10 de jul. de 2011

A Arte de Dormir numa Cama Inflável

Poliana em Tempos de Crise

Capitulo I:
A Arte de Dormir numa Cama Inflável:

Toda sua crença na humanidade e no poder infinito da sua mente caem por terra, quando sua sexta cama inflável fura. Principalmente se é inverno e você acorda com o gelo polar do chão subindo por suas costas toda noite, quando ela desinfla.  Por que, como o furo é pequeno demais para achá-lo e tampá-lo, e grande demais para ir perdendo ar após a cama ser inflada, metade da noite ainda temos uma pseudo cama para chamar de nossa, a outra metade é se revirando no chão duro, buscando uma melhor posição.

Contar como fomos parar numa cama inflável digna de acampamentos de verão, é longa e meio tediosa, resta saber que a cama foi o último dos móveis a abandonar o navio. O primeiro foi a mesa, que quebrou no inicio da maior das crises, um pouco antes do desemprego do marido, talvez pressentindo os dias que viriam. 

Como um motim, moveis e eletrodomésticos foram se quebrando um a um, sobrando apenas o básico para sobrevivência. E, a cama, que nos abandonou num estalar continuo, até não conseguir manter-se mais na sua função maior, que é a de permitir uma noite de sono tranquila.

Constatado que não haveria mais cama, surgiu a dúvida: o que fazer? Quando o dinheiro não dá para comprar cama nova, sequer um colchão de quinta, resta a opção, colchonetes ou cama inflável? O preço definiu a escolha e foi assim, que começou toda uma dinastia de camas infláveis em nossa casa.

Dormir numa cama inflável é uma arte. Primeiro é preciso liberar todo o seu lado infantil - a sensação é quase a mesma de brincar de pula-pula. Segundo: uma parceria com seu companheiro é fundamental, afinal, um outro brinquedo bastante similar a uma cama inflável é uma gangorra. Se um lado desce, o outro sobe e se o lado que descer foi mais abrupto, o lado que sobe pode acabar no chão, numa cena digna da maior das videos-cacetadas. Terceiro, e não menos importante, mantenha crianças e/ou animais distantes da mesma, por que por mais que a propaganda mostre um trator passando por cima da cama e um prego sendo empurrado e ela lá, impávida e colossal - isto não é verdade, ela fura com um arrastar da sua unha mal-cortada do dedão do pé. Ou com uma vareta de plástico sendo espetada nela...

O melhor de dormir numa cama inflável é transar nela (nela, e não com ela, faz favor, uma cama inflável, não é uma boneca inflável!). Sério, se nunca experimentou e anda a fim de dar uma incrementada na sua vida sexual, experimente.

Não importa a posição: papai e mamãe ou canguru perneta, a flexibilidade da cama te transforma numa ginasta, e o resultado final, hummm, só experimentando para saber. Se fosse da empresa de marketing do produto, nada de tratores ou pregos. Na propaganda, mostraria um casal exercitando o KamaSutra - tenho certeza de que venderia muito mais, do que mostrar um casal lendo, enquanto flutuam numa piscina - pensando bem, a cama flutuando numa piscina, enquanto um casal manda ver, seria bem interessante também.

O pior dela, sem dúvida, é o acordar. E se ela furar e você acordar com os pulmões recebendo o ar gelado do chão, é pior ainda. E, acordar numa cama inflável furada, faz invariavelmente, você avaliar sua vida. Na verdade, ao abrir os olhos, o primeiro pensamento é: - Putz, que merda andei fazendo da minha vida? - similar ao acordar após um porre-de-vinho-sangue-de-boi. Toda sua vida passa diante dos seus olhos, todas as suas escolhas erradas... A diferença é que se todos esses pensamentos surgiram oriundos de uma noite mal dormida numa cama inflável, você apenas respira fundo e levanta para encarar o dia. Se for fruto do vinho vagabundo, levantar e seguir em frente, é impossível, pelo menos nos próximos três dias

13 comentários:

lu kowalski disse...

Adorei o texto e me deixou mega curiosa pra continuar a a leitura... sem dizer q tava pensando em comprar uma cama inflável mas vou pensar melhor....

Teddy disse...

Haha, hilário o modo como voce escreve!
Amei o blog, já estou seguindo e adoraria se seguisse o meu tambem:
http://www.enteddyada.com
Beijos :)

Suzete Retti disse...

Bom dia Patricia,
que texto gostoso e real, dormir em uma cama inflável é uma verdadeira aventura, só não vale parar e deixar a curiosidade esperando. Bjs.

Mara disse...

Juro, Pat... tô preocupada com a coluna de vcs...

Clara Miranda disse...

Meniiiiiiiiiiina, que ginástica!
Dormi uma vez em uma viagem e pensei: "Credo!"
Dormi muito mal!
É uma arte mesmo!
Curiosa com o resto da história!
Bjim

Marli Tolosa disse...

Olá,
deliciosas as aventuras/desventuras da Poliana.Mas a do namoro virtual é fantástica e o pior: possivel!

Vanessa Lampert disse...

Amiga, você se inspirou em mim para escrever esse texto, foi? (embora meus móveis não tenham se amotinado, só ainda não chegaram) Mas manda a Poliana encher melhor essa cama, que ela não fica como cama elástica, não?...risos...nem pula-pula. Só se estiver furada, mesmo, aí já era.

Beijos!

Irene Moreira disse...

Patrícia você é uma heroína !!!! Mas vou lá continuar a ler esta história.

Beijos

Fernanda disse...

Menina adorei o texto... eu já dormi na cama inflável... e é exatamente como vc descreve... vc ja dormiu??? ahhh só não experimentei o Kamasutra, mas...peraí que vou chamar marido e encher o colchão... beijos
Parabéns pelo texto, pelos textos!!!

Fernanda

Irene Moreira disse...

Deve ser bom mesmo e olha que nada melhor de quem usa para fazer o marketing.

Agora essa de porre de vinho vagabundo ninguém merece.

Beijos

Telma Maciel disse...

Caramba... comprei uma cama inflável qndo nos mudamos, pra colocar na sala e ver TV deitados! Claro q esvaziou completamente em poucos dias...
Mas lembrei facilmente de duas coisas com o seu texto:
1 - como foi engraçado qndo eu, mto mais leve q o marido, sentei com jeito no colchão e marido foi pro chão voando! kkkk
2 - er... o melhor de dormir numa cama inflável... já experimentei! rs
Beijosss

Vanessa Anacleto disse...

Vc é danada, agora vou ter que ler tudo. E já tive que dormir numa cama inflável durante a obra aqui em casa. Ela furou no meio do período e tivemos que dormir no chão irregular duro mesmo por duas semanas. Mas daí a colocar poética no colchão , só a sra mesmo.

bjs

Anônimo disse...

Texto maravilhoso. Quero uma cama inflável