De tudo que sabia. E cada vez mais percebia que sabia de tão pouca coisa, é que era preciso ter calma. Calma ao amanhecer e encarar o sol que rachava cortinas e inundava de luz, quando tudo que ela via era escuridão.
Calma pra dar o primeiro passo e se encarar no espelho, e se maquiar, e se vestir de fêmea forte e seguir sorrindo mentiras.
Calma para esquecer por um momento, contas, trabalho, filhos, marido e deixar-se caminhar por entre os carros, cega na dor oculta que trazia na alma, tão ávida de felicidades, mas tão incapaz de obtê-la.
Calma para dizer bom-dias e servir cafés, e digitar relatórios tão inúteis, quanto intermináveis, e sorrir, sempre, o melhor de todos os sorrisos falsos.
Calma para engolir saladas e fingir dieta num horário rápido e insípido.
Calma para mentir mais uma vez sobre quem era, a tal ponto que no espelho a outra, que não ela, já não lhe acenava mais.
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