30 de nov. de 2009

Hoje não...

Você me fala de seus problemas. E pela primeira vez, eu não quero te ouvir. Por que dessa vez, só para variar, eu queria falar dos meus. Não, não se espante, sei que não é meu estilo falar de mim mesma. Mas acho que ando cansada de ser forte. Cansada de esconder minhas lágrimas em banheiros. Esgotada demais de frases que me dizem que tudo irá dar certo.

Ando precisando esquecer essa dor que se insinua por entre as frestas da minha pseudo-tranquilidade. Não, eu não quero frases que elogiem minha força e coragem. Quero me assumir frágil e covarde. Nada de resignações que me dizem que tudo tem um porquê. Hoje quero revoltas!

Você diz que admira a forma como encarei tudo. Não consegue entender que eu fingia, chorando escondido todas as manhãs, lavando o rosto e mascarando a dor em sorrisos que não eram os meus. Que engolia em silêncio, cada recusa recebida: das propostas de empregos, das promessas que eram desfeitas.

Mas, hoje eu não quero mais dizer que está tudo bem. Não, não está nada bem. E eu não quero mais fingir que esta. Sei que amanhã vou me vestir novamente de coragem e força. E sorrindo direi que tudo está bem. Mais uma vez ocultarei silêncios e omitirei meus gritos.

Hoje o que quero, e preciso, é o escuro do quarto, o silêncio, a ausência do riso. Quero o cinza e nada de flores. Hoje a dor é vencedora. Amanha a batalha recomeça...

26 de nov. de 2009

Arte Natal

Nos próximos dias 27, 28 e 29/11, eu e a turminha abaixo:




Estaremos aqui ô:

ARTE NATAL no Clube Monte Líbano - Lagoa/RJ das 12 às 20 hs.

Vá lá nos visitar, mas se não der, visite meu flickr e escolha seu presente de Natal.
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UPDATE: Eu vacilei e esqueci de colocar como saber dos preços e informações sobre as peças! Sorry! Em breve a Bicho de Pano vai virar uma loja virtual, mas enquanto isso não acontece, informações pelo meu e-mail: patricia.daltro@gmail.com

24 de nov. de 2009

Poesia Muda

Poema na alma. Passarinho aprisionado na garganta. Revejo versos escritos na infância. Dentro da gaveta, cheiros esquecidos. Amores impróprios. Cartas que um dia silenciaram.

Poesia muda. A realidade da rotina arrancando asas. Mas olha o retrato e ainda reconhece o brilho no olhar ausente e percebe que já não há mais tempo para a dor.

Despede-se na porta: Já volto. Mas, bem sabe que caminha rumo ao precipício em busca de novos vôos.

23 de nov. de 2009

Aniversário de 4 anos do blog Quer Ler, Eu Deixo!

O Blog Quer Ler, Eu Deixo, da querida Bel, completa dia 29, domingo, quatro anos. E ela resolveu comemorar a data dando presente pra gente!!! Bolou um Concurso Cultural, que terá como prêmio um livro!

Então, vou fazer o seguinte, vou colocar aqui a explicação da coisa toda por ela mesmo, antes que me enrole e dizer que adorei a idéia!

Regulamento:

Dessa vez, no 4º aniversário, resolvi planejar um Concurso Cultural. Seguinte: Vou dar de presente 4 (tem que ser, né? são 4 anos!) livros, “O conto em 25 baianos”, livro de contos de autores da minha terra, publicado pela Editus, editora da UESC.


Explico: o nome do blog é “Quer ler? Eu deixo!”, então a promoção tinha que ser sobre leitura e o prêmio, tinha que ser livro. Mas vamos às regras:

1. Dois livros serão dados como prêmio a quem enviar para mim o MELHOR CONTO, em duas categorias: CONTO e MICROCONTO.

1.1 Na categoria CONTO, o máximo são duas laudas A4, fonte Arial 12, espaço simples.

1.2 Na categoria MICROCONTO, o máximo são 140 caracteres, incluindo a hashtag #microcontos, então 128 caracteres onde possa ser lido um conto, em qualquer estilo.

1.3 Os MICROCONTOS que não atenderem plenamente à única exigência (128 caracteres) serão automaticamente desclassificados.

1.4 Os CONTOS ou MICROCONTOS podem já ter sido publicados em blogs dos seus autores, mas não podem ter sido publicados em sites especializados em literatura ou quaisquer sites de terceiros ou ter sido premiados em concursos anteriores.

1.5 Cada participante pode participar com até 04 (quatro) CONTOS ou MICROCONTOS. (Tudo é 4 nesse concurso!)

1.6 O júri será formado por mim, eu, eu mesma e Irene, (4 pessoas no júri!) não cabendo recurso quanto à decisão final.

2. Dois livros serão sorteados entre os demais participantes das duas categorias, através do site Random.org, no dia 29/11/2009, sendo numerados pela ordem de chegada dos CONTOS e MICROCONTOS.

3. O prazo de recebimento dos CONTOS e MICROCONTOS se inicia a partir da publicação deste post e encerra às 23:59h do dia 26 de novembro de 2009, horário oficial da Bahia (não-horário-de-verão).

4. Não existe qualquer impedimento à participação de amigos, familiares, leitores, patrões ou empregados da blogueira que lhes escreve, uma vez que os participantes certamente estarão numa dessas categorias.

5. Os participantes podem ser blogueiros ou não. Os blogueiros que divulgarem o concurso cultural em seus blogs também serão contemplados com um prêmio surpresa a ser sorteado através do site Random.org, no dia 29/11/2009, sendo numerados pela ordem de chegada da informação da publicação dos respectivos posts de divulgação.

6. Os vencedores e sorteados receberão seus prêmios em sua residência, via correio.

7. Não há taxa de inscrição, isto aqui é pra vocês ganharem presentes, não pra eu ganhar dinheiro!

8. Os quatro melhores CONTOS e os dez melhores MICROCONTOS serão publicados neste blog na semana de 30/11/2009 a 04/12/2009, sendo dados os devidos créditos aos autores.

9. Ao enviar o seu CONTO ou MICROCONTO para participar desde concurso cultural, o autor estará automaticamente concordando com as regras aqui explicitadas.

10. Após a participação nesta promoção de aniversário do Deixo Ler, os autores têm total liberdade de publicar seus contos onde bem entenderem, não tendo o Deixo Ler qualquer direito autoral sobre eles. No entanto, conforme acordo posterior, pode-se aventar a hipótese de publicar em papel um livro com a coletânea dos CONTOS e MICROCONTOS participantes.

11. Quaisquer dúvidas serão dirimidas em tempo oportuno, com updates neste post.

É isso aí, galera. Sei que entre os que passam por aqui, muitos escrevem bem pra caramba. Então, deixando a timidez e a preguicinha de lado, mandem suas participações. Pode ser algo novo ou algo resgatado dos seus guardados. O importante é participar!!! Aguardo vocês pra nossa festa de premiação, dia 29, às 00:15h.

9 de nov. de 2009

A Volta da Geni

"E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni"
Chico Buarque/1977-1978
Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque

Quando minha amiga foi estuprada, a primeira pergunta feita pelo delegado foi que roupa ela usava na hora do estupro. Como se o fato de estar de micro-saia, nua ou burca mudasse o caráter da violência sofrida.

Lendo e assistindo, estarrecida, esse caso da estudante Geisy, essas memórias dolorosas vieram à tona. A aluna foi julgada e condenada (expulsa da universidade) devido a um vestido. Não quero entrar no mérito se o vestido é curto, transparente, decotado, poderia estar até de biquíni ou nua, nada justificaria ter sido ameaçada na sua integridade física e agredida moralmente através de ofensas verbais.

Se a roupa não estivesse de acordo com as normas (previamente definidas, anunciadas publicamente e acordada entre universidade e alunos), era caso de um representante da universidade notificar a aluna e pedir a sua retirada. Jamais, poderia acontecer o que aconteceu: um grupo de estudantes acéfalos, num ato de histeria coletiva proporcionar o linchamento moral (por pouco não físico) que todos nos assistimos, via internet ou tv. Nada justifica essa atitude. Nem a universidade poderia referendar essa barbaridade, como acabou fazendo, ao anunciar a expulsão da aluna.

O que mais me enoja nessa história toda, e que apenas na internet vi pessoas escrevendo sobre o assunto, (recomendo os post da Jady e Lola) focando no mais importante, que com certeza, não é o vestido que a Geisy usava! Toda a mídia resolveu abordar o assunto, quase como um tom de piada, a Vênus Platinada chegou a ponto de colocar uma comentarista de moda (?) para falar sobre o assunto; na emissora do Bispo, eu ouvi estarrecida, a apresentadora afirmar que a Geisy gostava de provocar os homens!!!! Mesma justificativa, alias, que o advogado da reitoria usou para justificar a expulsão da aluna.

Eu não quero focar no vestido, tampouco no comportamento da Geisy. O que quero saber é como, depois de anos de luta pelos direitos femininos, regredimos a tal ponto, onde o que falamos, vestimos ou fazemos, é propriedade do outro, no caso, o sexo masculino?

Isto é, eu me visto para eles, eu me comporto para eles, eu sou deles e não me pertenço. Sendo assim, cabe a eles (e, pelamordeDeus, quando digo eles, NÂO estou me referindo a todos os seres do sexo oposto, primeiro por que algumas mulheres são tão machistas quanto, segundo por que existem exceções, sou casada com uma exceção, por exemplo), fazerem o que quiserem conosco.

Esse incidente abre um precedente absurdo e fere gravemente os direitos da mulher, principalmente no que abrange a luta contra a violência sofrida por todas nós. A partir do momento onde uma universidade, local de construção do saber, espaço onde se formam opiniões, referenda atitudes agressivas, com a justificativa de que a “aluna provocou” (palavras do advogado da Uniban), nos é dito, em outras palavras, que a roupa que usamos, a forma como nos comportamos, podem justificar atitudes violentas, como por exemplo, o estupro.

E, o pior de tudo, é que acredito, que não foi em defesa da Tradição, Família e Propriedade que a universidade expulsou a aluna. A Uniban utilizou um discurso machista, extremamente retrogrado, para ocultar o verdadeiro motivo da expulsão, que é o financeiro. A reitoria achou que expulsar uma aluna sairia muito mais barato, que enfrentar uma investigação interna, provavelmente, que acarretaria em diversas suspensões, quiçá expulsões ou demissões de dezenas de alunos, funcionários e seguranças.

Na matemática capitalista, um, mesmo que esse um tenha razão, sempre é melhor que muitos prejuízos. Mesmo que para isso, utilizem um discurso retrogrado e extremamente pernicioso, como o que foi utilizado.