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17 de set. de 2018

Insônia

Noite Estrelada - Van Gogh

É madrugada e não durmo.Giro e reviro.Remoendo frases, fatos, acasos.
A mente fervilha.Tempestades. Acizentados pensamentos
Relampejam medos.Chovem impossibilidades.Inundam certezas.
A insônia  consome.
O corpo pede repouso, mas a alma se agita.
A tempestade que irrompe, amanhece. É força da natureza.
E nem mesmo a mente se atreve, por mais que o corpo padeça,
interromper o vendaval que me consome.

3 de set. de 2018

Encontro

Aprume o corpo. Se ajeite. Bote um batom na boca. Uma roupa que ame. Um sapato confortável, Se enfeite. Que hoje você tem um encontro. Aceite.

Esquece a outra que espreita. Silencie à que grita. Enrole as culpas em plástico bolha. Aperte, estoure. Divirta-se.

Encare o medo que habita. Enfrente. Diga que hoje vai ser diferente. Que assim seja. E seja. Seja você a que manda. Assume. Se ame, se toque. Embriague-se em seu perfume.

Hoje você tem um encontro. Consigo. Comigo. Com a dona dos olhos vermelhos no espelho. Com as rugas, as rusgas. Com os fios pratas do cabelo. Com o tempo.

Se ergue que a vida só segue.

Sossegue. Sossegue no peito o cansaço, Abrace. Seque as lágrimas que insistem,

Desiste, Do murro em ponta de faca. Do muro que nunca se acaba. Do abismo, com o qual sempre flerta. 

Se abra. Para o mundo e tudo que há nele. Navegue. Levante as velas e siga. Deixe que os ventos conduzam seus passos. Se enlace com tudo que ri.

Desenlace da tristeza. Hoje você tem um encontro. Com a vida, Consigo, Comigo.
E com todas nós que habitamos em ti.

27 de ago. de 2018

Cotidiano


A voz da amiga distante que liga de surpresa. A pausa para o café. O Bem-te-vi que passeia por sua janela. O beijo espontâneo do filho. O elogio ao feijão com arroz de todos os dias. O bom dia da moça da padaria. O gato que se enrosca nas pernas. A mão que segura a sua. As gargalhadas durante uma conversa. O friozinho que refresca. O amor que transborda em uma postagem boba sobre acidentes domésticos. As palavras que fluem compondo lirismo no papel. O projeto que dá certo. Os cinco minutos a mais na cama. O filme bobo que faz rir. A vida que se desdobra em dias após o outro e no entanto, tão repletos de diferenças. A tristeza que aperta. A saudade do que nunca foi. O medo que aprisiona. A vontade que liberta. A montanha-russa em seu looping. As lágrimas que queimam. As notícias que assustam. O carinho que transforma e transporta tudo que oprime para uma outra dimensão. O sim. O não. O verbo que falta. As pessoas que se misturam. E os passos que continuam. Pé depois do outro na estrada escolhida. Mesmo quando não foi.

21 de ago. de 2018

Cores



No cabelo, a cor era vermelho. A boca exibia um tom lilás, nas unhas reinava o azul turquesa. Em um mundo tão concreto, ela irradiava cores por onde passava.


13 de ago. de 2018

Fragmentos

Eu que já me quebrei tantas vezes, ando aprendendo a me esfacelar. 

Virar um pó muito fino, que não fira ninguém ao meu redor. No máximo, uma poeira, a qual rodopie às notas do vento. 

E, se ainda assim, minhas partes chegarem a você, que seja como um cisco suave, que saia dos olhos, após um sopro delicado ou escorra suavemente através de uma lágrima.