A menina não passava dos cinco anos. A irmã, adolescente, naquela idade intermediária entre o que saco! e o me deixa!. As protagonistas da nossa história, que se passa assim, num tempo, onde máquina de lavar era privilégio de poucos e que encardido se resolvia na água fervente no fogão. Lugar onde a adolescente se encontrava, mexendo uma tina com lençóis encardidos.
A pequena chegou, viu aquela cena e não entendendo, perguntou:
- Que cê tá fazendo, maninha?
Claro, que a irmã, iria ignorar completamente. Mas, qual o quê, criança quando quer alguma coisa, não desiste fácil, e essa era bem tinhosa.
- Que é isso no fogão, maninha?
Bem, já falei que a maior estava na adolescência e todo adolescente tem um pé no inferno. Só isso para justificar a explicação dada:
- Tô cozinhando doce de lençol.
- Doce de lençol? – espantou-se a pequenina. – mas lençol não se come!
- Quem disse? Como sim, eu gosto muito! Tem gosto de pudim.
- É?! – o olho da menininha ficando maior de espanto e gula. – Eu quero!
- A não sei se vai dar não, tô fazendo pouquinho...
- Ah, maninha, me dá um pouco de doce de lençol! Só um poquinho...
- Você vai se comportar? Vai arrumar seus brinquedos? – adolescente não tem coração, lembre-se sempre.. – Se você se comportar, eu te dou um pedaço.
A criança abre um sorriso maravilhoso, como só as crianças felizes podem dar e corre para o quarto, arrumar os brinquedos.
Enquanto isso, já era hora de tirar o lençol da tina e estendê-lo. A adolescente está terminando a tarefa, quando a menor chega. Esbaforida e apreensiva ao não ver mais a panela sobre o fogão.
- Maninha, cadê o doce?
- Que doce?
- O doce de lençol que você tava fazendo.
- Que mane doce de lençol, menina! Não tá vendo que ele está na corda?
É imediato, a sobrancelha se junta, a voz se embarga e com os olhos marejados a menina implora:
- Maninha, você falou que ia me dar. Você cumeu tudo! – e abre um berreiro de acordar defunto. – Vo..cê... Vo...cê cumeu tudo!
Fala meio chorando, meio miando... E chora. Tanto, que a irmã tenta consolar e explicar a brincadeira. Mas, não adianta. O choro invade a tarde e a noitinha. Quando a mãe chega e tenta entender o acontecido. E, é claro, ri, não do choro da pequena, mas do causo do doce de lençol.
E até hoje, quando a família se reúne, é inevitável, a lembrança da irmã mais velha sobre o doce, principalmente para deixar a irmã mais nova se mordendo de vergonha.
5 comentários:
Adolescentes sabem ser cruéis...
Eu ainda fervo meus panos de prato, mas minha filha odeia o cheiro, diz que estou fazendo sopa de pano de prato...kkkk
HAHAHAHA! Essa história foi Hilária! Eu no lugar da mãe não saberia bem o que dizer... (ou fazer)... tadinha da irmã mais nova...
kkkkk!
Eu como mãe, riria da menorzinha, mas daria uns catiripapos na aborrescente. Que maldade! Mas pior que eu era assim tbem...hehehe
vc era a pequena ou a mais velha?;)
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