Juro que é o último cigarro. E me distraio vendo a chama acesa do isqueiro. Penso no dia que se foi. Nos problemas que insistem em virarem nós. Profundos. Quase cortes no cotidiano. Prometo que vou parar de fumar. Mas sinto falta do seu toque em meus dedos. Seu sorriso me distrai a lembrança.
Você partia em uma tarde triste. Lembra? E me pediu um cigarro. E te vi fumar. O trago longo, entrecortado por uma tosse. Você tossia quando fumava e me dizia, quando eu voltar, não vou estar mais fumando.
Você continua fumando. Soube por outros. Talvez por isso não voltou. Incapaz de cumprir promessas. Desisti de você em uma tarde triste, igual àquela quando me disse adeus. Dizíamos frases que nos faziam rir. Mais a mim, que sempre ria das suas frases, menos por serem engraçadas, mais pelo jeito que as falava.
Sempre quieta. Ouvia dos teus sonhos. Que eram nossos. E eu não sabia. Até o dia em que você me revelou num sussurro: nossos sonhos. E bem que tentei acompanhar. Mas não podia. Sonhos não me pertencem. Nem você. Fluida como a fumaça que exalo ao dar a última tragada.
Respiro fundo. Juro que é o último. Mas seu sorriso surge novamente na minha lembrança. E acendo mais um cigarro. O último...
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