19 de fev. de 2012

Nós Que Nos Odiamos Tanto...

Você sente que está vivendo numa sociedade estranha quando a frase que mais lê/ouve no seu dia-a-dia é "Eu Odeio..." complete com qualquer coisa, afinal, parece que a moda agora é odiar. A tudo, a todos, indiscriminadamente.

Tudo que te cerca parece repleto desse sentimento, que na minha hierarquia, ocupa um lugar destinado a poucos, muito poucos, na verdade, escrevendo esse post acabo de perceber que não odeio nada, nem a ninguém. Sou eu a estranha e é melhor começar a arrumar as malas pra ir pra Nave Mãe, ou a banalização de um sentimento tão pesado é uma constante?

Fui criada aprendendo que amar é mais bonito e faz melhor ao corpo e alma do que o ódio. Sempre aprendi que o ódio pode matar. A quem odeia e a quem é o odiado.

Quem odeia ter seu carro fechado num cruzamento, pode se sentir no direito de sair e simplesmente disparar vários tiros na direção do carro que o fechou. O adolescente que odeia ser tachado de qualquer coisa no colégio, pode achar que nada mais natural que juntar outros que odeiam como ele e espancarem outro adolescente até a morte... O jovem que odeia os diferentes, seja de etnia, time, religião ou sexual, pode acreditar que seu ódio justifique um linchamento daquele que se odeia... 
E poderia aqui continuar ad infinitum com todos as consequências do que o odiar banalizado pode fazer.

Na tv assisto em realitys, participantes simularem tiros em seus adversários do jogo. Na internet leio frases e posts insistindo que o certo é ser o errado, e que ser certo é chato. E sou odiada ao questionar isso...

E dai, tem meu filho, que tem seis anos e está apreendendo esse mundão de Deus, e dai tenho medo. De verdade, porque eu não quero ensinar meu filho a odiar. Não quero que ele cresça achando que ser bom é démodé, ou entediante... Mas, também não quero que ele seja vítima de uma sociedade que odeia demais. 

Querer mais amor e solidariedade é pedir demais? Menos ódio e mais tolerância é piegas? Pois que seja! Vou assumir aqui que sou entediante e piegas, mas mesmo sendo uma voz minoritária, tenho certeza de que pode ecoar pelo menos um pouco e quem sabe, assim como a moda muda, mude também essa sintonia do ódio e entremos todos na sinfonia do amor.

6 comentários:

Lúcia Soares disse...

Patrícia, muito oportuno seu texto, tomara que seja bastante divulgado. Também noto isso, fala-se com muita facilidade em ódio, a troco de nada.
Mas também pode ser automático, a pessoa pode nem estar se referindo ao ódio mesmo, o sentimento negativo. Pode ser só força de expressão, mas temos que nos policiar, pois é uma palavra muito forte.
Não gosto de usá-la, não odeio pessoas, mas odeio muitas situações.
Todo cuidado é pouco, principalmente com nossas crianças, mesmo porque já não há preocupação da maioria dos pais quanto à religiosidade (não falo de religião, simplesmente), e se há descuido nas palavras, o mal está feito para o futuro.

(Li seu comnetário no post da Cissa Branco, também comentei lá, antes de vc, e falei exatamente dessa "dor do crescimento", ela existe mesmo, sua mãe (ou sogra - vc falou avó -, não sei qual das duas - falou certo, é verdade, sim. Tinha que fazer massagens na perna da minha filha, ela chegava a chorar de dor. Hoje, na netinha, que às vezes reclama de dor, uso o óelo de massagem de Andiroba, da Natura, que faz efeito imediato, nem sei qual o milagre! rsrs Experimente usa´-lo, de quebra terá um cheirinho delicioso na pele.)
Boa semana!

Elaine Gaspareto disse...

Patrícia,
Assim como a palavra ódio a palavra amor também tem sido banalizada. Mas ao contrário do sentimento ódio, que está espalhado em tantas situações o amor não tem a mesma abrangência, né?
Penso que nesses tempos de relações vagas, tudo é muito fluido, sem consistência. E aí está o prblema do ódio: ele, ao contrário do amor, não precisa ser consistente. Fogo de palha também incendeia... e isso é preocupante mesmo.
E lendo seu texto eu cheguei à mesma conclusão: jamais odiei alguém de verdade. Desgostei, me irritei, deixei pra lá. Mas odiar "dicunforça" nunca ocorreu... ainda bem, né?
Beijos, e parabéns pelo texto sempre tão inteligente.

Iarana disse...

Estamos muito impacientes,andamos muito irritados, qualquer coisa faz a gente perder a cabeça, explodir sem razão alguma.
Me dá tanto medo.
E pedir perdão, falar de deus,está tão clichê!!
Eu me vi quase xingando pessoas pelo twitter só porque eu nao estava gostando da forma como estavam falando de meu participante preferido no bbb, me doeu muito ver a forma maldosa como estavam falando, por um triz eu quase perdi o fairplay , aí eu fechei twitter e fui chorar na cama, sozinha sem me entender nada. Porque essa irritação toda? nao sei explicar, só sei que dá muito medo de mim mesma e das pessoas.

Cissa Branco disse...

Patrícia,

Acho que ambos os sentimentos estão banalizados, o ódio e o amor. O ódio nos choca mais por não fazer parte da nossa educação, como você, eu e muitas aprendemos a amar, a cuidar e a respeitas. Não podemos cair na onde de acharmos que isso está fora de moda, pelo contrário, cabe a nós incutirmos nos nossos pequenos o quanto o sentimento do cuidar, respeitar, tolerar nos torna melhores, porém, uma coisa tem que ficar clara, a adoção dessa postura não pode transformá-los em vítima, nem nos trouxas da sociedade, temos que mostrar o lado ruim também e ensiná-los a enfrentar e conhecer tudo isso, como? Não tenho a mínima ideia, mas é tentando que se alcança.
Grandes beijos

Luci Cardinelli disse...

Você sabe bem minha opinião... Tanto ódio por coisas tão pequenas. Cansa tanto que tenho me mantido afastada prá não ser contaminada por tanta reclamação, ódios e opiniões descabidas.
Graças a Deus não sei o que é ódio e quando tenho raiva é algo que passa logo e nem pronuncio a palavra, porque a prendi que certas palavras nem dizer devemos.
Bem disse a Elaine sobre o amor, coisa que também já escrevi num post. É tanto eu te amo prá cá, eu te amo prá lá, tudo num vazio imenso.

beijos e ótima semana!

Rosa Branca disse...

Muito bom o post! As pessoas falam sem pensar, e sem noção das consequências e do peso que tem as suas palavras. bjos