Há uma semana o Brasil não para. Em todos as capitais,
praticamente em todas as cidades, falados ou não na mídia, o Brasil grita sua
insatisfação! Todos já sabemos que não é apenas R$ 0,20, até mesmo a imprensa
parou de repetir isso.
Conseguimos também entender que existem grupos diferentes nas
manifestações, os que estão lá porque querem mudança de maneira pacífica e
legal. Esses são, felizmente, a maioria! Os que também querem mudança, mas acham
que tem que ser mais radicais, são os que querem a destruição das instituições,
por isso a invasão e depredação de imóveis e monumentos, que simbolizam essas instituições; E,
por fim, os que se utilizam dos
manifestantes para fazerem o que eles já faziam antes: serem bandidos, são os que saqueiam, promovem arrastões etc
Do outro lado, temos a mídia, analistas sociais, esquerda e
direita e principalmente, políticos estarrecidos sem entender o que aconteceu.
Afinal, como imaginar uma mobilização nacional desse porte sem lideranças
expressivas, sem partidos aparelhando por trás?
Em todas as mobilizações que nós tivemos nesse país, havia
claramente delimitado, lideranças e um propósito único. Exemplo: Diretas Já,
atos em defesa de algumas mudanças na Constituição, Fora Collor e contra as
privatizações. E, voltando mais no tempo ainda, os jovens que lutavam pela
volta da Democracia – nos tempos de chumbo da ditadura.
Mas, o que acontece no nosso país há uma semana, nunca
aconteceu antes! Se foram as redes sociais, se foram os novos ventos que sopram
no mundo, não dá para saber...
O que dá para ver nitidamente, é a urgência de uma mudança,
e, que não dá para tentar encaixar quase meio milhão de pessoas nas ruas, (sem
contar as que como eu, não podem ir às ruas, mas que estão juntos com esses que
estão), a velha forma de pensar a
política no Brasil.
Aliais, vendo o silêncio assustado das nossas representações
políticas, percebo claramente que esses
ainda apostam na velha fórmula, escondidos em seus gabinetes. E que esse
silêncio pode ser traduzido da seguinte maneira: Deixa os meninos fazerem esse
auê todo, que daqui a pouco eles cansam e tudo volta ao “normal”.
E eles se enganam, e muito. Nada vai voltar ao normal. Da mesma
maneira que um rio represado, constrói novos percursos para chegar ao seu
destino final, é assim que enxergo essas mobilizações. Há décadas de indignação
represadas e agora, que o grito começou a ser liberado, não há ninguém, nem
nada que vá fazer o silêncio voltar.
(Texto dividido em duas partes, sexta tem mais)
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