Em comemoração ao halloween, essa semana será de arrepiar aqui no blog! Em capítulos vou apresentar a vocês a Madalena e uma história de vampiros, sem romances e purpurina. É um conto antigo, anterior ao modismo fashion dos vampiros. Foi escrito em 2001. No domingo, dia 30 - colocarei o último capítulo e disponibilizarei o conto em pdf para baixar.
E uma última recomendação: é um conto forte, bem diferente dos que costumo postar por aqui, se essa não é sua praia, recomendo não ler.
Vampiros
Capitulo I
Doutor Pedro
O velho médico olhou o rapaz
a sua frente. Parecia bastante assustado. Trazia uma das mãos em uma atadura e
marcas de sangue no jaleco. Além da mão enfaixada, tinhas escoriações no rosto
e nos braços. Era bastante jovem. Não devia ter mais de vinte e cinco anos.
- Sente-se. - pediu o médico, indicando a poltrona. - Quer
alguma coisa para beber? Água, café?
- Café, por favor. - o jovem aparentava não se sentir muito
à vontade ali na sala do diretor. Pedro, o médico sabia o quanto aterrorizava
os funcionários, não que isso lhe incomodasse, mas queria o jovem à vontade. Só
assim poderia saber exatamente o que acontecera.
- Ninguém avisou sobre Madalena? - perguntou, sentando-se
atrás da mesa, na frente do rapaz. - se não me engano, proibi terminantemente a
entrada no quarto dela. Aliás, entrar pode, desde que esteja acompanhado com
pelo menos mais um enfermeiro.
O rapaz lembrou do doutor
Jéferson explicando as regras, lembra-se de que ele chegou a questionar tal
atitude.
- Sabe rapaz, - o velho médico parecia bastante cansado,
vulnerável até. - Madalena é um caso muito especial. Uma paciente muito antiga.
Inteligente e extremamente violenta. Você teve sorte de escapar vivo. O último
que quebrou as regras, não sobreviveu para contar. Não quero mais acidentes
neste hospital.
- Ela parecia tão frágil. Não imaginei que tivesse tanta
força... - disse alisando a atadura. Quase perdera os dedos. A mulher crescerá
sobre ele e o atacará com unhas e dentes. Fora tão de repente. Ele só conseguiu
escapar utilizando a bandeja que trazia consigo.
- Ela não é uma mulher comum. - o doutor pensou no
enfermeiro anterior, fora encontrado completamente mutilado dentro do quarto,
morrera antes de chegar ao hospital. Madalena batera com a cabeça dele diversas
vezes no chão. Quando conseguiram tirá-la de cima dele, ela havia arrancado os
olhos e o nariz dele... - o que exatamente aconteceu?
- Eu estava levando comida para os pacientes. Iria levar a
dela por último, estava esperando o Augusto chegar. Então quando passei pelo
quarto dela, ouvi uma voz me chamando. Aproximei-me e ela sorriu para mim.
Disse que estava com fome. Eu... eu não sei por que, mas ela parecia tão
inofensiva, eu.. eu abri a porta. Eu sabia que não devia, mas eu não consegui
evitar... - o rapaz choraminga. Não consegue explicar, era como uma força...
uma coisa que obrigou a abrir a porta e entrar naquele quarto... ele não
queria, mas não controlava mais braços ou pernas... sabe que se disser isso
para o médico, corre o risco de acabar dentro de um daqueles quartos, como
paciente. Por isso se cala.
- E aí?
- Aí entrei. A porta fechou, acho que foi o vento - não ele
sabia que não fora o vento, alguma coisa fechara a porta, algo. - e ela começou
a gritar. Fiquei nervoso e não consegui abrir a porta. - ela estava trancada, mas ele não trancara...
- gritei por alguém, mas ninguém veio... então ela pulou em cima de mim. Eu a
empurrei com a bandeja, mas ela era tão forte... lutei com ela, enquanto
tentava abrir a porta, que parecia emperrada... até que consegui abrir e sai,
mas ela segurou meu braço e começou a me morder... - o rapaz se cala por alguns
instantes. - Doutor, quando ela me atacou, ela não podia ser tão forte assim...
não tem como... e eu sei que é estranho, mas eu senti como se houvesse outra
pessoa ali. Havia mais alguém naquele quarto.
- Um homem?
- Sim, mas... como?
- Esqueça isso, meu jovem... - o velho médico sentia-se
cansado. Muito cansado. Era visível seu abatimento. Os cabelos brancos já se
escasseando sobre a cabeça. Olheiras profundas sob os olhos. Olhou para as
mãos, já não podia movê-las como antes. No frio sentia imensas dores nas
juntas. Era hora de se aposentar. Definitivamente, era hora de sair daquele
lugar.
- Acho que por hoje chega. Vá para casa, meu rapaz.
Descanse. E lembre-se, nunca mais se aproxime sozinho daquele quarto.
O rapaz levantou-se.
Sentia-se mal, enjoado. De repente aquele emprego já não parecia assim tão bom.
Havia alguma coisa estranha naquele lugar. Naquele quarto. O mal. Era isso, não
a mulher, mas o quarto todo.
O médico agora estava de
costas, olhando para a Janela. O rapaz ainda deu uma última olhada para trás e
saiu, fechando a porta atrás de si.
Doutor Pedro continuou olhando para a janela
durante alguns minutos. Olhava distraidamente o pátio. Quem construíra aquele
hospital fizera um excelente trabalho de arquitetura. A sala da direção
situava-se no segundo andar do prédio, e dali, podia ver o pátio, as janelas
das enfermarias e de alguns quartos. A janela do quarto de Madalena era bem em
frente a sua. Podia vê-la através das grades, deitada sobre a cama, presa com
tiras acolchoadas nos braços e pernas. Tinha a impressão de que ela falava,
conversava agora com alguém.
5 comentários:
Ai q nervo!!! Pior é q eu gostei do inicio... fico curiosa! hueheuheuehu
Vamos ver o que nos espera com essa Madalena... q medo! rs
Beijo
Gostei, Patrícia!
E vou seguir até o final.
Adoro estórias assim!!
Bom início de semana!
Abraços
Me registrei dobrado no Feed e cancelei um deles de novo! Desculpa, ta?
;-)
Patrícia,
Quero mais!!!!!! Adorei e já estou aqui imaginando o que vem pela frente, maravilhoso.
Beijos e parabéns,
P.S.: Espero que essa semana eles vejam o que nós já somos testemunhas há tempo! Sucesso!
Vamos ver o que acontecerá...
Girassóis nos seus dias e nos de Madalena. Beijos
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