8 de jun. de 2014

Yellow Monkey - Novo Membro da Família

No mundo ideal, nenhuma criança teria que passar por experiências dolorosas, mas infelizmente, o mundo não é ideal, mas real e os últimos meses viraram a vida dessa criança de ponta cabeça. Devido a vários problemas, tivemos que sair da nossa casa e virmos morar com meus sogros. Num bairro próximo, porém que precisa de ônibus para que ele possa ir ao colégio - optamos por não tirá-lo do colégio, para evitar maiores traumas.

Infelizmente, chegamos em Madureira quando estava num auge de uma guerra entre facções rivais e nossos primeiros noites foram quase em claro, ouvindo o estrondo dos tiroteios frequentes.

Por duas vezes ficamos presos no meio de um tiroteio e tivemos que procurar abrigo entre as poucas lojas abertas. Tivemos ônibus queimado em frente ao portão do prédio onde estamos morando e por mais de uma vez, não o levamos para o colégio devido aos tiros.

Nesse processo todo, o amor de todos os familiares ajudou a que ele superasse os medos, soubesse lidar com os acontecimentos da melhor maneira possível. Estar junto da avó que o amava e que não era só uma avó, mas uma companheira de aventuras e brincadeiras, uma amiga e presença constante na rotina dele, principalmente nos últimos meses; deu-lhe mais força e confiança para superar tudo.

Mas ai vem a vida e nos prega uma peça de péssimo gosto. Num de repente, menos de uma semana, a avó dele adoeceu e morreu. E ai, como fazer pra comunicar ao seu filho de oito anos essa morte?

Eu não sei se um dia lá na frente a gente vai entender o porquê dessa dor toda. Ou, se vamos apenas seguir em frente, sabendo que nunca vai ter explicação... Não sei, só sei que meu filho sofre. Uma dor aguda e tão profunda que de vez em quando o faz chorar por horas. E nessas horas meu coração se parte em milhares de pedacinhos, porque eu não posso consolá-lo. Não posso dizer que tudo vai ficar bem...

Foi então que surgiu o Yellow Monkey. 

Era um macaco de pelúcia amarelo, que era da Jane, minha sogra. O qual Dani achou, no dia em que minha cunhada estava arrumando as coisas da mãe. E o macaco passou a ter um novo dono. Que dorme com ele todas as noites. Que conversa quando acorda. Que virou seu companheiro de aventura. 


Não importa aonde a gente vá, se na padaria da esquina ou num passeio no Parque Lage, Yellow Monkey está junto. E desde o dia que o macaquinho passou a fazer parte da nossa família, Dani não chora mais. 

E eu tenho certeza de que foi minha sogra, lá do outro plano, onde se encontra agora que fez o macaquinho cair nas mãos dele. Para que assim, pudessem continuar as brincadeiras que foram estupidamente encerradas entre eles. 

Obrigada Jane pelo Yellow Monkey e principalmente, obrigada por ter sido uma pessoa tão especial na vida de todos nós! 

Agora o Yellow Monkey tem um álbum no Facebook com fotos de todas as suas aventuras! 

5 comentários:

Fernanda Reali disse...

Que doloroso, Pat, que triste, ma que bom que tu tens essa visão amorosa. O bonequinho da avó é o objeto transicional mais do que necessário e especial neste momento. (olha aqui http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/9537).

eu já era adulta quando tive uma perda significativa, que não cabe aqui detalhar, e a Gabi foi meu öbjeto" transicional. Me agarrei a ela como quem se agarra ao último bote salva-vidas, e deu certo, me recuperei.

Um beijo, amiga!

familiacomarte disse...

Que coisa, mas que bom que de alguma forma teu filho encontrou consolo e alegria..beijus

Lúcia Soares disse...

Console-o, sim, Patrícia, dizendo a ele que essa dor aguda vai passar, felizmente. Mas que a avó estará sempre presente no coração e na mente dele, ocupando seu lugar sem mais dor, mas uma saudade que eu chamo de "boa", pois não machuca mais...
Ou simplesmente não diga nada, apenas abrace-o...
Beijo no Daniel.

Ana Paula Santiago (inventandocasa.blogspot.com) disse...

Nem posso imaginar como deve ser difícil para ele, para vocês. Nunca perdi um familiar tão próximo. A minha maior perda até hoje foi meu melhor amigo,ele morreu abruptamente no dia do batizado do Gui, meu leite secou. Em fevereiro, meu sogro faleceu, ele não foi um pai presente nem tampouco avô. Eu achei que os meninos não ficariam tão impactados. Ele faleceu dia 5/02, mesmo dia em que começou uma crise de asma, nos dois, que levou 47 dias! Nunca tiveram uma crise tão longa! E olha que o JP praticamente não conviveu com ele e o Gui o viu raríssimas vezes. Deus e sua sogra providenciaram este elo para o Dani, espero que vcs passem pelo momento de dor mas que ela não os sugue, que fique a saudade. Um abraço apertado.

Bia Jubiart disse...

Pô Pat! Fazendo eu chorar... Dá um tempinho.......................................................................................São vivências dolorosas que cedo ou mais tarde chega para todos. Como não acredito em morte e sim passagem, de algum lugar ela está emanando força e energia para vcs aprenderem a conviver sem a presença da sua matéria.
Um abraço com ternura na família!
Bjooooooooo.
Seu filho é lindo!