Era inevitável. O final do ano chegava e ela era inundada de uma estranha euforia. Espectativas do impossível, que aos seus olhos refletiam possibilidades. Era como pudesse se despir daquela que era e então, metamorfosear-se em outra.
A dos sonhos. Que sempre sabia como agir, falar, pensar. A outra que não ela, que tinha em uma das mãos a certeza dos caminhos a serem percorridos...
Tola. Ao final do espocar dos últimos fogos. No instante onde a escuridão e o silêncio se tocavam, leve roçar, quase imperceptível fração de segundo, dentro dela já se aquietavam os sonhos.
A máscara daquela que um dia sonhará ser desfiaria tal qual renda delicada puxada por grosseiras mãos e ela se veria apenas ela. E a vida que era a sua. Porque era apenas um novo ano, onde a vida se desenrolaria do mesmo modo de sempre. As oportunidades surgiriam e desapareceriam como sempre; onde os sonhos seriam todos trancafiados em lugares ermos dentro de si.
Ainda haveriam dias de lágrimas e dias de muitos sorrisos. Dias de solidões inconfessáveis e de abraços inesperados. Dias de beijos e outros de intrigas. Dias de sim e muitos de não. Viver era isso, sempre fora. Mesmo agora, quando o ano novo já a espia pelas frestas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário