28 de mai. de 2011

Pé ante Pé

Demorei para entender que às vezes, as coisas simplesmente acontecem. Sem porquês, ou causas anteriores, apenas acontecem. Claro que em muitas ocasiões, são nossos pés que traçam o rumo da estrada que percorremos e tudo o mais é consequência das escolhas feitas anteriormente.

Mas, em dado momento, as coisas acontecem sem que nada do que você tenha feito anteriormente tenha interferido. E, é nesses momentos que você oscila entre seguir em frente ou continuar ali, tentando entender o porquê. 

E, como não existem porquês, você apenas zanza em círculos, impotente demais para mudar o acontecido. E, é claro, quando você luta e dai percebe num determinado momento, que lutar é ainda a saída mais fácil, que o mais difícil é aceitar o que está ali e aprender a desistir. 

Entenda, que não é desistir da fé, mas desistir de dar murros em ponta de faca, desistir de dar braçadas lutando contra uma corrente que é mais forte do que seus braços. Aprender a lidar com a maré. Isso sim, é o mais difícil.

Viver um dia de cada vez é entender que o pé direito sempre vai após o esquerdo, e é assim que construímos passos, talvez isso implique em caminhadas futuras, no entanto, concentrar apenas no pé que apoiá, sem pensar em mais nada, faz parte de um processo seguro anti-loucura. 

Pensar no que virá a seguir, ou no que nos espera na próxima esquina, ou ainda, na estrada que acabamos de deixar para trás, tudo isso implica em não seguir em frente. Mesmo que as lágrimas insistam, mesmo que a dor seja maior do que você seja capaz de achar-se capaz de aguentar,  um pé sempre vai após o outro e os passos serão dado, rumo a algo ou algum lugar qualquer, que talvez seja melhor, ou não, a aquele que você está. 

Acreditar nos meus pés e passos. Talvez seja isso que esteja fazendo agora. Incerta dos rumos que se desenham perante meu olhos. Mas convicta de que é isso que posso fazer por hoje. E, por enquanto, isso é tudo que posso fazer, mesmo doendo.

21 de mai. de 2011

Cenas de Família

Enfrente seus pesadelos. Dizia meu avô. Deite novamente e sonhe o mesmo sonho, mas agora sob o seu controle. Demorei a fazer isso, mas consegui um dia. E alegre fui contar, que dessa vez, conseguira subir as escadas até o fim. Sonhos que se repetem. Escadas longas que terminam em salas escuras, onde sombras espreitam. Nunca antes havia chegado até o fim delas, acordando sempre, o coração descompassado. Respiração ofegante. Até o dia que ele me ensinou o segredo. Sonhe o mesmo sonho. Simples. E com ele tudo sempre parecera tão simples.

Uma figura pequena. Nem um pouco frágil, no entanto. Sonhava os seus próprios sonhos e foi isso que o fizera abandonar tudo e mudar para a pequena casa no meio do nada. Uma selva de matos e árvores. Feliz. Fora ali que ele crescera e foi ali que escolheu passar seus últimos dias. Embora, sequer suspeitássemos que fossem tão poucos.

Hoje tive um pesadelo. Daqueles terríveis, que só a sua voz sabia acalmar. E pude te ouvir no meu sonho. Mandando que eu o enfrentasse. Meus medos, tantos. Que precisava de você aqui, para espantar de vez todos os fantasmas. O fantasma da sua ausência, que é o pior de todos.

Ainda não consegui pisar no sítio novamente. Embora sonhe com ele com freqüência. E nos sonhos, posso te ver, envolvido em invenções mirabolantes, que tanto atiçavam minha imaginação: a máquina de lavar feita de um barril de chope, o ventilador de motor de moto, que andava pela casa. Um gênio caseiro. Meu mágico familiar.

Nunca senti tanta impotência quanto o dia em que você se foi. Eu não tinha tido a chance de te abraçar uma última vez. De novamente ouvir você me dizendo que pesadelos acabam com a entrada da luz. De dizer que te amava. Acho que nunca disse.

Mas essa noite, vou sonhar o mesmo sonho, onde te encontro no sítio, e irei enfrentar os meus fantasmas, e dizer o que deveria ter dito, que eu te amo muito e que você foi o melhor avô que eu poderia ter tido..

18 de mai. de 2011

Vai me ler lá, vai!

Ô que chique, meu conto Oito Anos - foi selecionado no Concurso de Conto organizado por Elaine Gaspareto - o meu e o de mais 19 talentos. E você pode conhecer todos os finalistas indo no blog feito para isso: Concurso Conto Vidas!

Oito Anos
Patricia Daltro
Não lembro muita coisa daquele dia. Lembro que era feriado. Minha mãe odiava feriados, porque tinha que trabalhar e não havia escolas para mim e meu irmão. Lembro de ela me mostrar as panelas em cima do fogão, a comida feita. Eram cinco e quinze da manhã, eu cambaleando de sono resmungava um entendi, para tudo que me mostrava. Isso é o feijão, aqui tem o arroz, é só esquentar. Tem ovo na geladeira. Não deixa o Maicon chegar perto do fogão enquanto estiver esquentando a comida. Vou pedir para a Iraci passar o olho em vocês. Cuida do seu irmão, eu volto logo e um beijo.

Ela me dava um beijo estalado na testa, um outro no meu irmão, que dormia enrodilhado na cama dela. Era assim todo dia, nesse dia também. Ainda virou para trás, mais uma vez pediu que olhasse Maicon. Eu já estava deitado, mal ouvi quando a porta bateu...

Para continuar a ler, venha ao Concurso Conto Vidas

17 de mai. de 2011

Reticências

Às vezes é muito complicado entender porquê as coisas acontecem. Mas, independente de você entender ou não, as coisas acontecem. E só nos resta seguir em frente, mesmo quando não se sabe aonde vai parar o seu próximo passo..

15 de mai. de 2011

Fica, Tem Sorteio!

Queria te convidar pro aniversário de 1 ano Bichos de Pano - minha loja virtual - local onde exponho minhas criações. 

Toda festa tem que ter presente, e por isso, estou comemorando com um três SORTEIOS tudibom! Olha só os prêmios:

estampa pode variar

Clutch e máscara




Kit Notebook: Bolsa e bandeja para note

Todos os SORTEIOS acontecerão no dia 01/06 - dia em que a Bichos de Pano completa seu primeiro ano de vida! Então, que tal correr e participar? www.bichosdpano.blogspot.com

12 de mai. de 2011

Um Dia Feliz pra Você!

 Ontem tive um dos dias mais felizes dos últimos tempos. 
Num dia iluminado (re)conheci minha grande amiga Bel,  porque, o fato da gente nunca ter se visto antes, mas só se falado pela net ou por telefone era mero detalhe. 
Bel é uma amiga que trago dentro do peito há anos, a qual conheci via blogs da vida, apresentada virtualmente pela Jady.
Sou completamente apaixonada por ela, pelos seus escritos e ontem, cai de amores pelo seu sorriso e sua alegria de viver - Não fiquem com ciúmes maridos! rs

E o Rio continua lindo, com ela mais ainda! rs
E hoje é aniversário dela, e eu desejo que todos os seus dias sejam como o de ontem, ensolarados, coloridos, felizes e que possamos comemorar juntas outros aniversários - não precisa ser só no Rio, de repente, a gente comemora o próximo em Ilhéus, quiçá em Paris, tomando café no bistrô, onde Chico frequenta! (perdoem de novo, maridos) rs 

E eu se fosse vocês, corria lá no Quer Ler, Eu Deixo para dar parabéns pra ela, por que ela merece demais! :o)

9 de mai. de 2011

Semana que Segue

Semana começa. Dieta. Compromissos inadiáveis. A tal bola de neve agora maior e mais próxima. Vida que segue. Amiga muito querida que chega para conhecer a cidade! Felicidade. No mais, é mais uma segunda, dia mundial das promessas! Que serão desfeitas antes mesmo de chegar sexta-feira. Por aqui, semana decisiva,. Oremos! 

8 de mai. de 2011

Mudanças Especiais - Feliz Dia das Mães!

Quem diria que a pessoa depois de velha, ops, madura, iria abrir mão de princípios tão arraigados. Mudar hábitos e certezas que vieram se consolidando por décadas, poucas, fique claro! E tudo por causa de quem? De quem? De um homem (dito quase sussurrando de vergonha)

Começou com as madrugadas, logo que ele surgiu na minha vida, minhas noites ficaram insones. Foram tantas noites em claro, aguardando qualquer ruídozinho dele. Rodava na cama, num dorme-não-dorme ansiosa,  só aguardando que ele me chamasse, mais tarde, ansiava pelo barulho dos pés dele, vindo em direção a minha cama.

Outra mudança minha, por causa dele. Eu, que sempre odiei dormir grudada, seja com quem for, com ele, durmo melhor, sentindo seu corpo junto ao meu, ou pelo menos sua mão segurando a minha.

Claro, que não dormimos juntos sempre,  desde o inicio deixamos claro que teríamos que ter espaços separados, a fim de manter uma relação independente.

Mas, não foi só o dormir que mudou em mim. Por ele, virei uma espécie de Amélia contemporânea, passei a cozinhar. Fazer almoço e jantar, todos os dias! Além do café da manhã, tarde e sobremesas. E, é tão maravilhoso ouvi-lo elogiar minha comida! 

E o pior não é isso. Eu lavo e passo a roupa dele. É, gente, feministas amigas me perdoem... Mas, eu lavo suas cuecas. Não só lavo, como as cato espalhadas pela casa. E meias, e blusas, e todas as roupas, organização não é o forte dele.

E tem mais, realmente preciso de ajuda. Ele, quando irritado, grita comigo. E briga. Além disso, me troca facinho por outras mulheres, principalmente mais jovens... 

Mas, daí ele volta, sorriso grande no rosto, olhos brilhando e me chama de gostosa, princesa e diz que me ama! E ai, meu coração se aquece e esqueço todos os maltratos anteriores.

E nesse domingo próximo, eu, que sempre fui contra datas comerciais, vou aguardar ansiosa, o projeto, desenvolvido em segredo, no colégio e com anuência do pai, que irá se transformar no meu melhor presente de dias das mães.
Felicidades para todos aqueles que desempenham esse papel maravilhoso que é 
SER MÃE!

6 de mai. de 2011

Aquilo que Paralisa!

O medo paralisa e cega. Embota os sentidos, embrulha o estômago e traz lágrimas aos olhos. Ter medo é normal em algumas circunstâncias. É até saudável, pois contribui pra que fiquemos em segurança. A descarga de adrenalina que o organismo produz em situações que envolvem medo, muitas vezes podem fazer a diferença em momentos de risco.

Mas, não é isso que acontece comigo. Eu tenho medo. Permanentemente.

Diariamente ao acordar preciso me libertar do pânico de enfrentar um novo dia. de ter que tomar decisões, de ter que lidar com as pessoas. Na verdade, passo o dia inteiro enfrentando meus medos. É quase como se ele fosse um ser físico, que ficasse ao meu lado tentando me fazer sucumbir, e eu lutando para não me deitar em posição fetal.

Não é fácil lidar com o medo. Por muitas vezes, ele venceu e me deixei encolher, incapaz de ter qualquer reação. Anos de terapia me fizeram entender, que talvez ele fique sempre lá, ao meu lado, mas depende de mim, mantê-lo sob controle.

Conhecer pessoas novas, lugares ou situações diferentes, são motivos pra mim de horror. Angústia, ansiedade, sintomas que beiram ao físico.

Toda vez que tenho que ficar longe do meu filho, ou sozinha com ele, eu tenho que ficar me convencendo, racionalmente, que está tudo bem, que tudo vai ficar bem... Um minuto de relaxamento mental, e entro no mais completo e absoluto pavor. De que sou uma mãe péssima e que algo vai acontecer...

Larguei duas faculdades por não conseguir entrar em sala de aula. Perdi empregos por ter crises de ansiedades tamanhas, que me faziam trancar no banheiro e chorar, às vezes, por horas inteiras. Fiz tratamento, e tomei medicamento. Hoje não tomo mais.

Durante décadas, escondi de todos que me cercavam o que sofria. E disfarçava (disfarço) tão bem, que poucas pessoas, incluindo ai, parentes, sabem (ou souberam) do que eu sentia. Para esses, sou apenas uma mulher confusa e indecisa, que foi deixando as oportunidades escaparem. 

Falar sobre isso aqui, assusta, mas ao mesmo tempo, sinto que preciso fazer isso, não por mim, mas por outras, que descobri em algumas conversas, que também sofrem silenciosamente, vitimadas por esse medo. A essas, só queria dizer: - Olha, vocês não estão sozinhas...

E para aquelas pessoas, que desconfiam, que o medo de viver que tem, talvez seja um pouco maior que o normal, não disfarcem, nem se culpem por ele. Corram atrás de um tratamento! 

Pois uma coisa, que aprendi é que sou mais forte que ele, 90% das vezes. Mas, quando a vida fica mais difícil  quando tomar uma decisão parece sempre se tratar de vida e morte (como bem escreveu marido, nesse post), fica mais complicado respirar. Mas, a gente respira, devagar, contando até dez e vive, mesmo que seja um dia de cada vez.

3 de mai. de 2011

Novas Definições para Palavras Antigas

Saudade: É quando a gente acorda com o gosto do ontem na boca e uma vontade louca de viver tudo de novo amanhã;

Ansiedade: É quando você espera o impossível, na certeza de que ele irá acontecer, AGORA!

Tristeza: É uma dor que doi a gente não sabe aonde, causada por um não sei o quê e que faz a gente ficar vagando sem rumo na terra dos sentimentos abstratos.

Mentira: É uma verdade contada pelo inconsciente.

Felicidade: É uma ilha de Sim, cercada por um oceano de Nãos.

Amor: É um garoto que chega ao entardecer e nos brinda com flores da primavera.

Orgulho: Na casa vazia, estantes repletas de troféus e medalhas emboloradas.

Luxuria: A boca vermelha sussurra-nos segredos indecentes.

Preguiça: Na tarde de sexta-feira nos invade a vontade de embriagar-nos de nada.

Paixão: Mulher disfarçada de amor, incendeia tudo o que toca, no final, apenas cinzas.

Vaidade: No espelho pergunta, qual madrasta da pobre menina, quem é mais bonita que eu? Coitada, não consegue enxergar a própria face.

Inveja: Vive a espreita, a secar flores nos vasos, incapaz de obter suas próprias flores.

Ciúme: É quando a insegurança que vive na gente se apaixona pela incerteza de ser amada.

Inconveniência: É a arte de falar a coisa certa na hora errada.
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Texto republicado.

2 de mai. de 2011

O Desejo

Um dia, Ela achou uma lâmpada. Assim, bem parecida com a do tal Aladim. Imaginação fértil. Pensou: - Por que não? E tratou de esfregar a belezinha. Já imaginando desejos realizados. 

E dai, que apareceu uma Gênia semi-nua com cara de num-tô-afim-de-conversa, mas tradição é tradição e a gênia mal-humorada tinha que satisfazer um desejo dela.

- Apenas um?! - Ela quis saber. Revoltada com a enganação dos contos de fadas. 
- E fique feliz, porque se tivesse pego a lâmpada que foi deixada lá atrás, você é que teria que satisfazer os desejos de um gênio.

Não tendo outra alternativa, começou a pensar no que queria. Dinheiro? Isso seria bom, com dinheiro se pode ser/ter tudo. Mas tem também a violência, os interesseiros, o tédio... Pensando bem, era melhor pedir outra coisa. Podia pedir para ser a mulher mais bonita do mundo. Nãaaaao... ela ficaria muito triste com a velhice, quando perceberia que a beleza é algo efêmero. Um homem! Claro, ela pediria o homem da sua vida. 

· Então, já escolheu o desejo? 
· Sim, escolhi. Eu quero um homem lindo, alto, sexy, inteligente, simpático, hetero, rico, que goste de cozinhar e de fazer compras em shoppings, que odeie futebol e curta documentários sobre as borboletas em extinção no paquistão, que saiba se expressar bem, fiel, que leia de Paulo Coelho até Joice, que seja sensível, mas ao mesmo tempo seja másculo. Que adore sexo e prefira dar a receber prazer. Que saiba se vestir e ache todas essas modelos magérrimas horrorosas e que nunca, nunca coce o saco na minha frente, ou peide, arrote, ou cutuque o nariz. E que jamais, é isso é imprescindível, acompanhe a bunda de uma mulher, mesmo quando eu não estiver presente. Está feito o pedido. Pode mandar!

· Toma. 
· Mas, isso aqui é uma almofada?! Não é o meu pedido! 
· Tem razão, é melhor uma cama.. 
· Como? 
· Ora, querida, com um pedido desse, é melhor você esperar sentada, ou melhor deitada, por que milagre é com outro departamento.
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Texto republicado.