29 de abr. de 2011

Estou esperando, Nave Mãe!

As vezes eu queria que a nave mãe finalmente viesse. Sério, tem horas que não sei se sou daqui, ou de algum outro lugar. Enxergo as coisas diferentes. Sensações, comportamentos. Gosto dos gauches.

Um dia, e lá se vão tantos anos, fui chamada de esquizóide por um grupo, que hoje seriam denominados de bulliyng, numa singela viagem feita a um seminário de psicologia em João Pessoa.

Eu não era igual aquelas meninas, de nomes, rostos, corpos e mentes idênticas. Eu queria o avesso. O que elas jamais desejariam.

Eu estava lá, e era como se não estivesse, o estar e não ser no ambiente. Engraçado. Invisível era o que desejei na época. Como desejo hoje.

O cômico que fui quem salvou a patricinha em coma alcoólico na viagem de volta. Segurei cabelo, limpei roupa e entornei goela abaixo um preparado de café com glicose. Velei a alcoolizada até o fim da viagem.

De volta a faculdade, não houve agradecimentos, tampouco reconhecimentos, continuei sendo aquela que não existe. Mas, nunca me importou de fato.

Se fosse resumir quem sou em letra e música seria a Senhas de Adriana Calcanhoto.

Nessa urgência de fugir do óbvio, virei comunista. De filiação, peito estufado e a certeza de que mudaria o mundo. Ô céus, é impossível mudar o mundo, quando não se muda nem a si mesma! 20 anos depois, essa é a única lição que guardei. E a lembrança das porradas.

Porque algumas vezes apanhei da polícia de FHC. Uma quando ministro. Outra, quando presidente. E não, não falo isso com orgulho, nem vergonha, ou melhor, vergonha alheia talvez. Até por que desses conflitos, levo um tendão danificado na mão direita como lembrança dolorosa. Um dia conto isso aqui, ou não. Não sei bem se isso é importante.

E nesses anos todos de ser quem não conseguia ser igual, só queria a nave mãe vindo me buscar.  É impressionante como a solidão é maior quando se é uma ilha.

2 comentários:

Adriana Balreira disse...

Paty,
Sou um pouco como vc. Me vejo diferente dos outros. Também tive minha época de comunista. Até hoje tenho diversos livros do Lênin, Marx e outros. Será que somos tão diferentes assim ou queriamos ser diferentes?
Beijos
Adriana Balreira

G. Fernanda disse...

Ser a ilha deve ser doloroso, mas confesso que acho que me tornar ilha tem sido muito pior...

Nunca fui diferente, na verdade era popular, reconhecida, confesso que até liderava com facilidade...

Mas nos ultimos anos tenho me tornado diferente, e olha que nem são tantos anos assim, na verdade só tenho 23...


E de ilha devo calcular ai uns 5 ou 6...

beijos