O medo paralisa e cega. Embota os sentidos, embrulha o estômago e traz lágrimas aos olhos. Ter medo é normal em algumas circunstâncias. É até saudável, pois contribui pra que fiquemos em segurança. A descarga de adrenalina que o organismo produz em situações que envolvem medo, muitas vezes podem fazer a diferença em momentos de risco.
Mas, não é isso que acontece comigo. Eu tenho medo. Permanentemente.
Diariamente ao acordar preciso me libertar do pânico de enfrentar um novo dia. de ter que tomar decisões, de ter que lidar com as pessoas. Na verdade, passo o dia inteiro enfrentando meus medos. É quase como se ele fosse um ser físico, que ficasse ao meu lado tentando me fazer sucumbir, e eu lutando para não me deitar em posição fetal.
Não é fácil lidar com o medo. Por muitas vezes, ele venceu e me deixei encolher, incapaz de ter qualquer reação. Anos de terapia me fizeram entender, que talvez ele fique sempre lá, ao meu lado, mas depende de mim, mantê-lo sob controle.
Conhecer pessoas novas, lugares ou situações diferentes, são motivos pra mim de horror. Angústia, ansiedade, sintomas que beiram ao físico.
Toda vez que tenho que ficar longe do meu filho, ou sozinha com ele, eu tenho que ficar me convencendo, racionalmente, que está tudo bem, que tudo vai ficar bem... Um minuto de relaxamento mental, e entro no mais completo e absoluto pavor. De que sou uma mãe péssima e que algo vai acontecer...
Larguei duas faculdades por não conseguir entrar em sala de aula. Perdi empregos por ter crises de ansiedades tamanhas, que me faziam trancar no banheiro e chorar, às vezes, por horas inteiras. Fiz tratamento, e tomei medicamento. Hoje não tomo mais.
Durante décadas, escondi de todos que me cercavam o que sofria. E disfarçava (disfarço) tão bem, que poucas pessoas, incluindo ai, parentes, sabem (ou souberam) do que eu sentia. Para esses, sou apenas uma mulher confusa e indecisa, que foi deixando as oportunidades escaparem.
Falar sobre isso aqui, assusta, mas ao mesmo tempo, sinto que preciso fazer isso, não por mim, mas por outras, que descobri em algumas conversas, que também sofrem silenciosamente, vitimadas por esse medo. A essas, só queria dizer: - Olha, vocês não estão sozinhas...
E para aquelas pessoas, que desconfiam, que o medo de viver que tem, talvez seja um pouco maior que o normal, não disfarcem, nem se culpem por ele. Corram atrás de um tratamento!
Pois uma coisa, que aprendi é que sou mais forte que ele, 90% das vezes. Mas, quando a vida fica mais difícil quando tomar uma decisão parece sempre se tratar de vida e morte (como bem escreveu marido, nesse post), fica mais complicado respirar. Mas, a gente respira, devagar, contando até dez e vive, mesmo que seja um dia de cada vez.
16 comentários:
Nos últimos meses eu entrei numa depressão filha da puta. Quase não saía de casa, engordei horrores, dormia muito e morria de medo... de viver. Preferia ter morrido. Eu nã entendia como as pessoas podiam acordar, trabalhar e rir.. eu não conseguia fazer nada disso. Abandonei os amigos, abandonei o blog.. abandonei a mim mesma.
Um dia uma amiga disse: tu não vai fazer nada contra isso?
Foi o que eu precisava pra mudar. Me dei conta de que estava doente e voltei a minha terapia. Comecei a tomar remédios e hoje estou bem melhor.. sei a merda que é ter medo, mas sei que é possível melhorar.
Conta comigo. Um beijo.
Patrícia,
O medo não paralisante todo mundo tem porque é defesa, auto-proteção.
O medo que você relata é o medo que provoca perdas, como você disse. Esse medo precisa de cuidados terapêuticos. Continue se cuidando. Uma mulher linda por dentro e por fora como você não merece sofrer com o esforço que faz para não ficar escondida. Conhece o livro Mulheres que Correm com os Lobos da psicanalista junguiana Clarissa Pinkola Estés, Ed. Rocco? Esse livro (nao é de auto-ajuda)pode auxiliar você.
Bjos.
Nossa, Paty, como todo ser humano, tenho meus medos, mas não cosigo imaginar algo deste modo.
Ao mesmo tempo, sei que existe muita gente com o mesmo sentimento e sua proporção.
Bjo.
Oi guria
Como disse o Matheus, tenho alguns medo que me apavoram. Me fazem adiar a tomada de dicisões, de duvidar da minha capacidade e coisa e tal. Mas tem horas que eu dou um chega pra lá nesse sentimento bobo, e faço o que tenho que fazer.
Que bom que conseguiu dividir teu problema, essa dificuldade. E melhor ainda que já esteja se tratando há alguns anos. Por que, em muitos casos, só a gente pode nos ajudar. Claro, que o apoio e auxílio de outras pessoas é muito importante. Mas como tu diss: tem que partir primeiro de nós.
Força na peruca Patrícia. Sempre! Beijocas
oi amiga-
é nestas conversas que a gente se descobre nos outros , e que não estamos sozinhas -
o não entender esta doença eu até entendo, mas o te obrigar a sair desta como se fosse tua escolha - não é ..escolha... e eu simplesmente não sei da onde vem isto- o medo...e junto vem a labirintite, a confusão mental ... eu já fiz vários tratamentos - e tem muita gente que nem desconfia disto tudo, nem minha mãe - se soubesse ira chorar e sofrer a toa-
o que faço - tomo remédios tarja preta - mas isto faz com que eu não seja mais a Lúcia que eu era , eu fico uma pessoa pior . a quimica que eles tem parece te deixam mais vulneravel a falar tudo que quer falar, e que a sociedade não quer ouvir, quer que continuemos sendo boazinhas . Mas amiga eu acho que apesar de tudo tu tem que continuar teu tratamento, e procurar um remédio que tu te adapte !
Li recentemente que este é o grande mal da humanidade - e acho que vai piorar . ih isto dá muito pano pra manga , é assunto tão sério, complexo.
pensa nisto com carinho
bj
lu
Patrícia,
você não está sozinha. Eu tenho medos paralisantes também. Já fui atrás de tratamento para um deles, e hoje me sinto mais segura. Mas ainda há outros. O essencial, eu acho, é fazer o que vc está fazendo: encarar o medo e procurar ajuda. Não somos autossuficientes, não podemos viver sozinhos.
Sucesso na sua jornada!
Bjo!
Olá, Patricia!
É isso mesmo o q se sente, e eu senti e dependendo da situação ainda sinto há quase 20 anos. Perdi muitas oportunidades por isso, ( é um inferno viver assim , inferno mesmo, é horrível!!). Vc sabe q também tinha horror em ficar sozinha com meu filho, ir a rua então nem pensar, eu tinha medo de passar mau e o levarem de mim. Na verdade, acho até q só não sou mais feliz e realizada por causa desta doença horrorosa. Não procurei tratamento, não tomei remédio, aprendi a conviver com isso, a me acalmar rezando muito, pedindo muito por força em enfrentar este pânico e força em acreditar q era tudo psicológico e como já disse, hj enfrento muitos dos medos q tinha, mas em algumas ocasiões ele vem de um jeito q vc fica sem ar, com as pernas bambas a ponto de desmaiar mesmo! Síndrome do pâncio, até o nome é assustador, por muito tempo convivi com isso sem falar para ninguem da minha familia, qdo comecei a sentir esses sintomas não se falava disso, achava q tava ficando meio louca...rsrsr. A minha familia não sabia disso, só recentemente contei. Hj tento viver como posso, mas com certeza bem melhor do q antes.
A minha arma é dizer a mim mesma que é tudo psicológico e olhar em volta e ver q estou segura, não estou sozinha, há pessoas em quem posso confiar e assim vou levando.
Bjsss e obrigada por dar oportunidade do desabafo.
É, amiga... e acho que uma das melhores formas de ter controle desse medo é expondo (não gritando, claro, mas expondo). Eu tbm já deixei muitas coisas pelo meio, por medo de não conseguir fazer como OS OUTROS esperavam. Mas isso passou um pouco. Eu ainda tenho medinho de não ser bem aceita em certas situações.
Espero q vc vá superando esse medo, pq vc tem mto a vencer nessa caminhada!!
Beijão!
olá, opa, naõ estou sozinha nessa. tb tive muitos medos em minha vida .. e até hoje os tenho .. houve uma época que ia a uma terapeuta e ela dizia q a pessoa q eu era estava presa num corpo que não combinava comigo .. por muito tempo me castrei por medo.. hj me solto nas palavras às vezes e só pra quem me conhece muuuito de perto.. cada pessoa tem o seu medo particular , mas poder dividir isso com algúém ameniza a situação .. bjks LIN
Oi amiga eu também já tive meus medos quando separei era muito nova, ai quando fiquei sozinha em uma casa apareceu tantos medos, insegurança mas agora já não tenho medo nem de morrer respeito a Natureza por que tenho um pouco de medo dela, mas isso passa fique tranquila acredita que nada vai acontecer que é forte e pense sempre assim vc vai ver eu não tenho medo coloque na cabeça isso o tempo que precisar até se sentir forte bjssssssssssss querida levei o link pra magia tá bjs mágicos imagina um monte de anjos cuidando de vc tá Leila
Já parou pra pensar que é o edo quem nos faz preservar a vida?
Sem ele não seguimos adiante por muito tempo.
Temos que aprender os nossos limites e conviver com eles.
Um pouco de medo faz bem,em excesso é doença!
Boa sorte e beijos!
medo... quem não tem?
Mas temos que nos manter atentos aos medos que nos paralisam, que nos rouba, que nos prende sempre no mesmo lugar.
Continue tentando enfrentar esses medos, e se ver que não dá sozinha, corre atrás de ajuda. Como a Aline disse: não somos autossuficientes.
Se cuida.
Beijo
Essa semana topei de cara com um monte de gente tirando meus esqueletos do armário. Ontem foi dia de falar sobre a depressão, a terapia, o acompanhamento psiquiátrico...hj, acordei levemente deprimida. Não tou pronta pra ficar revendo essa fase.
Mas isso me fez lembrar, à tarde, de um comentário da Bel, certa vez. Eu relutante em tomar os remédios, e ela me dizendo que...assim como algumas pessoas tratam pressão alta, outras diabetes, com medicamentos, eu estava tratando minha depressão. Tinha nada que ter vergonha, relutar, esconder, bla bla bla. Lembrei disso qdo li seu texto.
Foi novidade pra mim tb, Patri. Perdi a conta de quantas vezes vc me apoiou, me escreveu, me deixou comentários lindos sobre o assunto, mas saber saber eu não sabia, das coisas que vc viveu - assim, contado tim por tim. Agora eu sei.
E sei que vai muuuito além do medo que nos mantém vivos, fora de perigo, do medo natural e inerente do ser humano. É um medo que te impede de viver, por te impedir de ficar tranquila em momentos que seriam de crescimento, de paz, de alegria, de felicidade. É um medo que rouba um pedacinho desse direito que vc tem, e é só seu.
Acho que o certo não é lutar contra ele..mas lutar por você - sente a diferença que a mudança dessa expressão tem? ;)
Lutar por esse direito seu. Seja com terapia, com medicamentos...mas garantir que vc tenha o que tem direito. Que vc possa ser feliz sem o medo, o pânico, o susto.
Trace seu caminho, busque ajuda onde for preciso e possível. Nós, daqui, tentamos te ajudar via teclado ;) e, claro, torcemos MUITO.
Bjo grande.
Intenso, na verdade.rs
=*
Patrícia
Olá como vai? Sou uma sumida mesmo fico encolhida no meu cantinho e quando dá uma folga saio para passear por este mundo encantado e que é a melhor terapia para qualquer fase da nossa vida.
Olhei para as janelinhas e vi a sua foto ao lado de sua amiga Bel. Achei tão lindo e me lembrei do dia corrido que nos conhecemos.
Foi muito bom, uma energia tão boa em nosso abraço e fui conquistada sem quase nunca termos nos encontrado por aqui. Conhecia a Patrícia pelos seus contos.
Sei muito bem o que é isso, pois passei por uma forte crise do pânico e depois de muito apoio familiar e terapia ainda convivo com o medo e todos os dias venço essa barreira e sigo em frente.
Teria muita coisa a contar, mas não vai faltar oportunidade.
Beijos e um lindo dia
Eu vivo assim.....
Tem que respirar dentro do saquinho de pão, Pat, igual nos filmes de avião caindo, rsrsrs...
Tô brincando, mas já vi minha vó atrás do toco várias vezes e mesmo fazendo terapia há mais de um ano, só fui tocar no assunto esta semana após o pânico na prova de Psicometria que tu já sabe... quer saber o mais legal? Tirei 10 na prova, a turma e o professor riram de mim e disseram que sou fogo... enfrentei o medo da matemática, mas não foi fácil. Ainda tenho outros medos a vencer, não chego a ser como vc, mas tenho meus momentos. Obrigada por lembrar de mim e mandar o link do post. Grande bj!!!
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