De repente todas as palavras pareciam já terem sido ditas. Como na música. Acarinhados, amordaçados, açoitados pelas palavras. Entre eles agora, silêncio. Numa casa sem filhos. Sem vícios, sem fugas. Retratos na estante de dias ensolarados. Agora, brumas.
Mas ela ainda queria acreditar no impossível. Recusava-se a começar o futuro com os olhos ainda mareados do que ainda era. Era o novo pelo que ansiava. Mas para isso precisava arrancar do peito aquele que um dia fora, fazê-lo encontrar com àquela que hoje ela era. E era isso que não sabia fazer. Não com palavras, por que essas, já foram ditas todas.
Naquela noite na jantar, travessas fumegantes, o coração dela no prato. E ele soube o que não precisava ser dito. Pegou-a nos braços e dançou a música silenciosa dos amores reinventados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário