resgatar um pobre Machado de Assis, antes de ser reescrito por lápis aquarelados. Posiciona-se frente à estante, repleta dos seus mais preciosos bens, livros de autores nacionais e internacionais e energicamente, move o dedo de um lado para ou outro, enquanto afirma: - Livro não pode! Ouviu? Livro não pode!

Os olhos cor de mel, emoldurados por compridos cílios escuros, acompanham o movimento do seu dedo, de vez em quando escapando para deslumbrar-se com o mundo de tesouros coloridos que povoam a estante.

Ela o pega, põe novamente sobre o acolchoado e dá-lhe o chocalho barulhento. A criança, resignada, contenta-se em brincar com os já conhecidos objetos. Achando que está tudo bem, volta-se para os gráficos e porcentagens, que precisam estar pronto para o dia seguinte.

Novo silêncio a interrompe. Um olhar rápido e percebe o pequeno acocorado em frente a estante. Chegando mais perto, não pode deixar de esboçar um sorriso ao ver que a criança, repetindo o gesto, feito por ela anteriormente, move o dedinho de um lado para o outro, enquanto murmura baixinho, tentando se convencer do impossível: - Livo, num podi. Livo, num podi.

Subitamente compreende a mensagem que acabou de passar ao pequeno e num gesto que nunca se imaginaria fazendo, mas também, nunca se imaginou na condição de babá de ocasião, pega vários livros e os espalha em torno do sobrinho.

- Titia errou, querido, livro pode sempre! Senta aqui que vou te apresentar alguns deles.

2 de ago. de 2011

Pequenos Defeitos: Perfeitinha

Por que as vezes me cobrava tanto que me machucava ao perceber que era apenas humana. Um dia perguntaram qual era meu principal defeito, e riram quando respondi: A busca da perfeição. Mas isso é defeito? perguntaram. Como não? Se por causa disso,esquecia, às vezes, de respirar. Tensa e retesada ad aeternum na ânsia de ser aceita. Morrendo de medo da descoberta da fraude. Pois é, quando cobramos muito de nós mesmas, achamos sempre que somos uma fraude, prestes a ser desmascarada a qualquer momento. 

E era preciso ser inteligente, bem humorada, criativa, multitarefas, tudo ao mesmo tempo agora e sem parar. Por que quando se para, é uma falha. E a falha é imperdoável

Quando errava, ou quando o planejado, se desorganizava todo perante meus olhos, batia uma angústia feroz, ataque de ansiedade desses de colocar saquinho no boca e contar até mil. Vontade de sumir da face da terra, como se todos fossem apontar dedos e falas... Medo...

Demorei a enxergar que não era o outro que me queria perfeita, mas eu mesma que me obrigava a ser o que ninguém poderia ser...

Boazinha demais, disse a amiga, numa critica sincera. É impossível ser tão polyanna assim. Jogo do contente para apagar angústias e tristezas ocultas. Mas por que? Ou pra quê ou quem?

Depois de constatado isso, não anseio mais a perfeição... Minto! Tento não querer mais a perfeição. Faço um esforço para aceitar a humanidade carregada de erros que há em mim. 

Planejamentos falham, sonhos são desfeitos, atividades saem errado... Mas nada disso muda àquela quem sou. E se não sou como você pensa, hoje não quero mais me adaptar, apenas te digo adeus e vou embora, porque, sinceramente, eu sou exatamente do jeito que posso ser.