29 de jul. de 2008

Saudades

Ela pensa em quanto é ridículo sentir saudades do que nunca aconteceu, mas sente. Estranhamente seu peito bate mais forte por lembranças que sequer foram suas: a casa azul – sim, essa era a casa dos sonhos, seus (hoje ela bem sabe), mas houve um tempo, em que realmente acreditara que a casa azul era parte do sonho dos dois.

Assim, como os planos das férias na serra, vinho, fondue e lareiras que nunca aconteceram e os filhos... essa talvez seja a lembrança do que nunca vivera, mais forte.

Porque eram dois: um casal. Ele, mais velho, chamado Pedro. Ela, que nunca usaria vestidos com rendas e fru-frus, seria Natália e aos quinze anos seria posta de castigo, por fugir de casa para ir a um show com o melhor amigo, que seria apaixonado por ela, mas ela não saberia. Pedro faria faculdades, seria ator, cantor, pintor, qualquer coisa que quisesse.

E hoje ela sofria a ausência dos filhos que nunca tivera. Da casa que nunca fora sua. Dele, ela não sentia saudades. Porque hoje, ele era o seu passado, e o que doía em seu peito, era a ausência do que nunca tinha sido.

5 comentários:

Bel disse...

Ai, que estou toda arrepiada... Poderia dizer que esse texto é meu, que "ela" sou eu, com uma pequena ressalva, aliás, duas:

1. Eu tive, sim, os filhos perfeitos! Um casal, e é "O QUE FICOU DE BOM"!!!

2. Ele é o meu passado, mas meu presente está infinitamente melhor, e o futuro... ah, o futuro a Deus pertence!!!

Beijo...

(pelamor de Deus, tira essa "verificação de palavras" na configuração do blog! Já perdi o comentário mais de uma vez pq errei esta porcaria!!!) ;)

Jady disse...

Mulher do céu... como sempre dando um baile nos textos... o de ontem... o de hoje então?!? O que é isso!?!? ;-)

ó... eu não faço a mínima idéia, pq não mexo nos comentários desde que mudei pro blogger, mas assim qeu sobrar um tempinho aqui no trabalho eu dou uma olhada e te mando por e-mail ok?

Beijo

Nanael Soubaim disse...

Esse tipo de saudade só se cura com injeção de atitude e comprimidos de disciplina 500mg três vezes ao dia. Belo texto.

Li de Oliveira disse...

As vezes eu também sinto saudade do que não vivi... e essa saudade chega a ser nostalgica, dolorida... Mas quem sabe isso que vejo quando fecho os olhos e já sinto saudade, não será uma premonição do que virá? Assim espero.

Beijos.

Anônimo disse...

pior tipo de saudade *éva*, mas crônica primorosa.
:o)